sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022
'' no meio de lagos de sangue''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 200
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022
Porque havemos de respirar o ar lavado e quente de Novembro,
se esperámos o Inverno,
se o sangue dos nossos pulmões amou o
gelo galáctico outrora, antes de sermos?
A flor, como um suicida, nasceu e imola-se,
porque não ama o belo, o agreste Inverno.
Mas nós, que concebemos o amor e o tempo,
iremos dar a nossa respiração ao Incerto?
Depois de traduzir Hélène Dorion
Amar o universo não me traz mágoa.
sobretudo, amar a areia arrebata-me de júbilo e paixão.
Amar o mar completa a minha vida com o tacto de um amor imenso.
Mas veio o vento e, por momentos, amargurou o meu corpo, a oscilar.
E está o Sol aqui, depois de uns dias com o jardim obscurecido a beber sombra.
E sei que os átomos zumbem e dançam como os insectos, ébrios em redor do pólen.
Os amigos que morrem
Os amigos que morrem são arbóreos,
plantados e memoráveis como freixos.
Um freixo, que vejo entre árvores
como a aura, o tronco novo
sulcado de rasgões, a raiz curta
comparável à memória viva enterrada.
Têm uma única forma até à morte, próximos do Sol,
que torna as outras árvores mais ténues que os isolados freixos.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022
« Quis que ela comesse um quarto de romã;»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 191
« (...) e o ar é tão suave que impede de se morrer.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 191
«Não tentes fugir-me, porque te mato!»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 190
«Só o teu nome é para mim um remorso!»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 188
«Por fim, não pôde conter-se mais; e, como uma criança, toda trémula, tocando um fruto desconhecido, tocou-lhe ligeiramente no pescoço com as pontas dos dedos; a carne, um tanto fria, cedeu com certa resistência elástica.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 187
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022
«(...) calças, azuis, cobertas de estrelas de prata.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 179
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022
Marisa Monte & Jorge Drexler | Vento Sardo
Que carrega o barco, que ondula o mar
É o mesmo que vai dar na praia
Que levanta a saia rodada de Oyá
Cuando el contratiempo comienza a soplar
Então, o vento que é de aragem
Bate no varal pra me dar coragem
Quem sabe da fonte do vento solar
O vento que é o movimento do ar
Abrir a janela, ventilar a dor
Vamos a nombrar al viento
Celebrar su aliento purificador
Alisio, santana, siroco, mistral
Levante, minuano, cierzo
Y mil más que el verso quisiera nombrar
Sai batendo à porta, faz tudo voar
O vento é o temperamento do ar
Sopro, sopra, soprará
Que carrega o barco, que ondula o mar
É o mesmo que vai dar na praia
Que levanta a saia rodada de Oyá
Cuando el contratiempo comienza a soplar
Então, o vento que é de aragem
Bate no varal pra me dar coragem
Quem sabe da fonte do vento solar
O vento que é o movimento do ar
Sopro, ô, soprará
Alisio, santana, siroco, mistral
Levante, minuano y cierzo
Nordeste, leste, no sudoeste (sudoeste)
''vapor azulado''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 177
piorra
/ô/segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022
''julgando adivinhando o motivo do seu desgosto''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 176
« - Se tiveres de morrer, será mais tarde! - disse ele; - mais tarde, nada temas ! E seja qual for o seu intento, não chames por ninguém! Não te aterrorizes ! Mostrar-te-ás humilde e submissa aos seus desejos...Assim o determina o véu!»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 175
domingo, 6 de fevereiro de 2022
« Sentia-se preso no fundo da alma por um remorso.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 173
« (...) e, quando ele se aproximava, não tinha nada já a dizer-lhe.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 170
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022
terça-feira, 4 de janeiro de 2022
Síndrome de Clérambault
''Que vá com Deus, esta nossa amiga! Que não lhe falte a coragem nem o discernimento para evitar os Mários! O nosso Mário, por sua vez, não voltará a vê-la. E tudo indica, pensamos nós, que ele assim o quer. Mas não é verdade. Mais tarde, na hora crepuscular, o nosso protagonista vê-se esmagado por uma tristeza pós-masturbatória. Ao limpar-se com um guardanapo, abre-se-lhe uma fenda nas muralhas do cinismo. Um sentimento corre livre pelas pradarias da alma! O caos e a desordem trovejam! E os monumentos da arrogância, edificações de preconceitos defensivos, vêm-se destroçados por uma chuva de lágrimas! Oh, pobre Mário… Pensando na rapariga, pensando no entusiasmo sorridente com que esta lhe falara daquele sítio tão pretensioso e daquele álbum tão conceptual, não consegue evitar sentir-se sozinho. ''
André Fontes
Licenciado em Filosofia, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e pós-graduado em Artes da Escrita, pela Universidade Nova de Lisboa. André publicou, em 2019, o seu primeiro romance, Saturnália, editado pela Guerra e Paz Editores.
