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quinta-feira, 20 de março de 2014

"Posso passar todo o dia encostado masturbando-me na contemplação da divina palavra que escreveste, e da coisa que dizes querer fazer com a tua língua"

9 de Dezembro de 1909
«Que tipo tão desprezível sou! […] Querida Nora, peço-te humildemente perdão. Toma-me novamente nos teus braços. Faz-me digno de ti”


19 de Agosto de 1909
7 de Setembro de 1909 

 “Estou todo o dia excitado. O amor é um maldito fastio, especialmente quando também está unido à luxúria. É uma provocação terrível pensar que neste momento tu estás à minha espera no outro extremo da Europa enquanto eu estou aqui”
Por favor, escreve-me Nora querida" (29 de Agosto de 1904); "Talvez me possas enviar esta noite quatro linhas para dizer-me que me perdoas por toda a dor que te causei" (10 de Setembro de 1904);
"Se tiveres tempo, escreve-me." (26 de Setembro de 1904);"Nora, escreve-me, em consideração ao meu amor morto" (6 de Agosto de 1909); "Querida, escreve-me e pensa em mim" (22 de Agosto de 1909); "Minha pequena e silenciosa Nora, passaram dias e dias sem uma carta tua" (7 de Setembro de 1909); "Minha querida Nora, desejo ardentemente, com impaciência,ter as tuas respostas a essas obscenas cartas minhas" (3 de Dezembro de 1909); "Oh, estou tão ansioso por receber a tua resposta, querida!"(6 de Dezembro de 1909); "Querida, nem uma carta!" (15 de Dezembro de 1909); "Fiquei surpreso e desiludido por não ter recebido hoje uma carta tua" (23 de Agosto de 1912)

domingo, 5 de fevereiro de 2012

"Ayer, cuando me dormía, así te vi y te oí de pronto: desperté sobresaltado y quedé muy acongojado, pensando en ti con mucha ternura y también en mí y en cómo vamos perdiéndolo todo"....


Carta de Adolfo Bioy Casares a Elena Garro


Mi querida , aquí estoy recorriendo desorientado las tristes galerías del barco y no volví a Víctor Hugo. Sin embargo, te quiero más que a nadie... Desconsolado canto, fuera de tono, Juan Charrasqueado (pensando que no merezco esa letra, que no soy buen gallo, ni siquiera parrandero y jugador) y visito de vez en vez tu fotografía y tu firma en el pasaporte. Extraño las tardes de Víctor Hugo, el té de las seis y con adoración a Helena. Has poblado tanto mi vida en estos tiempos que si cierro los ojos y no pienso en nada aparecen tu imagen y tu voz. Ayer, cuando me dormía, así te vi y te oí de pronto: desperté sobresaltado y quedé muy acongojado, pensando en ti con mucha ternura y también en mí y en cómo vamos perdiendo todo....

Te digo esto y en seguida me asusto: en los últimos días estuviste no solamente muy tierna conmigo sino también benévola e indulgente, pero no debo irritarte con melancolía; de todos modos cuando abra el sobre de tu carta (espero, por favor que me escribas) temblaré un poco. Ojalá que no me escribas diciéndome que todo se acabó y que es inútil seguir la correspondencia... Tú sabes que hay muchas cosas que no hicimos y que nos gustaría hacer juntos. Además, recuerda lo bien que nos entendemos cuando estamos juntos... recuerda cómo nos hemos divertido, cómo nos queremos. Y si a veces me pongo un poco sentimental, no te enojes demasiado...

Me gustaría ser más inteligente o más certero, escribirte cartas maravillosas. Debo resignarme a conjugar el verbo amar, a repetir por milésima vez que nunca quise a nadie como te quiero a ti, que te admiro, que te respeto, que me gustas, que me diviertes, que me emocionas, que te adoro. Que el mundo sin ti, que ahora me toca, me deprime y que sería muy desdichado de no encontrarnos en el futuro. Te beso, mi amor, te pido perdón por mis necedades.


domingo, 21 de agosto de 2011

« Decerto que posso esperar por vós - decerto não preciso de ir com um estranho para o que para mim - é o (país) redil desconhecido - Esperei muito tempo - Mestre - mas ainda posso esperar mais - esperar até que o meu cabelo de avelã seja cinzento - e vós useis bengala - então poderei olhar para o meu relógio - e se o Dia estiver muito no fim - poderemos tentar a sorte (do) para o Paraíso - O que me faríeis se eu viesse de ''branco''? Tendes o pequeno cofre para pôr os Vivos - dentro?»




Emily Dickinson. Poemas e Cartas. Uma antologia organizada por Nuno Vieira de Almeida. Tradução de Nuno Júdice. Edições Cotovia, Lisboa, 2000., p. 165

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

«Feriu-me singularmente a atenção o verdadeiro modo de ser do público de uma grande cidade. Vive numa constante vertigem do lucro e do gozo, e aquilo a que nós chamamos atmosfera (Stimmung) não se pode criar nem comunicar; todos os prazeres, mesmo o teatro, devem apenas distrair, e a grande inclinação do público ledor de jornais e romances provém de que aqueles, sempre, e estes muitas vezes, trazem distracção à distracção. - Suponho mesmo ter notado uma espécie de timidez em face das produções poéticas, pelo menos enquanto poéticas, timidez que, por essas mesmas razões, me parece muito natural. A poesia requer, exige mesmo, concentração; isola o homem contra a sua vontade, torna-se por vezes molesta e importuna nas suas exigências e é no largo mundo (para não dizer no grande mundo) tão incómoda como uma amante fiel.»


Goethe, carta a 9 de Agosto de 1797



in Friedrich Hölderlin. Poemas. Prefácio, Selecção e trad. Paulo Quintela. Relógio D' Água, Lisboa, 1991, p. 19

terça-feira, 23 de março de 2010

Cartas a Um Jovem Poeta

« (...)é bom estar só, pois a solidão é difícil, mas o facto de uma coisa ser difícil é mais uma razão para que a façamos.
Também amar é bom, pois o amor é difícil. Amor de um ser humano por outro: isso é talvez o mais difícil que nos está destinado, o extremo, a prova e o exame final, a obra para a qual toda as outras são apenas preparação. É por isso que os jovens, novos em todas as coisas, ainda não sabem amar: têm de aprender primeiro. Têm de aprender a amar, com todo o seu ser, com todas as suas forças concentradas no coração que bate inquieto e ansioso. Mas o tempo de aprender é sempre prolongado e fechado, e assim é o amor por muito tempo e pela vida fora; a solidão é para aquele que ama um isolamento intenso e profundo. Amar não é, antes de mais, nada adquirido que se designa por abrir-se, entregar-se e unir-se a outra pessoa (pois o que seria uma união do ainda impreciso, do ainda por ordenar - ?) mas é um ensejo sublime para o indivíduo amadurecer - tornar-se algo dentro de si próprio, tornar-se mundo, mundo para si por amor a outra pessoa, é uma grande e ambiciosa exigência para ele, algo que o torna eleito e o destina à grandeza. Só neste sentido, como obrigação assumida de se trabalharem a si próprios («escutar e martelar noite e dia»), é que os jovens deveriam fazer uso do amor que lhes é oferecido. A perda no outro e a entrega a qualquer espécie de comunhão não é para eles (que ainda terão de poupar e juntar durante muito tempo, muito tempo) - é a finalização, é talvez aquilo para que as vidas quase já não chegam.

Rainer Maria Rilke in Cartas a Jovens Poetas. Trad. de Lino Marques Relógio D'Água Editores, 2003., pp 68/69
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