terça-feira, 2 de março de 2021

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                                                                                                   Wang Ningde
 

laicismo

“Em França resolvemos os problemas através de crises. E é preciso chegar ao paroxismo para as resolver”

 François Mitterrand in C’était F.M., de Jacques Attali

''guerras suicidárias''

 Eduardo Lourenço

American Vertigo

Bernard-Henri Lévy

idiot savant

 «(...) Tal como a pedra, o homem ativo rebola ao sabor da estupidez da mecânica.»

 



Byung-Chul Han. A Sociedade do Cansaço. Tradução de Gilda Lopes Encarnação. Relógio D' Água. 1ª Edição, Lisboa, 2014., p. 39

''Nunca somos mais ativos do que quando parecemos não fazer nada, nunca estamos menos sozinhos do que quando estamos sós connosco mesmos.''

Catão, o Velho.


 «Desespera e desvanece e, depois, como morta, fica imóvel, habilidade semelhante à de «fazer de morto», porque se assemelha àqueles animais inferiores cuja única arma de defesa é a imobilidade e a simulação da morte.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 61

Carla Van de Puttelaar


 

«curar a mordedora com o pelo do mesmo cão»

''sobrevem (sobre-vir)''

 «(...) o homem abandona-se, mas o seu eu permanece como uma sóbria consciência do abandono, ao passo que a mulher, com uma verdadeira feminilidade, se precipita e precipita o seu eu no objecto do seu abandono.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 59

« - Em primeiro lugar, o que faço é assunto que só a mim diz respeito. Além disso, não deves censurar-me, pois és tão falhado como eu, só com a diferença de que falhaste de outra maneira.»

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 61

«Existem devoradores e devorados.»

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 59

«A estrela indica, mas não manda.»

Katrien de Blauwer 
 

 «Se quisesse fazer uma descrição do meu eu, representava-o por um pano molhado agitado pelo vento e branqueando lentamente ao secar.»

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 57

 «Nenhum homem sabe verdadeiramente como são os outros. O que mais pode fazer é supô-los semelhantes a si.»

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 57

 «Simular a idiotice modifica um estado de espírito e permite tomar uma nova posição mental. Quando tenho aborrecimentos faço de idiota e a minha mulher não nota as preocupações. Ela ainda não descobriu este modo de proceder ou , se o descobriu, fê-lo sem que eu o saiba. Aliás, há muitas coisas de Mary que eu desconheço e, entre elas, que sabe ela a meu respeito? »

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 57

unicórnio-do-mar

 « ... aquele desgosto errante de noite, mendigando alguns cêntimos para um copo de qualquer mistela alcoólica.»

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 54

 «As desculpas, mesmo as mais válidas, não me dão alívio.»

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 53

Rosinha de Valença - Os Grilos São Astros

''suicida-se com o álcool''

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 53

«Os noctívagos habituais e os gatos não gostam de caminhar na neve.»

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 53

 «As imagens formavam-se depressa no fundo sonoro dos passos que esmagavam a geada na rua nocturna.»

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 52

 «Ela esperava...Vejo-o agora.

E, lentamente, suponho, cansou-se de esperar.»


John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 52


 John Cassavetes and Gena Rowlands

 «(...) jovem adorável de faces infantis, doces como uma pétala de rosa.»

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 48

''Tinha estado deitado na escuridão (...) »

 John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 49

 «É acreditar que podemos pensar melhor quando estamos em determinado lugar. Tenho um lugar desses, tive-o sempre, mas sei que ali o que faço não é bem pensar, mas sim sentir, experimentar e lembrar. É um lugar secreto. Toda a gente deve ter o seu, mas, apesar disso, nunca ouvi ninguém falar dele.»

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 49

 Adeus

Como se houvesse uma tempestade
escurecendo os teus cabelos,
ou, se preferes, minha boca nos teus olhos
carregada de flor e dos teus dedos.

Como se houvesse uma criança cega
aos tropeções dentro de ti,
eu falei em neve - e tu calavas
a voz onde contigo me perdi.

Como se a noite se viesse e te levasse,
eu era só fome o que sentia;
Digo-te adeus, como se não voltasse
ao país onde teu corpo principia.

