« (...) - quem incorria na sua inimizade corria alguns riscos -, também era certo que perdoava com prontidão e que esquecia as ofensas.»
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 55sexta-feira, 18 de março de 2022
«(...), tentou descortinar, sem pressa, a dor.»
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 54
«(...) a simples ideia do amor humaniza.»
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 52
« - Tu não tens alma - disse Rey, como se o desconsiderasse. - Porque é que o governo tolera que aquele charlatão difunda a peçonha através da rádio oficial?»
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 49«A vida do tímido é difícil.»
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 33
«Em contrapartida, esperava a noite com temor, porque, poucas horas depois, acordava - um mau hábito - e perdia fatalmente o sono com pensamentos tristes.»
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 28domingo, 13 de março de 2022
sábado, 12 de março de 2022
« Estava um dia tão destemperado que o cobertor e o poncho sobre a cama eram insuficientes. Recorreu ao sobretudo. Pensou que estava a passar por uma época de neurastenias inopinadas, já que a visão da sua cama, semicoberta pelo sobretudo castanho, com manchas e peladas, o deprimia.»
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 27« Vidal pensou que manter a honestidade na pobreza era mais difícil do que as pessoas julgavam e acrescentou: Hoje, mais do que ontem, e com muito menos brilho.»
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 24« As pessoas afirmam que muitas explicações convencem menos do que uma verdade só, mas a verdade é que há mais de uma razão para quase tudo. Dir-se-ia que se encontram sempre vantagens para prescindir da verdade.»
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 23«Porque, ultimamente, se afeiçoara à fidelidade: era fiel aos amigos, aos lugares, a cada um dos seus fornecedores e ao seu local de venda, aos horários, aos costumes.»
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 23«Com os anos, a sua timidez aumentara inexplicavelmente; era como se não acreditasse em si, e estava sempre a retirar-se, não fosse dar-se o caso.»
sexta-feira, 11 de março de 2022
quinta-feira, 10 de março de 2022
«Quando os pássaros cantaram e nas fendas apareceu a luz da manhã, ficou deveras entristecido, porque tinha perdido a noite. Nesse momento, adormeceu.»
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 17« Disse a si próprio que, no dia seguinte, estaria muito cansado e apressou o regresso ao quarto. Já na cama, formulou com relativa lucidez (péssimo sintoma para o acordado) : Cheguei a uma altura da vida em que o cansaço não serve para dormir e o sono não serve para descansar.»
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 16
«Sentia, ultimamente, uma invencível propensão para a tristeza, que modificava o aspecto das coisas mais habituais.»
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 15''ela parecia uma rapariga decente''
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 14
'' não apoia quem se lhe opõe''
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 12
''por obra e graça do hábito''
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 9
A fraqueza aprofundou o abatimento
«A fraqueza aprofundou o abatimento; a febre dava-lhe um pretexto para continuar no quarto e não se deixar ver.»
Adolfo Bioy Casares. Diário da Guerra aos Porcos. Tradução do castelhano (argentino) Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de Ferro., p. 8
quarta-feira, 2 de março de 2022
terça-feira, 1 de março de 2022
A small dance [pequena dança] é talvez um dos momentos de pesquisa em que formalmente Steve Paxton mais se aproxima da questão da quietude. O exercício da small dance [pequena dança] consiste, essencialmente, na permanência de um corpo em pé. Aqui, a questão da quietude não tem que ver necessariamente com um corpo parado. O próprio Paxton o diz quando escreve: “estar quieto não é, na verdade, [estar] imóvel” [1]. O corpo parado está a observar o movimento necessário à verticalidade, a mobilidade imprescindível para evitar a queda. Paxton esclarece:
Equilibrar-se nas duas pernas mostra ao corpo do bailarino o seu constante movimento com a gravidade. Observar os ajustes que o corpo produz para não cair aquieta. É uma meditação. É assistir aos reflexos em acção, sabendo que estes são subtis e seguros- não apenas medidas de emergência. [2]
Mais ainda do que observar a impossibilidade da quietude, o corpo parado percebe o campo em que as forças trabalham para que ele se mantenha de pé, num exercício de equilíbrio permanente, numa postura de auxílio, um corpo cooperante:
Pomos-te em contacto com o esforço fundamental de apoio que constantemente se mantém no teu corpo, e do qual não tens, habitualmente, necessidade de estar consciente. É um movimento estático que serve de fundo - tu percebes o que quero dizer - e que tu poluis com as tuas diversas actividades, mas que está constantemente presente para te suster/apoiar.” [3]
Neste exercício existe, possivelmente, um silêncio intermitente que clarifica a percepção daquilo que é visto e daquilo que ultrapassa a visão - os dados subtis dos sentidos. Paxton escreve: “Enquanto estou em silêncio, distingo experiências ou modos de experiência e sou capaz de percepcionar o não-visível e o visível. O que acontece antes age sobre aquilo que acontece depois.” [4] Paxton prossegue, referindo a passagem de corpo emissor a corpo receptor. Como se abandonássemos o vício de emissão reactiva - falar, mexer, dar opinião - na tentativa de desocultar as vontades submersas no corpo atento.
