quarta-feira, 6 de junho de 2018

veleidade

ve.lei.da.de
vəlɐjˈdad(ə)
nome feminino
1.
desejo que não chega a realizar-se
2.
desejo ou ambição irrealista ou de difícil realização
3.
vontade extravagante ou pouco razoávelcapricho
4.
fantasia
5.
volubilidade

“Nem a cultura nem a sua destruição são eróticas; apenas a fenda entre ambas se torna erótica.”

Roland Barthes

mes.mi.da.de

«Para o nosso próprio projecto de identidade contamos com uma expectativa de continuidade e esperança, ou ilusão. Quando perdemos a ilusão adoecemos. A doença mental é a perda da ilusão.»

Vasco Santos

''este fetichismo da imagem, uma instagramação da vida…''

Vasco Santos

''Édipo cede terreno para dar lugar a Narciso.''

Vasco Santos
«Na esteira de Paul Ricouer, o que me interessa mais na leitura deste mito é a ideia de que Édipo é a tragédia da verdade. Ilustra que o sujeito não sabe toda a verdade sobre si próprio. Eu nunca me vou olhar de frente. Nunca saberei tudo sobre mim mesmo, e é isto que me torna um ser trágico. O inconsciente é o outro de mim mesmo. Ora, hoje estamos num tempo em que este homem trágico perdeu valor, e isto é o pilar da psicanálise e, de alguma maneira, da cultura ocidental.»

Vasco Santos
«Parece-lhe que o que o neo-liberalismo conseguiu criar foi um racismo contra os desfavorecidos? Contra o pobre? Se os Nazis conseguiram fazer a excepção do judeu, que não era bem humano, mas sub-humano, hoje essa mesma condição parece estar a abrir-se para o pobre. Fala-se cada vez menos dessa condição que afecta cada vez mais pessoas. E o pobre, que já vive no gueto, surge tantas vezes como um falhado, alguém que não conseguiu provar o seu valor social. Ou porque é preguiçoso, ou porque não tem ambição… Está cheio de uma série de vícios, de culpa, e isto quando tudo nos mostra que ser pobre é muito mais difícil, obriga uma pessoa a ser muito mais engenhosa do que quem acede, de nascença, ao privilégio. Todos os estudos nos mostram que a mobilidade social é cada vez mais um mito das sociedades ocidentais, e que hoje é dificílimo superar uma situação de pobreza extrema.


Entrevista a Vasco Santos

''processo sistemático de alienação''

Vasco Santos

John Hoagland, American Civilians flee as guerrillas burn trucks on the coastal highway, Usulután, 1980–83


«(...)parece-me que esta destruição dos laços sociais levou a um empobrecimento do pensamento, do pensamento complexo, daquele que não fica pela superfície dos fenómenos.»

Vasco Santos

extimidade



Em tudo o que vinha já sendo apercebido, o que é que lhe parece que escapou à previsão crítica deste modelo capitalista?


Entrevista a Vasco Santos

tudólogos

«Tipos que tanto falam de Psicanálise, como de Arte, como do Médio Oriente, como da crise na Síria, como do PSD, como dos incêndios em Pedrógão… Sabem tudo. »

unidimensionalidade


Entrevista a Vasco Santos

Entrevista a Vasco Santos

Entrevista a Vasco Santos

''decadência da influência dos intelectuais na Europa''

Vasco Santos

sábado, 2 de junho de 2018

quinta-feira, 31 de maio de 2018


(...)

«A véspera da paixão
repete-se todas as noites:
cada noite: a última noite:
a mesma nota na corda vocal nocturna:
a exploração do som na cisterna vazia»


António BarahonaRitual Análogo. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 49

V


«Conversámos de «coisas amáveis»
mantendo a distância de um deserto
entre as nossas miragens»


António BarahonaRitual Análogo. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 52

(...)

«Plumas que semeiam
um jardim de pombos
a florir planctôn
na flotilha dos teus ombros»



António BarahonaRitual Análogo. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 37

IV

Escrita surda a surdir do silen-
cio: pássaro líquido, dedo
a dedilhar um violino sob
a água ígnea do dilúvio

Depois do interlúdio inten-
sifico o sílex, sinalizo
seixo a seixo o sémen só-
lido, livro a livro, lixo

Em círculo de súbito so-
letrado, líquene no lábio
húmido com fogo posto

Até fundir em sacra labar-
eda, o gelo e a geada


António BarahonaRitual Análogo. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 31
«This bird is distinguished by the sharpness
of its vision and the speed of its wings»

Plutarco

«A juventude intacta
intensamente animal.»