Como se houvesse nuvens sobre nuvens
e sobre as nuvens mar perfeito,
ou, se preferes, a tua boca clara
singrando largamente no meu peito.

Eugénio de Andrade

«Para mim, dormir é um esforço enorme, uma agonia. Sei isso por acordar com a sensação de uma dor esmagadora. Quando durmo, canso-me. Os meus sonhos são os problemas do dia deformados até ao absurdo.»

 John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 48

The Doors - Touch Me


Come on, come on
Come on, come on
Now, touch me, babe
Can't you see that I am not afraid?
What was that promise that you made?
Why won't you tell me what she said?
What was that promise that you made?

Now, I'm gonna love you
'Til the heaven stops the rain
I'm gonna love you
'Til the stars fall from the sky
For you and I

Come on, come on
Come on, come on
Now, touch me, babe
Can't you see that I am not afraid?
What was that promise that you made?
Why won't you tell me what she said?
What was that promise that you made?

I'm gonna love you
'Til the heaven stops the rain.
I'm gonna love you
'Til the stars fall from the sky
For you and I

I'm gonna love you
'Til the heaven stops the rain.
I'm gonna love you
'Til the stars fall from the sky
For you and I

''governos despóticos''

 Victoria Camps

 

opsófago

op.só.fa.go
ɔpˈzɔfɐɡu
adjetivo
relativo a opsofagia (predileção por boas iguarias)
nome masculino
pessoa que é dada a comer boas iguarias

segunda-feira, 1 de março de 2021

 ''A dúvida revela mais a nossa força ou a nossa fragilidade?

A dúvida só ocorre se aceitarmos a nossa fragilidade e a nossa incerteza; se não rejeitarmos o facto de que somos seres limitados em tudo, nem omnipotentes nem omniscientes, e que muitas vezes erramos e que desconhecemos muitas coisas. Por isso, concordámos e estabelecemos que a democracia é o melhor regime político, uma vez que consiste em partilhar pontos de vista parciais, em ouvir opiniões diferentes das nossas e em tomar decisões conjuntas.''

Elogio da Dúvida

 Victoria Camps

   Wet Jacket, 1979  

Jo Ann Callis

 

 «Nesta sociedade coerciva, cada homem transporta às costas o seu próprio campo de trabalho forçado.»

Byung-Chul HanA Sociedade do Cansaço. Tradução de Gilda Lopes Encarnação. Relógio D' Água. 1ª Edição, Lisboa, 2014., p. 35

"Keep it simple, stupid"

David Mamet

domingo, 28 de fevereiro de 2021

'' o direito ardil da Verdade''

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 50

«(...), porque Deus é o absoluto possível »

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 47

 «A personalidade é uma síntese de possível e de necessidade.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 47

 

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 40

Music of Andrei Rublev - Full Official Soundtrack


 

Amália Rodrigues - Versos

 Ai Esta Pena de Mim


Ai esta angústia sem fim
Ai este meu coração
Ai esta pena de mim
Ai a minha solidão

Ai a minha infância dorida
Ai o meu bem que não foi
Ai minha vida perdida
Ai lucidez que me dói

Ai esta grande ansiedade
Ai este não ter sossego
Ai passado sem saudade
Ai a minha falta de aprego

Ai de mim que vou vivendo
Em meu grande desespero
Ai tudo o que não entendo
Ai o que entendo e não quero


Gostava de Ser Quem Era

Tinha alegria nos olhos
Tinha sorrisos na boca
Tinha uma saia de folhos
Tinha uma cabeça louca

Tinha uma louca esperança
Tinha fé no meu destino
Tinha sonhos de criança
Tinha um mundo pequenino

Tinha toda a minha rua
Tinha as outras raparigas
Tinha estrelas tinha a lua
Tinha rodas de cantigas

Gostava de ser quem era
Pois quando eu era menina
Tinha toda a Primavera
Só numa flor pequenina


Tive Um Coração Perdi-o

Tive um coração perdi-o
Ai quem mo dera encontrar
Preso no fundo do rio
Ou afogado no mar

Quem me dera ir embora
Ir embora sem voltar
A morte que me namora já me pode vir buscar

