sexta-feira, 3 de abril de 2015

8.

«Se tiveres o coração recto e puro, tudo contribuirá para o teu bem e para o teu aperfeiçoamento.
  Todas as tuas perturbações e desgostos vêm de que ainda não morreste perfeitamente para ti mesmo, nem te separaste das coisas da Terra. Não há que mais contamine e embarace o coração do homem do que o amor desordenado das criaturas.»


in Imitação de Cristo

Livro Segundo. O mundo interior.

3.

«Não deves pôr muita confiança no homem frágil e mortal, ainda que te seja útil e amável; e também não deves entristecer-te muito quando ele alguma vez se levanta contra ti e te mostra oposição. Os que hoje estão da tua parte, amanhã podem ser teus inimigos, amanhã podem ser teus amigos. Os homens variam como o vento.»



in Imitação de Cristo

Livro Segundo. O mundo interior.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

''pão de lágrimas''

«Pela inconstância do nosso coração e por não nos lembrarmos dos nossos defeitos, não sentimos as dores da nossa alma; por isso, muitas vezes rimos, quando, com mais razão, deveríamos chorar.»

in Imitação de Cristo

Aula de banho, Austrália, 1938


''Não descubras o teu coração a qualquer pessoa;''

in Imitação de Cristo

''Não te envaideças''

«Em resistir às paixões se acha a verdadeira paz do coração, e não em segui-las.
  Não há paz no coração do homem carnal, nem do que se ocupa das coisas exteriores, mas sim que vive pelo espírito.»

in Imitação de Cristo
«O homem, que não se dominou interiormente, é presa fácil de tentações e deixa-se vencer por insignificantes desejos de coisas vis.»

in Imitação de Cristo

«Todas as vezes que o homem desordenadamente deseja alguma coisa, logo se acha inquieto.»

in Imitação de Cristo

opiniões precipitadas

«Os espíritos fortes, entretanto, não crêem levianamente em tudo o que se lhes conta. Eles sabem que a fraqueza humana é inclinada para o mal e pouco fiel no que diz.»

in Imitação de Cristo

«Que mais te impede e perturba senão as angústias do teu coração não dominadas?»

in Imitação de Cristo

3.

«Quanto mais e melhor souberes, com mais rigor serás julgado se não viveres santamente. Não te desvaneças, pois, em alguma arte ou ciência, mas teme o saber que adquires. Se te parece que sabes muito, pensa que muito mais é o que ignoras. Não presumas de alta sabedoria, mas confessa francamente a tua ignorância. Para que te queres ter em mais que os outros, havendo tantos que de ti são superiores? Se queres saber e aprender alguma coisa com utilidade, deseja ser ignorado e tido em nenhuma conta.»

in Imitação de Cristo
«É verdade amar o que se passa com tanta ligeireza e não aspirar a uma felicidade que sempre dure.»

in Imitação de Cristo

sexta-feira, 27 de março de 2015

cemitério de sucata


«Não queremos ser obrigados a estender a mão. Temos vergonha de fazer isso. Queríamos apenas ser como os outros. Ter um lar, direito à vida...
VÍTOR (aborrecido) - Um orgulho estúpido. E ainda mais estúpido quando vem de uns miseráveis que não têm dinheiro para ter orgulho.»


Miguel BarbosaO Palheiro. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 142



«(...) Ao menos, não é preciso pôr uma máscara antes de sair à rua, dizer coisas que não se sentem, sorrir quando apetece chorar ou lamentar-se quando se tem vontade de rir. Miséria por miséria, que não precise de me curvar, de tirar o chapéu quando não me apetece.»


Miguel BarbosaO Palheiro. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 130

«Não podemos começar um mundo novo com analfabetos.»


Miguel BarbosaO Palheiro. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 127
«1.º VAGABUNDO - Quero uma mulher. E por que não? (Para o 2.º Vagabundo) tu sabes o que é a solidão? O que é uma pessoa ver-se só, sem ninguém?...Mesmo que seja para o chatear.
2.º VAGABUNDO - Mas tu sempre viveste só. És um vagabundo...
1.º VAGADUNDO - (indignado) - E que sabes tu de mim? Sou vagabundo por causa de uma mulher. Para fugir dela, para a esquecer, acabei por fugir de mim mesmo, e...
3.º VAGABUNDO - É o último desejo de um condenado. Acho que deve respeitar-se, doutor.»

Miguel BarbosaO Palheiro. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 123

''dar o cu e oito tostões''

«VÍTOR - Eu comi-as vivas. Sou um canibal. Até era capaz de comer a minha mãe. (Avança para o outro com ar feroz) Eu sou o pior de todos. Se não o reconheces, mato-te...»

Miguel BarbosaO Palheiro. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 114

«Um conquistador de corações frágeis.»

Miguel BarbosaO Palheiro. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 101

«1.º VAGADUNDO (desconsolado ) - Mas continuo com fome. Antes queria ter ficado a dormir. Custa menos.
2.º VAGABUNDO - De que espécie é a tua fome? É uma fome assim...muito grande? (Faz o gesto.)
1.ºVAGABUNDO - É fome, fome...Só fome.
1.º VAGABUNDO -É fome de amor. É também fome de amor.»