António BarahonaRitual Análogo. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 28

terça-feira, 29 de maio de 2018


(...)

« Senhor, não é de ti que duvido:
mas de mim porque não morro»




António BarahonaRitual Análogo. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 17

''devoradoramente mansa e devagarosa''



António BarahonaRitual Análogo. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 15

surdir

verbo intransitivo

1.sair de dentro
2.sair de onde estava mergulhado; emergir
3.surgir, aparecer

verbo transitivo

resultar (de), advir (de)
(...)

«E procuro o sítio
pra afiar o bico
na solidão sem tempo,
fora do espaço num rito
realmente eterno»

António Barahona. Ritual Análogo. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 12

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Há 44 anos, a absolvição das ‘Três Marias’

Foi em Lisboa, em Maio de 1971, que Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa desafiaram a ditadura e decidiram escrever um livro a seis mãos, intitulado Novas Cartas Portuguesas.
A obra torna-se um símbolo e um macro incontornável na história o feminismo em Portugal. Há um antes e um depois destas três extraordinárias Marias.

NOVAS CARTAS PORTUGUESAS E O CASO DAS ‘TRÊS MARIAS”

Foi em Lisboa, em Maio de 1971, que Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa desafiaram a ditadura e decidiram escrever um livro a seis mãos, intitulado Novas Cartas Portuguesas.
Abordando temas proibidos e censurados durante o Estado Novo, como a guerra colonial, o adultério ou a violação, o aborto, e a subordinação da mulher.
Em Abril de 1972, o livro é publicado pela Estúdios Cor, sob a direção literária de Natália Correia. Três dias depois, o livro é proibido pelo regime, que o considerou pornográfico e contrário à moral e aos bons costumes.
Novas Cartas Portuguesas rompe com a legislação, moral e costumes vigentes na sociedade portuguesa, e ousa despertar a consciência social denunciando a guerra colonial, a discriminação a falta de liberdade, a marginalização das minorias e a subordinação da mulher na sociedade.

A obra torna-se num manifesto contra todas as formas de opressão, tornando-se um símbolo da luta pela liberdade, igualdade e direitos da mulher.

Escritas simbolicamente durante nove meses – de 1 de março de 1971 a 25 de novembro de 1971 – o livro ousa desafiar e questionar as representações sociais e o papel da mulher na sociedade portuguesa.
“Que desgraça o se nascer mulher! Frágeis, inaptas por obrigação, por casta, obedientes por lei a seus donos, senhores sôfregos até de nossos males”.
Partindo da história de Soror Mariana as autoras mostram a clausura da mulher portuguesa no seu quotidiano, seja num convento ou na sociedade patriarcal do Estado Novo.
“Que mulher não é freira, oferecida, abnegada, sem vida sua, afastada do mundo? Qual a mudança, na vida das mulheres, ao longo dos séculos?”
Abordando temas proibidos e censurados, como a guerra colonial, o adultério ou a violação, o aborto, bem como a questão da mulher enquanto sujeito do desejo e de subordinação.
“as mulheres bordam, cozinham, sujeitam-se aos direitos de seus maridos, engravidam, têm abortos ou fazem-nos, têm filhos, nados-mortos, nados-vivos, tratam dos filhos, morrem de parto, às vezes, em suas casas, onde apenas mudou o feitio dos móveis, das cadeiras e dos cortinados.” 
Três dias após o lançamento do livro, boa parte da primeira edição é recolhida e destruída pela censura de Marcelo Caetano, sob o pretexto e a acusação de que o seu conteúdo era “insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública”. 

As três autoras são acusadas e levadas a julgamento, num caso que ficará para a história como o das ‘Três Marias’, uma das primeiras grandes lutas pela causa feminista em Portugal. 
O julgamento indignou e mobilizou movimentos feministas e a opinião pública internacional. Em várias cidades americanas e do resto do mundo houve manifestações de solidariedade no dia 3 de Julho de 1973, data originalmente marcada para o início do julgamento.