Tive um coração perdi-o
Ainda o vou encontrar
Preso no lodo do rio
Ou afogado no mar


Trago Fados Nos Sentidos

Trago fados nos sentidos
Tristezas no coração
Trago os meus sonhos perdidos
Em noites de solidão

Trago versos trago sons
Duma grande sinfonia
Tocada em todos os tons
Da tristeza e da agonia

Trago amarguras aos molhos
Lucidez e desatinos
Trago secos os meus olhos
Que choram desde meninos

Trago noites de luar
Trago planícies de flores
Trago o céu e trago o mar
Trago dores ainda maiores


Quando Se Gosta de Alguém

Quando se gosta de alguém
Sente-se dentro da gente
Ainda não percebi bem
Ao certo o que é que se sente

Quando alguém gosta d'alguém
É de nós que não gostamos
Perde-se o sono por quem
Perdidos de amores andamos

Quando alguém gosta de alguém
Anda assim como ando eu
Que não anda nada bem
Com este mal que me deu

Quando se gosta de alguém
É como estar-se doente
Quanto mais amor se tem
Pior a gente se sente

Quando se gosta de alguém
Como eu gosto de quem gosto
O desgosto que se tem
É desgosto que dá gosto


Lágrima

Cheia de penas
Cheia de penas me deito
E com mais penas
Com mais penas me levanto
No meu peito
Já me ficou no meu peito
Este jeito
O jeito de te querer tanto

Desespero
Tenho por meu desespero
Dentro de mim
Dentro de mim um castigo
Não te quero
Eu digo que não te quero....
E de noite
De noite sonho contigo

Se considero
Que um dia hei-de morrer
No desespero
Que tenho de te não ver
Estendo o meu xaile
Estendo o meu xaile no chão
Estendo o meu xaile
E deixo-me adormecer

Se eu soubesse
Se eu soubesse que morrendo
Tu me havias
Tu me havias de chorar
Uma lágrima
Por uma lágrima tua
Que alegria
Me deixaria matar


Ai Minha Doce Loucura

Ai minha doce loucura
Ai minha loucura doce
Meu amor se assim não fosse
Seria a noite mais escura
Meu amor se assim não fosse

Se eu dantes tinha fome
Meu amor anda faminto
Com os beijos que te dei
O que sinto eu já não sei
Eu já nem sei o que sinto

Seria a noite mais noite
Meu amor se assim não fosse
Seria a noite mais escura
Ai minha doce loucura
Ai minha loucura doce

Ai minha loucura doce
Ai minha doce loucura
Ai minha loucura louca
Eu hei-de achar a tua boca
Mesmo na noite mais escura
Se minha alma não ousa
Meu coração que se afoite
Eu hei-de achar tua boca
Ai minha loucura louca
Mesmo na noite mais noite

Meu amor se assim não fosse
Seria a noite mais escura
Ai minha loucura doce
Ai minha loucura louca
Ai minha doce loucura


O Fado Chora-se Bem

Moram numa rua escura
A tristeza e a amargura
A angústia e a solidão
No mesmo quarto fechado
Também la mora o meu fado
E mora meu coração

Tantos passos temos dado
Nós as três de braço dado
Eu a tristeza e a amargura
À noite um fado chorado
Sai deste quarto fechado
E enche esta rua tão escura

Somos vizinhos do tédio
Senhor que não tem remédio
Na persistência que tem
Vem p'ró meu quarto fechado
Senta-se ali a meu lado
Não deixa entrar mais ninguém

Nesta risonha morada
Não há lugar p'ra mais nada
Não cabe lá mais ninguém
Só lá cabe mais um fado
Que neste quarto fechado
O fado chora-se bem


Amor de Mel Amor de Fel

Tenho um amor
Que não posso confessar
Mas posso chorar

Amor pecado
Amor de amor
Amor de mel
Amor de flor
Amor de fel
Amor maior
Amor amado

Tenho um amor
Amor de dor
Amor maior
Amor chorado
Em tom menor
Em tom menor
Maior o fado

Choro a chorar
Tornando maior o mar
Não posso deixar de amar
O meu amor em pecado
Foi andorinha
Que chegou na Primavera
E eu era quem era

