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segunda-feira, 8 de maio de 2017

''Amar não é lume''


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 172

«Entre as pernas suaves passa um rio,
leito insinuado para a água viva;»

Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 144

sexta-feira, 5 de maio de 2017


«Para ti e tudo o que em ti vive,
eu estou a escrever.»



Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 139

«Escrevo porventura para os que não me lêem.»


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 137

«(...)             E nada lhe dói,
mas dói-lhe tudo.»



Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 133

«A solidão em que abrimos os olhos.
A solidão em que uma manhã despertámos, caídos,
derrubados de qualquer parte, quase não podendo
                                                                                    [reconhecer-nos.»



Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 133

quinta-feira, 4 de maio de 2017


(...)

« Mas isto é uma grande tarde que durasse toda a vida.
                                                                                      [Como deitados,
existimos, meu amor, e a tua alma,
passada à dimensão da vida, é como um grande corpo
que numa tarde infinita eu fosse reconhecendo.
Durante a tarde inteira do viver eu amei-te.
E agora o que ali cai não é o poente, é só
a vida toda que ali cai; e o ocaso
não é: é o próprio viver o que termina,
e eu quero-te. Quero-te e esta tarde acaba,
tarde doce, existida, em que nos temos querido.

Vida que toda inteira durou como uma tarde.
Anos como uma hora em que percorri a tua alma,
descobrindo-a devagar, como minuto a minuto.
Porque o que ali está a acabar, talvez, sim, seja a vida.
Mas agora aqui o estampido que começou completa-se
e na culminação, nos brilhos, toda estás descoberta,
e foi uma tarde, uma irupção, e o zenite e as luzes
abrem-se no alto por completo, e estás aqui:
                                                                                     [possuímo-nos 



Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 130

«Eu sei que tudo isto tem um nome: existir.»


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 129

''Amor nos dedos''


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 127

(...)

«Abdica da tua própria dor. Distende o teu próprio
                                                                        [coração contraído.
Um só coração te percorre, uma única pulsação
                                                                        [sobe os teus olhos,
poderosamente invade o teu corpo, levanta o teu
   [peito, faz-te agitar as mãos quando avanças agora.»


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 125

«A solidão não mente ao que há em mim.»


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 121

«Aqui cega paixão desfez-se fria,»


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 121

quarta-feira, 3 de maio de 2017


«(...)    ; olha a minha lágrima
a beijar-te;»


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 107

''nuvem prenhe''


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 106

''só em ti me destruo''


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 105

terça-feira, 2 de maio de 2017

DESTINO DA CARNE


Não, não é isto. Não olho
um céu do outro lado do horizonte.
Não contemplo uns olhos tranquilos, poderosos,
que acalmam as águas ferozes que aqui bramam.
Não olho essa cascata de luzes que descem
de uma boca até um peito, até mãos suaves,
finitas, que este mundo encerram, entesouram.

Por toda a parte vejo corpos nus, submissos
ao cansaço do mundo. Carne fugaz que talvez 
tenha nascido para ser chispa de luz, para se abrasar
de amor e ser o nada sem memória, a formosa
redondeza da luz.
E que está aqui, está aqui, flacidamente eterna,
sucessiva, constante, sempre, sempre cansada.


É inútil que um vento distante, com forma vegetal,
                                                                                 [ ou uma língua,
lamba devagar e longamente o seu volume, o aguce,
o lime, o acaricie, o exalte.
Corpos humanos, rochas cansadas, pardos vultos
que à beira-mar consciência sempre
tendes de que a vida não acaba, não, e se transmite.
Corpos que amanhã repetidos, infinitos, rolais
como uma espuma lenta, desiludida, sempre.
Sempre carne do homem, sem luz! Sempre rolados
desde além, de um oceano sem origem que envia
ondas, ondas, espumas, corpos cansados, orlas
de um mar que não acaba, sempre ofegante em
                                                                                [suas margens.


Todos, multiplicados, repetidos, sucessivos,
                                                                                  [amontoais a carne,
a vida, sem esperança, monotonamente iguais sob os 
                   [céus foscos que impassíveis se herdam.
Sobre esse mar de corpos que aqui brotam sem
                                          [trégua, que aqui desabrocham
nitidamente e, mortais, ficam nas praias,
não se vê, não, esse rápido batel, ágil veleiro
que com quilha de aço, rasgue, torça,
abra sangue de luz e impetuoso fuja
rumo ao fundo horizonte, rumo à origem
última da vida, ao extremo do oceano eterno
que, humanos, espalha
os seus corpos cinzentos. Para a luz, para essa
                                                 [escada ascendente de brilhos
de um peito benigno para uma boca sobe,
para uns olhos enormes, totais, que contemplam,
para umas mãos silenciosas, finitas, que prendem,
onde cansados sempre, vitais, ainda nascemos.


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 98

''cabelos de fogo''

''doces corações cansados''


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 94



(...)                               amava
sem conhecer o amor;



Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 92

O CORPO E A ALMA


Mas é mais triste ainda, bem mais triste.
Triste como o ramo que para ninguém deixa cair
                                                                                           [seu fruto.

Mais triste, mais. Como esse bafo
que da terra exala depois a polpa morta.
Como essa mão que do corpo estendido
se eleva e quer somente acariciar as luzes,
o sorriso dolente, a noite aveludada e muda.
Luz da noite sobre o corpo estendido sem alma.
Alma fora, alma fora do corpo, esvoaçando
tão delicadamente sobre a triste forma abandonada.
Alma de doce névoa, suspensa
sobre o seu ontem enamorado, corpo inerme
que pálido arrefece com as horas nocturnas
e quieto fica, só, docemente vazio.

Alma de amor que vela e se separa
vacilando, e por fim se afasta, ternamente fria.




Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 90
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