Portanto, o “silêncio” do corpo, a “imobilidade”, é aquilo que prepara o movimento ou acção - “o que acontece antes age sobre aquilo que acontece depois”. A small dance parece dedicar-se ao que acontece nesse espaço generativo, estudando os confins da percepção sensorial, sensitiva, e arriscando-se a uma profunda escuta submersa na “ausência” de decisão voluntária de movimento. Como escreve o teórico André Lepecki,
(…) no intervalo entre o âmago da subjectividade e a superfície do corpo, existe não mais do que a revelação de um infinito, ilocalizável espaço para a micro-exploração do potencial múltiplo de subjectividades “não sentidas” e de “realidades corporais” escondidas. A pequena dança acontece nesse não-lugar; o bailarino deve aí explorar o ilocalizável, entre a subjectividade e a imagem do corpo. [5]
Existe, pois, um deslocamento da ontologia da dança. Deixando de recriar o motivo cinético, é inaugurado um novo capítulo na história do movimento que, em parte, se funda nas descobertas reveladas pela quietude. Inicia-se a viagem pelo infinitesimal, mesmo no espaço entre o interior do corpo e a sua superfície. Como um estudo de escala, que partisse do mais subtil para fortalecer a vontade de movimento além da superfície corporal. Lepecki fala do “ilocalizável” entre a subjectividade e a imagem do corpo.
“estar quieto não é, na verdade, [estar] imóvel”
Steve Paxton- Sélection de textes publiés dans Contact Quartely, trad. Romain Bigé, L’œil et la main, Paris : 2016
André Lepecki, Singularities- Dance in the age of performance, Routledge, NI : 2016
domingo, 27 de fevereiro de 2022
sábado, 26 de fevereiro de 2022
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022
'' Os comedores-de-coisas-imundas''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 203
'' no meio de lagos de sangue''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 200
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022
Porque havemos de respirar o ar lavado e quente de Novembro,
se esperámos o Inverno,
se o sangue dos nossos pulmões amou o
gelo galáctico outrora, antes de sermos?
A flor, como um suicida, nasceu e imola-se,
porque não ama o belo, o agreste Inverno.
Mas nós, que concebemos o amor e o tempo,
iremos dar a nossa respiração ao Incerto?
Depois de traduzir Hélène Dorion
Amar o universo não me traz mágoa.
sobretudo, amar a areia arrebata-me de júbilo e paixão.
Amar o mar completa a minha vida com o tacto de um amor imenso.
Mas veio o vento e, por momentos, amargurou o meu corpo, a oscilar.
E está o Sol aqui, depois de uns dias com o jardim obscurecido a beber sombra.
E sei que os átomos zumbem e dançam como os insectos, ébrios em redor do pólen.
Os amigos que morrem
Os amigos que morrem são arbóreos,
plantados e memoráveis como freixos.
Um freixo, que vejo entre árvores
como a aura, o tronco novo
sulcado de rasgões, a raiz curta
comparável à memória viva enterrada.
Têm uma única forma até à morte, próximos do Sol,
que torna as outras árvores mais ténues que os isolados freixos.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022
« Quis que ela comesse um quarto de romã;»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 191
« (...) e o ar é tão suave que impede de se morrer.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 191
«Não tentes fugir-me, porque te mato!»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 190
«Só o teu nome é para mim um remorso!»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 188
«Por fim, não pôde conter-se mais; e, como uma criança, toda trémula, tocando um fruto desconhecido, tocou-lhe ligeiramente no pescoço com as pontas dos dedos; a carne, um tanto fria, cedeu com certa resistência elástica.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 187
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022
«(...) calças, azuis, cobertas de estrelas de prata.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 179
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022
Marisa Monte & Jorge Drexler | Vento Sardo
Que carrega o barco, que ondula o mar
É o mesmo que vai dar na praia
Que levanta a saia rodada de Oyá
Cuando el contratiempo comienza a soplar
Então, o vento que é de aragem
Bate no varal pra me dar coragem
Quem sabe da fonte do vento solar
O vento que é o movimento do ar
Abrir a janela, ventilar a dor
Vamos a nombrar al viento
Celebrar su aliento purificador
Alisio, santana, siroco, mistral
Levante, minuano, cierzo
Y mil más que el verso quisiera nombrar
Sai batendo à porta, faz tudo voar
O vento é o temperamento do ar
Sopro, sopra, soprará
Que carrega o barco, que ondula o mar
É o mesmo que vai dar na praia
Que levanta a saia rodada de Oyá
Cuando el contratiempo comienza a soplar
Então, o vento que é de aragem
Bate no varal pra me dar coragem
Quem sabe da fonte do vento solar
O vento que é o movimento do ar
Sopro, ô, soprará
Alisio, santana, siroco, mistral
Levante, minuano y cierzo
Nordeste, leste, no sudoeste (sudoeste)
''vapor azulado''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 177
piorra
/ô/segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022
''julgando adivinhando o motivo do seu desgosto''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 176
« - Se tiveres de morrer, será mais tarde! - disse ele; - mais tarde, nada temas ! E seja qual for o seu intento, não chames por ninguém! Não te aterrorizes ! Mostrar-te-ás humilde e submissa aos seus desejos...Assim o determina o véu!»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 175
domingo, 6 de fevereiro de 2022
« Sentia-se preso no fundo da alma por um remorso.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 173
« (...) e, quando ele se aproximava, não tinha nada já a dizer-lhe.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 170