domingo, 6 de fevereiro de 2022
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022
terça-feira, 4 de janeiro de 2022
Síndrome de Clérambault
''Que vá com Deus, esta nossa amiga! Que não lhe falte a coragem nem o discernimento para evitar os Mários! O nosso Mário, por sua vez, não voltará a vê-la. E tudo indica, pensamos nós, que ele assim o quer. Mas não é verdade. Mais tarde, na hora crepuscular, o nosso protagonista vê-se esmagado por uma tristeza pós-masturbatória. Ao limpar-se com um guardanapo, abre-se-lhe uma fenda nas muralhas do cinismo. Um sentimento corre livre pelas pradarias da alma! O caos e a desordem trovejam! E os monumentos da arrogância, edificações de preconceitos defensivos, vêm-se destroçados por uma chuva de lágrimas! Oh, pobre Mário… Pensando na rapariga, pensando no entusiasmo sorridente com que esta lhe falara daquele sítio tão pretensioso e daquele álbum tão conceptual, não consegue evitar sentir-se sozinho. ''
André Fontes
Licenciado em Filosofia, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e pós-graduado em Artes da Escrita, pela Universidade Nova de Lisboa. André publicou, em 2019, o seu primeiro romance, Saturnália, editado pela Guerra e Paz Editores.
terça-feira, 7 de dezembro de 2021
“The man who comes back through the Door in the Wall will never be quite the same as the man who went out. He will be wiser but less sure, happier but less self-satisfied, humbler in acknowledging his ignorance yet better equipped to understand the 47 relationship of words to things, of systematic reasoning to the unfathomable mystery which it tries, forever vainly, to comprehend” The Doors of Perception -
Aldoux Huxley
Devo ser o último tempo
A chuva definitiva sobre o último animal nos pastos
O cadáver onde a aranha decide o círculo.
Devo ser o último degrau na escada de Jacob
E o último sonho nele
Devo ser a última dor no quadril.
Devo ser o mendigo à minha porta
E a casa posta à venda.
Devo ser o chão que me recebe
E a árvore que me planta.
Em silêncio e devagar no escuro
Devo ser a véspera. Devo ser o sal
Voltado para trás.
Ou a pergunta na hora de partir.
Daniel Faria
sexta-feira, 26 de novembro de 2021
''Os cães mantiveram características juvenis durante o processo de domesticação, um processo chamado pela Biologia de pedomorfose. Tais características, tanto comportamentais (abanar a cauda, engajar-se em brincadeiras, solicitar colo e carinho e lamber a cara das pessoas) como morfológicas (cabeça e encéfalo menores em relação ao tamanho corporal, focinho mais curto e largo, menor número de dentes e olhos mais arredondados), estão associadas a animais mais dóceis, assim selecionados para nos proteger e ajudar na caça (Ha; Campion, 2019). Pesquisadores russos que mantêm um programa de criação de raposas (Vulpes vulpes) em cativeiro na Sibéria desde 1959 conseguiram obter filhotes dóceis em apenas seis gerações, mantendo as mesmas características pedomórficas apresentadas pelos cães domésticos.''
ESTUDOS AVANÇADOS 34 (98), 2020
“O cão, com mais de oito séculos de maus tratos no sangue e na herança genética, levantou de longe a cabeça para produzir um ganido lamentoso, uma voz exasperada e sem pudor, mas também sem esperança, pedir de comer, ganindo ou estendendo a mão, mais do que degradação sofrida de fora, é renúncia vinda de dentro.”
Saramago
quinta-feira, 25 de novembro de 2021
''Ganhamos espaço para o vazio; gostamos muito da nossa morte; trabalhamos esplendidamente por conta dela [...] e o pior é que tudo, espalhado por fora, se liga coerentemente por dentro: a minha, a nossa morte. Trata-se de uma anedota, claro, e de uma metáfora com sentidos muito precisos.''
Herberto Helder
''Para o homem medido e comedido, o quarto, o deserto e o mundo são lugares estritamente determinados. Para o homem desértico e labiríntico, destinado à errância de uma marcha necessariamente um pouco mais longa do que a sua vida, o mesmo espaço será verdadeiramente infinito, mesmo que ele saiba que isso não é verdade, e ainda mais se ele o sabe.''
Blanchot
quarta-feira, 24 de novembro de 2021
«(....), e queria menos mal à virgem por não poder possuí-la do que por achá-la formosa e sobretudo tão pura. Notava muito bem, por vezes, o modo por que ela se fatigava, diligenciando penetrar-lhe o pensamento. Nessas ocasiões afastava-se dela mais triste; sentia-se mais abandonado, mais só.»
