«Se não queres ser roubado sem clemência,
Esconde o teu ouro, a tua fé, a tua ausência.»
Ernst Jünger. Eumeswil. Tradução de Sara Seruka com a
colaboração de João Barrento para a Tradução dos Poemas. Editora Ulisseia., p.
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terça-feira, 29 de novembro de 2011
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Cortejar as boas graças
«Cortejar as boas graças»: também isto é uma arte. A expressão deve ter sido inventada por alguém que teve a mesma sorte da raposa com as uvas. É verdade que, uma vez o cortejador com assento no gabinete, as coisas modificam-se. A massa é como a amante, que se entrega de bom grado ao senhor, mal se lhe abre a porta da sua alcova.»
Ernst Jünger. Eumeswil. Tradução de Sara Seruka com a colaboração de João Barrento para a Tradução dos Poemas. Editora Ulisseia., p. 14
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filósofo e entomologista alemão
«Os caçadores têm especial prazer em matar o belo.»
Ernst Jünger. Eumeswil. Tradução de Sara Seruka com a colaboração de João Barrento para a Tradução dos Poemas. Editora Ulisseia., p. 13
Ernst Jünger. Eumeswil. Tradução de Sara Seruka com a colaboração de João Barrento para a Tradução dos Poemas. Editora Ulisseia., p. 13
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domingo, 1 de maio de 2011
Siddhartha tinha um único objectivo
«Siddhartha tinha um único objectivo: ficar vazio, vazio de sede, vazio de desejo, vazio de sonho, vazio de alegria e de tristeza. Deixar-se morrer, não ser mais Eu, encontrar a paz de um coração vazio, descobrir o milagre do pensamento puro, era o seu objectivo. Quando a totalidade do Eu estiver dominado e morto, quando todos os vícios e inclinações desaparecerem do coração, então despertará o mais profundo do Ser, aquilo que já não é o Eu, o grande segredo.»
Hermann Hesse.Siddhartha Um poema Indiano. Tradução de Pedro Miguel Dias. Casa das Letras. 1ª Edição, 1998, p. 22
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Hermann Hesse
«(...) A carne desapareceu das suas pernas e do rosto. Sonhos ardentes tremeluziam nos seus olhos enormes, nos seus dedos secos as unhas tornaram-se compridas e no seu queixo cresceu uma barba áspera e hisurta. O seu olhar era gelado, quando observava as mulheres; a sua boca enchia-se de desdém, quando atravessava uma cidade cheia de pessoas bem vestidas. Via mercadores a negociar, príncipes a caminho das caçadas, pessoas enlutadas chorando os seus mortos, prostitutas que se ofereciam a ele, médicos ocupados com os seus doentes, sacerdotes a determinarem o dia para as sementeiras, amantes a amarem, mães a embalarem os seus filhos - e tudo isto valia a seus olhos, tudo mentia, tudo cheirava mal, tudo cheirava a mentiras, tudo fingia sentido e sorte e beleza, tudo era uma oculta podridão. O mundo tinha um sabor amargo. A vida era sofrimento.»
Hermann Hesse.Siddhartha Um poema Indiano. Tradução de Pedro Miguel Dias. Casa das Letras. 1ª Edição, 1998, p. 21/2
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Hermann Hesse
«É necessário encontrar a Fonte Primordial no fundo do Eu, possuí-la em nós mesmos! Tudo o resto era demanda, era desvio, era erro.
Estes eram os pensamentos de Siddharta, esta era a sua sede, esta a sua dor.»
Hermann Hesse.Siddhartha Um poema Indiano. Tradução de Pedro Miguel Dias. Casa das Letras. 1ª Edição, 1998, p. 15
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Siddhartha
Atman
«(...) A quem fazer sacrifícios, a quem venerar, senão a Ele, ao Único, a Atman? E onde encontrar Atman, onde vive Ele, onde bate o Seu coração, senão no próprio Eu, nas profundezas imperecíveis que existem em todos nós? Mas onde, onde se encontra este Eu, esta Interioridade, esta Finalidade? Não é de carne e osso, não é o pensamento ou a consciência, assim ensinavam os mais sábios. Onde, onde era então? Penetrar no Eu, na Interioridade, em Atman - existiria outro caminho que valesse a pena ser procurado? Mas, ai, que ninguém o conhecia, nem o pai, nem os professores e sábios, nem os cânticos sagrados dos sacrifícios!»
Hermann Hesse.Siddhartha Um poema Indiano. Tradução de Pedro Miguel Dias. Casa das Letras. 1ª Edição, 1998, p. 14
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sexta-feira, 29 de abril de 2011
terça-feira, 26 de abril de 2011
« [...] perfeitamente gracioso no seu porte, amado por todos, sendo a alegria de todos, não tinha qualquer alegria no seu coração. Sonhos e pensamentos perturbadores vinham até ele, flutuando nas águas do rio, cintilando nas estrelas da noite, fundidos nos raios do sol; sonhos e inquietude de alma vinham até ele, diluídos no fumo dos sacrifícios, suspirados nos versos do Rig-Veda, escorrendo dos ensinamentos dos velhos brâmanes.»
Hermann Hesse.Siddhartha Um poema Indiano. Tradução de Pedro Miguel Dias. Casa das Letras. 1ª Edição, 1998, p. 13
« [...] amava o seu espírito, os seus pensamentos elevados e ardentes, os seus desejos impetuosos, a sua vocação nobre.»
Hermann Hesse.Siddhartha Um poema Indiano. Tradução de Pedro Miguel Dias. Casa das Letras. 1ª Edição, 1998, p. 12
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Prémio Nobel da Literatura 1946,
Siddhartha
O peito de sua mãe sofria ao olhar para ele...