A 25 de outubro de 1973 começa o julgamento.
Durante os dois anos em que durou o julgamento em Portugal, grupos de feministas organizaram  manifestações de protesto juntos às embaixadas e consulados portugueses em Londres, Paris e Nova Iorque.
De entre os nomes que assumiram a defesa pública das ‘três Marias’ encontra-se Simone de Beauvoir, Margarite Duras, Doris Lessing, Íris Murdoch e Stephen Spence.
A 7 de maio de 1974, dias após a Revolução do 25 de Abril, é lida a sentença pelo juiz Lopes Cardoso:
“O livro ‘Novas Cartas Portuguesas’ não é pornográfico nem imoral. Pelo contrário: é obra de arte, de elevado nível, na sequência de outras obras de arte que as autoras já produziram”. 

Artigo Disponível no link:  http://acegis.com/2018/05/ha-44-anos-a-absolvicao-das-tres-marias/

Há 107 anos, Carolina Beatriz Ângelo, a primeira mulher portuguesa, pioneira na Europa, a “conquistar” o direito ao voto

''Carolina Beatriz Ângelo, médica, republicana e sufragista, foi a primeira mulher a votar em Portugal, nas eleições realizadas para a Assembleia Nacional Constituinte, no dia 28 de maio de 1911.
Carolina Beatriz Ângelo torna-se a primeira mulher portuguesa, pioneira na Europa, a “conquistar” o direito ao voto.
A primeira lei eleitoral da I República, publicada a 14 de março de 1911, reconhecia o direito de votar aos «cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família».
Carolina Beatriz viu nesta redação ambígua da lei a oportunidade de exercer o direito ao voto, invocando a sua condição de chefe de família após o óbito de seu marido Januário Barreto em junho de 1910.
Viúva e com uma filha menor a cargo, com mais de 21 anos e instruída, dirigiu ao presidente da comissão recenseadora do 2º Bairro de Lisboa um requerimento no sentido de o seu nome «ser incluído no novo recenseamento eleitoral a que tem de proceder-se»
A 28 de abril de 1911, o juiz João Baptista de Castro proferia uma sentença histórica e revolucionária ao incluir o nome de Carolina Beatriz Ângelo no caderno de recenseamento eleitoral.

«Excluir a mulher (…) só por ser mulher (…) é simplesmente absurdo e iníquo e em oposição com as próprias ideias da democracia e justiça proclamadas pelo Partido Republicano. (…) Onde a lei não distingue, não pode o julgador distinguir (…) e mando que a reclamante seja incluída no recenseamento eleitoral».

Ao referir-se a cidadãos portugueses, o juiz Castro considerou que a lei englobava homens e mulheres, “pois se o legislador tivesse intenção de as excluir tê-lo-ia manifestado de forma clara”.
Assim, a 28 de Maio de 1911, nas eleições para a Assembleia Constituinte, Carolina Beatriz Ângelo tornou-se a primeira mulher portuguesa a exercer o direito de voto.
Carolina Beatriz Ângelo, à direita, com a correligionária da Associação de Propaganda Feminista Ana de Castro Osório, no dia das eleições para a Assembleia Nacional Constituinte. 28 de maio de 1911.
Em 1913, a República mudou a lei e interditou o voto das mulheres. Em 1931, o voto é concedido pela primeira vez a mulheres com cursos secundários ou universitários. Esta limitação era apenas aplicada à mulher, o que significava que apenas uma escassa minoria podia efetivamente votar.
O direito de voto só foi efetivamente alcançado com a Revolução de 25 de Abril de 1974, tornando-se universal para todos os cidadãos e cidadãs maiores de idade.''

Informação disponível no link: http://acegis.com/2018/05/carolina-beatriz-angelo-direito-ao-voto/
''Os pobres não têm um partido político forte e empenhado que os ajudem a lutar para sair duma vivência com carências várias. São só notícia de telejornal para gritarem na rua aquando de algum acidente, de preferência com sangue. O empobrecimento espiritual e cultural é também causa do empobrecimento material.''

A pobreza jamais é uma fatalidade, dizem.

''Recordemo-nos: Durante a anterior legislatura foi-nos dito: «é preciso empobrecer o país para o tornar mais competitivo», afirmou Passos Coelho, 1º ministro do executivo antecedente.
O maior drama, de parte significativa dos portugueses, é a pobreza. ''

sábado, 26 de maio de 2018

«Isto disse Blake, no instante em que a febre o devorava:

- «Ninguém durma na mesma cama muitos anos, que acabará por supor que o homem é um ser horizontal e que o universo cabe todo num quarto de dormir.»

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 175

«A humildade só tem merecimento, se representa poder de nós sobre nós.»

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 173
« - Tudo te dei, Pátria minha, e nada reservei para mim, a não ser o orgulho de ser teu filho!»

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 172
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