Gustave Flaubert. Salammbô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 172'' as cinzas do altar''
Gustave Flaubert. Salammbô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 172
Wolf Alice - Wicked Game
It's strange what desire will make foolish people do
I never dreamed that I'd meet somebody like you
And I never dreamed that I'd lose somebody like you
No, I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
With you
With you
(This world is only gonna break your heart)
What a wicked thing to do, to let me dream of you
What a wicked thing to say, you never felt this way
What a wicked thing to do, to make me dream of you
No, I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
With you
Strange what desire will make foolish people do
I never dreamed that I'd love somebody like you
And I never dreamed that I'd lose somebody like you
No, I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
With you (this world is only gonna break your heart)
With you (with you)
(This world is only gonna break your heart)
(This world is only gonna break your heart)
''ódios comprimidos''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 167
'' os comedores-de-coisas-imundas''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 165
sábado, 20 de novembro de 2021
''Foram repelidos por uma nuvem de pedras''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 162
sexta-feira, 19 de novembro de 2021
Silvina Rodrigues Lopes, ainda em A anomalia poética e dialogando com Calvino, equaciona a possibilidade de “a literatura responder acima de tudo a uma consciência aguda de limites, consciência de mortalidade, ou melhor, de morrer em cada instante como único vestígio da experiência – marca de memória, na memória, que permanece expectante e imperceptível na linguagem que em nós se deteve para passar”
''A todo o momento, o homem tende a justificar a sua pertença ao mundo, uma necessidade de pertença indissociável da certeza da sua finitude e marcada por um profundo desejo de imortalidade. Fá-lo de muitas maneiras e a literatura não é de todo procedimento menor ou excepção no contexto. Como escreve Harold Bloom em O Cânone Ocidental, “Um poema, um romance ou uma peça adquirem todas as desordens da humanidade, inclusive o medo da mortalidade, o qual se trasmuda, na arte literária, na demanda de ser canónico (…) ” (Bloom, 2000)
quinta-feira, 18 de novembro de 2021
Acho uma moral ruim
Trazer o vulgo enganador:
mandarem fazer assim
e eles fazerem assado
Sou um dos membros malditos
dessa falsa sociedade
que, baseado nos mitos,
pode roubar à vontade
Esses por quem não te interessas
Produzem quanto consomes
Vivem das tuas promessas
Ganhando o pão que tu comes
Não me dêem mais desgostos
Porque sei raciocinar ...
Só os burros estão dispostos
a sofrer sem protestar!
Esta mascarada enorme
com que o mundo nos aldraba,
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba.
Poeta António Aleixo
sábado, 13 de novembro de 2021
'' o pânico atacou os outros.''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 149
quinta-feira, 11 de novembro de 2021
segunda-feira, 1 de novembro de 2021
''charcos de sangue''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 148
«Acima de tudo isto - as vozes dos capitães, o estridor dos clarins e do vibrar das liras - as balas de chumbo e de barro sibilavam e cortavam o ar, fazendo saltar as espadas das mãos e os miolos dos crânios.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 148«(...), encolhiam os ombros e explicavam tudo com as ilusões da miragem.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 144
''trapos pardos''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 144
sábado, 30 de outubro de 2021
domingo, 24 de outubro de 2021
''A solidão da obra – a obra de arte, a obra literária – desvenda-nos uma solidão mais essencial. Exclui o isolamento complacente do individualismo, ignora a busca da diferença; não se dissipa o fato de sustentar uma relação virial numa tarefa que cobre toda a extensão dominada do dia. Aquele que escreve a obra é apartado, aquele que a escreveu é dispensado. Aquele que é dispensado por outro lado, ignora-o. Essa ignorância preserva-o, diverte-o, na medida em que o autoriza a perseverar. O escritor nunca sabe que a obra está realizada. ''
BLANCHOT
sábado, 23 de outubro de 2021
''Perde-se o emprego e a seguir as merdas começam a acontecer.''
Matt Haig. A Biblioteca da Meia-Noite. p. 31
quarta-feira, 20 de outubro de 2021
segunda-feira, 11 de outubro de 2021
«Veio a noite, uma noite sem luar.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 142
''Anunciador-das-Luas''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 142
''hábeis em ver bem ao longe''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 141
''fizeram fogueiras para servirem de sinais''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 141
« - Se tens medo, vai-te! »
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 140