Miguel BarbosaO Palheiro. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 94

''lambe-fraldas''

''triliões de diabos''

PERSONAGENS


«1.º VAGABUNDO, 40 anos. Sonhador. Problema de solidão.
2.º VAGABUNDO, 50 anos. Descrente. É o que protesta.
3.º VAGABUNDO, 25 anos. Ingénuo e um pouco estúpido. Desejo de viver.
CRISÁLIDA, meia-idade. Inconsequente. Só pensa em festas e chás-canasta.
MARIA ANTONIETA a Rainha de França.
EDUARDO, químico amador. Meia-idade. O homem que está a fazer uma bomba.
COELHO, 50 anos. Banqueiro.
VÍTOR, 49 anos. O vidente.
JÚLIA, 45 anos. Parteira-enfermeira.
AMÉLIA, 38 anos. Doméstica.
TERESA, uma rapariga. Filha de Crisálida.
ALFREDO, uma personagem com três falas.
DIABO, bem-vindo como se fosse o tio Sam. Cheio de anéis.»



Miguel BarbosaO Palheiro. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 88

Oncle house



«1.º VAMPIRO - Saio sempre de casa com vontade de morder as pessoas. Odeio o mundo, toda a gente, e quanto mais mordo mais me apetece morder. É um ciclo vicioso.»

Miguel BarbosaOs Carnívoros. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 71

«...Não é preciso destruirmo-nos uns aos outros. O mundo dá para todos...»

Miguel BarbosaOs Carnívoros. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 67

animal despolitizado

«O OPERÁRIO - Idiota! Não tem uma opinião política! Não sabe nada de nada. É como um animal despolitizado. Só sabe estender a pata.»

Miguel BarbosaOs Carnívoros. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 49

«1.º VAMPIRO - Quando os lobos começarem a lamentar-se pela morte dos cordeiros...»

Miguel BarbosaOs Carnívoros. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 44

«(...) Um capitalista é sempre o último a deitar-se e o primeiro a levantar-se.
O SUICIDA - Bem. Vou-me deitar. Assim como assim, posso suicidar-me amanhã, mais descansado.»


Miguel BarbosaOs Carnívoros. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 40


«O SUICIDA - Sim, suicidemo-nos todos. Podemos lutar com as varejeiras, gordas, inchadas? Mas eu vingo-me de quem posso. Sempre que as agarro corto-lhes o voo, prendo-as...Tiro-lhe as asas. Impossibilito-as de voar, de morder. O que me fizeram a mim. Cortaram-me as asas...(Começa a lançar a corda ao tecto.)


Miguel BarbosaOs Carnívoros. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 38

quinta-feira, 26 de março de 2015


"A embriaguez, tal como a pintura, comporta uma pequena parte mecânica e uma parte poética; o amor também, aliás."

-"Aforismos"
- Lichtenberg

Milton H. Greene, 1954



«(...) mas por que gostas tu de mim, também tu, se tudo isto, para ti, são defeitos?


AFONSO - Não me faças perder a cabeça! Tu é que transformas em defeitos essas vantagens.

MARIA HELENA - Claro! ainda não ofereci o seu exclusivo monopólio ao indigitado meu dono.

AFONSO - Entende-me por uma vez, Maria Helena: o que não posso compreender, nem suportar, é que te comprazas em tomar as aparências duma rapariga leviana...»


José Régio. Obra Completa. Teatro I. Sou um homem moral. Edição Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2005., p. 214

«MEFISTÓFELES - Não se despreza o que se deseja.»


José Régio. Obra Completa. Teatro I. Três máscaras. Edição Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2005., p. 57

«PIERROT - As palavras mais repetidas são as mais virgens: Como toda a gente as diz, ninguém as sente. Eu sou poeta, Columbina! Ser poeta é descobrir a virgindade das coisas usadas...»

José Régio. Obra Completa. Teatro I. Três máscaras. Edição Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2005., p. 57

''obscena malícia''


«Havia sido, para Lúcia, um diálogo heróico. E esse heroísmo excedera-a. Lavei a cara e as mãos com água fria, acendi outro cigarro, observando-a recatadamente. Após aquele rubor de adolescente surpreendida numa audácia, a face de Lúcia tinha um tom embaciado, exausto e tristonho.»


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 26

«Uma rapariga desocupada, abúlica, quase um objecto, limitando-se a estar ali. Essa passividade de cão de guarda era enervante.»

Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 23

''boca tímida e deslumbrada de uma criança''


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 20

«Certas manhãs ficava acordado olhando o rectângulo insidioso, recusando-me a admitir que o dia nascera, temendo a evidência da solidão. O mundo morava longe, muito para lá da porta. Vinha-me dele um frémito longínquo. Agora, porém, o vidro fosco já não me encharca dessa espécie de despertar pavoroso e lívido. Agora sei que o amor nos faz aproximar das coisas, habitá-las, que pelo amor as reconhecemos e que, depois de recebermos a revelação, nada mais é preciso para nos sentirmos vivos.
   Como foi possível escrever eu isto? Tenho os membros espessos da insónia. É a fadiga que nos amolece.»


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 18

«Estou a escrever de madrugada e começo a sentir-me fatigado.»


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 17
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