quarta-feira, 27 de julho de 2016

“Good art is never made in studio,” Abramović says. “Good art I make in life.”

Let’s start with a quick quiz: what do Marina Abramović (Serbian performance artist) and Tony Abbott (Australian prime minister) have in common?
Answer: they’ve both been filmed eating a raw onion. A whole one. In fact, Abramović ate three. “The first time, the light on video wasn’t so good. The second, sound was lousy. Third, I couldn’t speak or talk, my throat was burning.”
The Onion is one of 13 self-portraits at the beating heart of Private Archaeology, a new exhibition of Abramović’s work at Mona, the Museum of Old and New Art in Tasmania. Filmed between 1975 and 2002, these extreme video close-ups show the artist furiously brushing her hair, gnawing her cuticles, meditating, being strangled by a boa constrictor, and lying: under a pile of crystals, in shallow water, or upside down.
“Good art is never made in studio,” Abramović says. “Good art I make in life.”


The show is not a retrospective. Both Mona and Abramović are quite clear about that. Instead, it mixes recordings of her live performances – some solo, others made with the one-time love of her life, Ulay – with installations and interactive exercises from her Method, a series of mindfulness exercises developed at theMarina Abramović Institute in New York. There are also four cabinets filled with photos and notes from the artist’s personal archive in Amsterdam (the archaeology of the show title).

At the same time, she makes sure to resist nostalgia. “I change so many houses and places where I live; I change them like I change socks. I don’t have this absolute, kind of, how you say, attachment. My brother, if he just has to go to holiday to sleep in different bed, for him it is a disaster. I can sleep under this table or in a five-star hotel, I don’t care.
“The idea of being in the right place in the right time is most important.”


Right now, that place is Australia, three decades on from her first visit for the 1979 Sydney Biennale. It was after that trip that Abramović negotiated – throughland rights activist Philip Toyne, who died last week – a seven-month stay with the Pitjantjatjara and Pintupi people of the Western Desert. The experience was transformative, she says, something I hear her repeat many times to many people over the course of the weekend.
“It was a big base of my performance art – the idea of here and now – because their Dreamtime and songlines are not something that’s happening in the past or the future. It’s always happening. It’s always now. And that’s the same as time-based art; it’s immaterial. Only what matters is the present.”
She learned the same lesson in different ways, she says, from the monks of Tibet and the shamans of Brazil.

Waterfall (2003), Marina Abramović
Pinterest
 Waterfall (2003), a video projection of 108 images of Tibetan monks and nuns Abramović filmed chanting in meditation. Photograph: MONA/Rémi Chauvin/Marina Abramović Archives and LIMA

But it’s this kind of logic (or lack of it) that tends to drive Mona’s David Walshbonkers. When the pair share a stage on Sunday for a spirited public Q&A – Abramović in black jeans and biker boots this time, wearing her wry Slavic wit on her sleeve – he acknowledges as much: “Your sparkling magical thinking and my unpolished reductionist reality, these aren’t world views that coincide.”
Abramović: “I believe in everything by the way.”
Walsh: “And I don’t believe in anything.”
Abramović: “And this is our main connection here.”


Pinterest
 Ulay and Abramović in their 1978 work, AAA AAA

“Everyone has his own love story,” Marina answers, with an imperceptible twinge. “That moment, that guy sitting in front of me, my whole life went through my head. Never mind this is life, never mind this is performance. This is pure human emotion. And that’s why everyone reacting. It’s performance that break into life.”
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If there’s an ambiguity here, Abramović is happy to sit with it. At Sunday’s Q&A, she says: “There are three Marinas in me. The one Marina is very heroic. I just go for it. I don’t care how much pain inside. Then we have second Marina – very different, very spiritual, very emotional. Too emotional. Can cry all the time. Is kind of pain in arse. And then there is third one who really like bullshit. Who like fashion, who like eating chocolate. Who like to be lazy and doing nothing and try to avoid any hardship, any confrontation. All these are real.”
Like the onions, I think. Even if only one makes the final cut, they all counted. I’ve certainly met three Marinas in as many days at Mona.
An audience member asks if Abramović will add her voice to the campaign against the closure of Aboriginal communities – perhaps return to the desert and make a new work. “Art can’t change the world,” she responds, gentle but forceful at the same time. “It can only bring the consciousness and ask the questions. Like: why are politicians always oversexed, corrupt and do terrible things, yet we are the ones who are voting them?” The idea is left hanging.
“It’s not possible for one single artist to do all this – it’s a group work.”
Nancy Groves travelled to Hobart courtesy of Mona and Tourism Tasmania
ver aqui

terça-feira, 26 de julho de 2016

domingo, 24 de julho de 2016




«Agora mato-me escrevendo/ e aqui ressuscito em rua beijando pés/ Eu sou esta verdade/ Sou a desorientada concentração/ das noites desertas/ E ascendo-me grata, / com a poesia dançando entre a/ vida e a morte, magnífica/ tapando-me a boca toda, / fazendo-me ver no escuro»

último poema de Ver No Escuro, da Cláudia R. Sampaio.


As deusas tinham todas ficado em casa,
por decência
não mergulharam neste lodo onde
circulam os patos e desmaiam as cicatrizes
das árvores.
Não mergulharam na ferocidade de me
ter aqui sentada
em absoluta explosão de mim
em absoluta e violenta sintonia
dos átomos, dos pardais,
da tua lembrança disparada em flecha.


Falei-lhes de abandono.
Falei-lhes de incontrolável.
Podia espetar o lápis no peito e falar só
com os olhos
porque sou a intenção
sou o acolhimento em útero de todas as
mulheres sentadas frias,
e flores.