«O peito de sua mãe sofria ao olhar para ele, ao vê-lo caminhar, sentar-se perto dela e levantar-se; Siddhartha, o forte, o belo, aquele que caminha com pernas elegantes, aquele que saúda com delicadeza.»
Hermann Hesse.Siddhartha Um poema Indiano. Tradução de Pedro Miguel Dias. Casa das Letras. 1ª Edição, 1998, p. 12
Hermann Hesse.Siddhartha Um poema Indiano. Tradução de Pedro Miguel Dias. Casa das Letras. 1ª Edição, 1998, p. 12
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Prémio Nobel da Literatura 1946
O Filho do BRÂMANE
«Na penumbra da casa, ao sol nas margens do rio, junto aos barcos, à sombra do bosque, à sombra das figueiras, cresceu Siddhartha, o belo filho do brâmane, o jovem falcão, na companhia de Govinda, o seu amigo, o filho do brâme.»
Hermann Hesse.Siddhartha Um poema Indiano. Tradução de Pedro Miguel Dias. Casa das Letras. 1ª Edição, 1998, p. 11
Hermann Hesse.Siddhartha Um poema Indiano. Tradução de Pedro Miguel Dias. Casa das Letras. 1ª Edição, 1998, p. 11
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Prémio Nobel da Literatura 1946
domingo, 27 de fevereiro de 2011
«Dia a dia, apercebia-me de que não conseguia afastar de mim os pensamentos pecaminosos. Até que chegou o momento em que desejei também o pecado.»
Bernhard Schlink. O Leitor. Traduzido do alemão por Fátima Freire de Andrade. Edições ASA., p.14
Bernhard Schlink. O Leitor. Traduzido do alemão por Fátima Freire de Andrade. Edições ASA., p.14
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«Lembro-me de que o seu corpo, a sua atitude e os movimentos resultavam por vezes rudes. Não que ela fosse tão rude. Parecia, sobretudo, que se recolhera no interior do seu corpo, que o entregara a si mesmo e ao seu próprio ritmo pausado, indiferente a alguma ordem do cérebro, e que esquecera o mundo exterior. Foi esse mesmo esquecimento do mundo que eu vi na atitude e nos movimentos ao calçar as meias. Mas nisso não era rude, tinha gestos fluidos, graciosos, sedutores; uma sedução que não é seios e nádegas e pernas, mas sim o convite para o mundo dentro do corpo.»
Bernhard Schlink. O Leitor. Traduzido do alemão por Fátima Freire de Andrade. Edições ASA., p.12
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«Sobre a memória do seu rosto de então foram-se depositando, com o passar dos anos, os seus outros rostos. Quando a tenho diante dos olhos como ela era então, vejo-a sem rosto. Tenho de o reconstruir. Testa alta, maxilares salientes, olhos azul-pálidos, lábios grossos bem desenhados e sem sinuosidades, queixo enérgico. Um rosto largo, áspero, de uma mulher adulta. Sei que era bonito. Mas não consigo lembrar-me da sua beleza.»
Bernhard Schlink. O Leitor. Traduzido do alemão por Fátima Freire de Andrade. Edições ASA., p.9
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«Por cima do sofá estava estendida uma manta de veludo vermelho. A cozinha não tinha janelas. A luz passava pelos vidros da porta que abria para a varanda. Não muita luz; a cozinha só era iluminada quando a porta estava aberta. Ouvia-se então o chiar da serra na oficina do pátio e cheirava a madeira.»
Bernhard Schlink. O Leitor. Traduzido do alemão por Fátima Freire de Andrade. Edições ASA., p.8/9
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«(...) O dia está luminoso, o sol brilha, o ar reverba, e a estrada cintila de calor. As paredes laterais do prédio fazem-no parecer recortado, incompleto. Aquelas poderiam ser as paredes de qualquer prédio. A casa não é ali mais sombria do que na Rua da Estação. Mas as janelas estão cobertas de pó, não deixam adivinhar nada dentro das divisões, nem sequer as cortinas. A casa é cega.
Estaciono junto à berma e atravesso a estrada na direcção da entrada. Não se vê ninguém, não se ouve nada, nem tão-pouco o ruído longínquo de um motor, nem o vento, nem um pássaro. O mundo está morto. Subo as escadas e toca a campainha.
Mas não abro a porta. Acordo e sei apenas que atingi a campainha e a toquei. Depois vem-me à memória todo o sonho, e que também já o havia sonhado muitas vezes antes.»
Bernhard Schlink. O Leitor. Traduzido do alemão por Fátima Freire de Andrade. Edições ASA., p.6/7
Estaciono junto à berma e atravesso a estrada na direcção da entrada. Não se vê ninguém, não se ouve nada, nem tão-pouco o ruído longínquo de um motor, nem o vento, nem um pássaro. O mundo está morto. Subo as escadas e toca a campainha.
Mas não abro a porta. Acordo e sei apenas que atingi a campainha e a toquei. Depois vem-me à memória todo o sonho, e que também já o havia sonhado muitas vezes antes.»
Bernhard Schlink. O Leitor. Traduzido do alemão por Fátima Freire de Andrade. Edições ASA., p.6/7
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«Endireitou-se e viu que eu chorava. - Miúdo - disse, surpreendida -, miúdo. - Abraçou-me. Eu era pouco mais alto do que ela, senti os seus seios no meu peito, no aperto do braço cheirei o meu mau hálito e o suor fresco dela e não soube o que fazer com os braços. Parei de chorar.»
Bernhard Schlink. O Leitor. Traduzido do alemão por Fátima Freire de Andrade. Edições ASA., p.4
Bernhard Schlink. O Leitor. Traduzido do alemão por Fátima Freire de Andrade. Edições ASA., p.4
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