«Minha é a fidelidade cega.
Estou entre migalhas de bolo e formigas
estou com o papel de carta»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 94
segunda-feira, 23 de dezembro de 2019
ERVAS MARINHAS E MAR AZUL
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 91
Lugares de Memória
Virás dentro do giz, adormecida em nuvens,
com esse fio de prata nos cabelos.
António Franco Alexandre
Outros virão mais capazes de gostar.
Morre-se sempre pelo lado do inverno
adormecido em nuvens
vindo dentro de uma árvore
metade das raízes,
a metade dos céus.
Este receio carregado de infância.
Alma pequena,
adormecida,
com esse fio de prata.
O vento as nuvens corpo estendido vencido
pela luz
não tenho mais a pedir
ervas aves e luz.
Vindo de tão perto.
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 89
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 89
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''caça da invernia''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 83
«Vou de azulejo em azulejo»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 76
''o criado mundo''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 71
''claro foi o dia nos olhos das raparigas ''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 68
«(...) obedece incita inspira a dor»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 61
«O sangue o sacrifício e a fraca face.»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 61
«o inverno é agora mais inverno»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 60
domingo, 22 de dezembro de 2019
''o pão da merenda''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 49
''a primeira puta ecológica''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 49
''doces erecções''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 48
''brancos ramos de árvore''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 43
«tinha as mãos limpas e não fumava»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 43
«Entrego ao sonho a dor»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 39
«Não arde a neve alta.»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 34
pegureiro
pe.gu.rei.ro
pəɡuˈrɐjru
nome masculino
aquele que guarda gado; pastor; zagal
Etiquetas:
Filoctetes Sófocles,
infopédia
''asa rutilante''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 25
«Tinha um colar e o olhar ferido»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 25
«(...) e os olhos sofrem.»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 21
«Negro escravo para uma farda brilhante»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 17
«os olhos já lá não estão há muito.»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 16
sexta-feira, 20 de dezembro de 2019
quarta-feira, 18 de dezembro de 2019
Ainda tem necessidade de fotografar?
Tenho mais necessidade de escrever e de ler sobre fotografia do que de fazer fotografia. A fotografia para mim hoje tornou-se um fenómeno quase fantasma. Olho para certas coisas e vejo que ela é tão, tão fotografia que já não posso fotografá-la. O processo de beleza e de arte estão em diálogo. Quando você olha para uma flor e diz que é linda, você pode estar certa que ela também está achando você bonita. No diálogo as duas coisas não se desprezam, não se esquecem, atraem-se. O diálogo existe mesmo. Como existem várias coisas que me preocupam ligadas à arte e à própria fotografia. A questão da escuta é uma tese que ando a desenvolver.
E significa o quê?
Significa a escuta como uma memória, é uma ajuda. É que a memória é traiçoeira. Então penso no gesto. O que é o gesto? O gesto na arte, o teu gesto para fazer uma gravura é diferente do gesto de fazer uma pintura. O teu gesto significa o tempo para fazer uma escultura ou um desenho. O gesto é uma coisa real e precisa como um eletrocardiograma. Você pega uma pintura e põe e tira, depois põe e tira, até ao momento em que ela se fecha mas você não tem tempo para ficar. A escultura também você tira tanto, tanto, que chega a uma certa altura e pensa: o que é que foi importante? O que tirei ou o que ficou? Veja a experiência do cinema. Toda a gente sabe que um filme só é bom e está pronto quando é cortado no fim, a montagem é que é a definição do filme. É onde fica essa relação do que ficou e do que foi tirado. Se eu fosse cineasta ia aproveitar isso para fazer um filme sobre a saudade.
Teve saudades?
Saudades do que ficou. A saudade é tão importante que no campo da arte ela é não só saudade do que você já fez, como também saudade do futuro, do que tem de fazer.
Tenho mais necessidade de escrever e de ler sobre fotografia do que de fazer fotografia. A fotografia para mim hoje tornou-se um fenómeno quase fantasma. Olho para certas coisas e vejo que ela é tão, tão fotografia que já não posso fotografá-la. O processo de beleza e de arte estão em diálogo. Quando você olha para uma flor e diz que é linda, você pode estar certa que ela também está achando você bonita. No diálogo as duas coisas não se desprezam, não se esquecem, atraem-se. O diálogo existe mesmo. Como existem várias coisas que me preocupam ligadas à arte e à própria fotografia. A questão da escuta é uma tese que ando a desenvolver.
E significa o quê?
Significa a escuta como uma memória, é uma ajuda. É que a memória é traiçoeira. Então penso no gesto. O que é o gesto? O gesto na arte, o teu gesto para fazer uma gravura é diferente do gesto de fazer uma pintura. O teu gesto significa o tempo para fazer uma escultura ou um desenho. O gesto é uma coisa real e precisa como um eletrocardiograma. Você pega uma pintura e põe e tira, depois põe e tira, até ao momento em que ela se fecha mas você não tem tempo para ficar. A escultura também você tira tanto, tanto, que chega a uma certa altura e pensa: o que é que foi importante? O que tirei ou o que ficou? Veja a experiência do cinema. Toda a gente sabe que um filme só é bom e está pronto quando é cortado no fim, a montagem é que é a definição do filme. É onde fica essa relação do que ficou e do que foi tirado. Se eu fosse cineasta ia aproveitar isso para fazer um filme sobre a saudade.
Teve saudades?
Saudades do que ficou. A saudade é tão importante que no campo da arte ela é não só saudade do que você já fez, como também saudade do futuro, do que tem de fazer.
«(...) Acho que a imagem tem um nome: futuro.P
orquê futuro?Porque quando temos um passado esse passado é aquilo que fica e que nos dá a liberdade de criar o futuro. A única vantagem do passado é a de nos tornar livres. Depois temos o presente. O presente não é mais do que o arquivo, o museu, a lembrança, o acervo disponível e o futuro é exatamente aquilo que nós somos, todos os dias. Quando a gente se levanta, a gente é o futuro. Então essa é a grande lembrança do que é que significa a memória, a nossa infância. Estamos sempre a nascer, porque o futuro está à espera. Nós não vamos atrás dele. Então as minhas primeiras imagens são exatamente essas: a consciência do futuro.»
Fernando Lemos
orquê futuro?Porque quando temos um passado esse passado é aquilo que fica e que nos dá a liberdade de criar o futuro. A única vantagem do passado é a de nos tornar livres. Depois temos o presente. O presente não é mais do que o arquivo, o museu, a lembrança, o acervo disponível e o futuro é exatamente aquilo que nós somos, todos os dias. Quando a gente se levanta, a gente é o futuro. Então essa é a grande lembrança do que é que significa a memória, a nossa infância. Estamos sempre a nascer, porque o futuro está à espera. Nós não vamos atrás dele. Então as minhas primeiras imagens são exatamente essas: a consciência do futuro.»
Fernando Lemos
quinta-feira, 12 de dezembro de 2019
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