Quero o que é absolutamente sujo
porque dói.
Sou mais plena quando desaparecem
as últimas gotas limpas e o sol ataca em
uníssono mundo.
Prefiro o que é absolutamente puro
porque mata
devagarinho incontrolavemente,
como um final suspenso na boca à tardinha,
sem deus nem medo.

Falei-lhes da saudade muda e da
destruição dominical
que sou uma vida inteira em melancolia
de um só pé
em desassossegada observação de patos.

As deusas não vieram e neste jardim não
há alma sentada que não me estremeça um
dente.
Falei-lhes de entrar pelo amor adentro com
a vertigem dos afogados e radiosa loucura.
Falei-lhes dos meus dedos que escrevem o
esconso e da minha cabeça inconcreta.

Disse-lhes:
não contrario a vontade do que está morto
mas a minha imaginação dói-me tanto
na boca que me refaz amantes,
incendei-me poemas.
A minha imaginação vive sozinha, sovada,
entre este laguinho lamacento e os subúrbios
do Alto Minho.

Toda esta minha indecência não me deixa
a condição de ser deusa.
Esta minha galopante indecência é a
maravilha que me curva as costas e
a tranquilidade de estarmos sós,
perdidos na consagração da verdade efémera.

E tudo é outro nome que não este.

Cláudia R. Sampaio, pp. 42-44, Ver no Escuro.

obra ''oral''

''Possas tu ser amado e não amar.''

''pele friorenta''

''quando o sol se tornar negro''


Pierre LouÿsAs canções de Bilitis. Versão Portuguesa de Júlio Henriques. Poesia/Autores Universais. 4. Fora do texto. Coimbra. p. 61

sábado, 23 de julho de 2016

Weegee, [Woman blowing a bubble], ca. 1956


Um anjo vestido de luto

Saques do plágio

VII
de carrinha repartindo o pão
escarravas na Lezíria de vidro aberto
ao bárbaro sublime já envolto
na aragem da futura agitação
eu era a orelha de Van Gogh
e terrível essa paisagem da infância
a prematura suspeita do sangue
Miguel Manso, «Supremo 16/70»
Artefacto, 2013.

OS REMORSOS


    Primeiro não dei resposta, e tinha nas faces estampada a vergonha, e feriam-me os seios as pancadas que dava no coração.

    Depois resisti, e disse-lhe: ''Não. Não.'' Voltei a cabeça para trás e o beijo os meus lábios não transpôs, nem o amor meus joelhos apertados.

    Pediu-me então perdão, beijou-me os cabelos, senti-lhe em fogo o hálito, e foi-se...Agora estou sozinha.

    Olho o lugar vazio, o deserto bosque, a terra pisada. E até sangrar mordo os meus punhos e na erva sufoco estes meus gritos.

Pierre LouÿsAs canções de Bilitis. Versão Portuguesa de Júlio Henriques. Poesia/Autores Universais. 4. Fora do texto. Coimbra. p. 53

''Diz-me, Bilitis, diz-me quem amas.'' E sobre a minha fazia deslizar a perna dela, em carícias doces.''

Pierre LouÿsAs canções de Bilitis. Versão Portuguesa de Júlio Henriques. Poesia/Autores Universais. 4. Fora do texto. Coimbra. p. 45

Self-portrait in mirrors by Ilse Bing, 1931


''gomo da romã''

«Barbudas cabras, não salteis, pois bem podeis excitar os bodes inquietos.»

Pierre LouÿsAs canções de Bilitis. Versão Portuguesa de Júlio Henriques. Poesia/Autores Universais. 4. Fora do texto. Coimbra. p. 43

«É ali que de manhã à noite vêm brincar as crianças
nuas. Ali se banham, não porém acima da barriga das 
pernas, tão baixa é a água do ribeiro.»

Pierre LouÿsAs canções de Bilitis. Versão Portuguesa de Júlio Henriques. Poesia/Autores Universais. 4. Fora do texto. Coimbra. p. 37

''as raparigas de cabelo violeta''

Pierre Louÿs. As canções de Bilitis. Versão Portuguesa de Júlio Henriques. Poesia/Autores Universais. 4. Fora do texto. Coimbra. p. 35

(fotogramas de Love Is Colder Than Death, de R. W. Fassbinder)


''Psique é sempre arrebatável.''


Pierre LouÿsAs canções de Bilitis. Versão Portuguesa de Júlio Henriques. Poesia/Autores Universais. 4. Fora do texto. Coimbra. p. 35

cornos recurvados

náiades (em grego: Ναϊάδες)

na mitologia grega, são ninfas aquáticas com o dom da cura e da profecia e com certos controles sobre a água

Pierre Louÿs

 known as a writer who sought to "express pagan sensuality with stylistic perfection.''

«(...) nenhum diz que me há-de matar se a outro eu der a minha boca.»

Pierre Louÿs. As canções de Bilitis. Versão Portuguesa de Júlio Henriques. Poesia/Autores Universais. 4. Fora do texto. Coimbra. p. 31

quinta-feira, 21 de julho de 2016


«Tenho muitos muitos anos e nunca estarei a meio da minha vida.»


João Miguel Fernandes JorgePoemas Escolhidos. Cadernos peninsulares/literatura 21., 1982., p. 53

«É tarde. A lua vai morrer. Deixo-me dormir.»


João Miguel Fernandes JorgePoemas Escolhidos. Cadernos peninsulares/literatura 21., 1982., p. 49

«Esta noite perdi-me nos teus dedos»

João Miguel Fernandes JorgePoemas Escolhidos. Cadernos peninsulares/literatura 21., 1982., p. 48
‘If you figure a way to live without serving a master, any master, then let the rest of us know, will you? For you’d be the first person in the history of the world.’

The Master (2012)
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