terça-feira, 7 de dezembro de 2021
“The man who comes back through the Door in the Wall will never be quite the same as the man who went out. He will be wiser but less sure, happier but less self-satisfied, humbler in acknowledging his ignorance yet better equipped to understand the 47 relationship of words to things, of systematic reasoning to the unfathomable mystery which it tries, forever vainly, to comprehend” The Doors of Perception -
Aldoux Huxley
Devo ser o último tempo
A chuva definitiva sobre o último animal nos pastos
O cadáver onde a aranha decide o círculo.
Devo ser o último degrau na escada de Jacob
E o último sonho nele
Devo ser a última dor no quadril.
Devo ser o mendigo à minha porta
E a casa posta à venda.
Devo ser o chão que me recebe
E a árvore que me planta.
Em silêncio e devagar no escuro
Devo ser a véspera. Devo ser o sal
Voltado para trás.
Ou a pergunta na hora de partir.
Daniel Faria
sexta-feira, 26 de novembro de 2021
''Os cães mantiveram características juvenis durante o processo de domesticação, um processo chamado pela Biologia de pedomorfose. Tais características, tanto comportamentais (abanar a cauda, engajar-se em brincadeiras, solicitar colo e carinho e lamber a cara das pessoas) como morfológicas (cabeça e encéfalo menores em relação ao tamanho corporal, focinho mais curto e largo, menor número de dentes e olhos mais arredondados), estão associadas a animais mais dóceis, assim selecionados para nos proteger e ajudar na caça (Ha; Campion, 2019). Pesquisadores russos que mantêm um programa de criação de raposas (Vulpes vulpes) em cativeiro na Sibéria desde 1959 conseguiram obter filhotes dóceis em apenas seis gerações, mantendo as mesmas características pedomórficas apresentadas pelos cães domésticos.''
ESTUDOS AVANÇADOS 34 (98), 2020
“O cão, com mais de oito séculos de maus tratos no sangue e na herança genética, levantou de longe a cabeça para produzir um ganido lamentoso, uma voz exasperada e sem pudor, mas também sem esperança, pedir de comer, ganindo ou estendendo a mão, mais do que degradação sofrida de fora, é renúncia vinda de dentro.”
Saramago
quinta-feira, 25 de novembro de 2021
''Ganhamos espaço para o vazio; gostamos muito da nossa morte; trabalhamos esplendidamente por conta dela [...] e o pior é que tudo, espalhado por fora, se liga coerentemente por dentro: a minha, a nossa morte. Trata-se de uma anedota, claro, e de uma metáfora com sentidos muito precisos.''
Herberto Helder
''Para o homem medido e comedido, o quarto, o deserto e o mundo são lugares estritamente determinados. Para o homem desértico e labiríntico, destinado à errância de uma marcha necessariamente um pouco mais longa do que a sua vida, o mesmo espaço será verdadeiramente infinito, mesmo que ele saiba que isso não é verdade, e ainda mais se ele o sabe.''
Blanchot
quarta-feira, 24 de novembro de 2021
«(....), e queria menos mal à virgem por não poder possuí-la do que por achá-la formosa e sobretudo tão pura. Notava muito bem, por vezes, o modo por que ela se fatigava, diligenciando penetrar-lhe o pensamento. Nessas ocasiões afastava-se dela mais triste; sentia-se mais abandonado, mais só.»
Gustave Flaubert. Salammbô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 172'' as cinzas do altar''
Gustave Flaubert. Salammbô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 172
Wolf Alice - Wicked Game
It's strange what desire will make foolish people do
I never dreamed that I'd meet somebody like you
And I never dreamed that I'd lose somebody like you
No, I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
With you
With you
(This world is only gonna break your heart)
What a wicked thing to do, to let me dream of you
What a wicked thing to say, you never felt this way
What a wicked thing to do, to make me dream of you
No, I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
With you
Strange what desire will make foolish people do
I never dreamed that I'd love somebody like you
And I never dreamed that I'd lose somebody like you
No, I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
With you (this world is only gonna break your heart)
With you (with you)
(This world is only gonna break your heart)
(This world is only gonna break your heart)
''ódios comprimidos''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 167
'' os comedores-de-coisas-imundas''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 165