Fado maior
Cantado em tom de menor
Chorando um amor de dor
Dor de um bem e mal amado


Grito

Silêncio
Do silêncio faço um grito
E o corpo todo me dói
Deixai-me chorar um pouco
De sombra a sombra
Há um céu tão recolhido
De sombra a sombra
Já lhe perdi o sentido
Ao céu
Aqui me falta a luz
Aqui me falta uma estrela
Chora-se mais
Quando se vive atrás d'ela
E eu
A quem o céu esqueceu
Sou a que o mundo perdeu
Só choro agora
Que quem morre já não chora

Solidão
Que nem mesmo é inteira
Há sempre uma companheira
Uma profunda amargura
Ai solidão
Quem fora escorpião
Ai solidão
E se mordera a cabeça
Adeus
Já fui p'r'além da vida
Do que já fui tenho sede
Sou sombra triste
Encostada a uma parede
Adeus
Vida que tanto duras
Vem morte que tanto tardas
Ai como dói
A solidão quase loucura


Horas de Vida Perdida

Horas de vida perdida
À procura de viver
Vai-se á procura da vida
Não a encontra quem quer

Quem sou eu para dizer
Quem sou eu para o saber
Nem sei se sou ou não sou
Ninguém pode conhecer
Isto de ser e não ser

Sem saber sei entender
Assim sei o que não sei
Sinto que sou e não sou
Entre o que sei e não sei
A minha vida gastei
Sem conseguir entender

Ai quem me dera encontrar
As rimas da poesia
Ai se eu soubesse rimar
Tantas coisas que eu dizia


O Tempo Dantes Corria

O tempo dantes corria
E eu ainda corria mais
Mas vi-te e desde esse dia
Que correm mais os meus ais

O tempo dantes corria
E com ele meus folguedos
Mas vi-te e desde esse dia
Correm p'ra ti meus segredos

O tempo dantes corria
E eu corria para a vida
Mas vi-te e desde esse dia
Fiquei de vida perdida

O tempo dantes corria
E eu vivia a correr
Mas vi-te e desde esse dia
Que corro só p'ra te ver


Por Que Voltas De Que Lei

Por que voltas de que lei
Vem este sentir profundo
Por te ver como sei
Me sinto dona do mundo

Por que espada de que rei
Meu amor é fogo posto
És tanto de quanto amei
Que és tudo de quanto gosto

Por este amor que te tenho
Por ser assim como sou
És inferno de onde venho
És o céu para onde vou

Por que voltas de que lei
És tudo de quanto gosto
Me perdi e me encontrei
Nas voltas que tem teu rosto

Por que voltas de que rei
Em meu peito te desenho
És tanto de quanto amei
Que és todo o mundo que tenho

E de tão rica que estou
Nunca tão pobre fiquei
Por ser assim como sou
E te saber como sei


Mãos Desertas

Nesta solidão que é minha
Mora a minha inquietação
E esta angústia que me mata
Mora no meu coração

Salvai o meu coração
Que se queima na fogueira
No fogo desta paixão
Que será p'rá vida inteira

O nosso amor, meu amor
É bom e faz-me sofrer
Prazer que me traz a dor
Do medo de te perder


Ai De Mim Que Me Perdi

Ai de mim que me perdi
Pelos caminhos do tédio
Perdi-me cheguei aqui
Agora não tem remédio

Ai de mim que me perdi
Perdi-me no fim da estrada
Ai de mim porque vivi
A vida desencontrada

Tantos caminhos andados
Não fui eu que os descobri
Foram meus passoa mal dados
Que me trouxeram aqui

Perdida me acho na vida
E a vida já me perdeu
Ando na vida perdida
Sem saber quem a viveu

Por mais que queira encontrar
A razão do meu viver
A razão de cá andar
Não posso compreender

Que culpa tem o destino
Dos caminhos que eu andei
Fui eu no meu desatino
Que andei e não reparei

Perdida estou sem remédio
Meu pecado é meu castigo
Pecado é morrer de tédio
Castigo e viver contigo


Faz-me Pena

Que culpa tem o destino
Deste destino que eu tenho
Se o desgosto é pequenino
Eu aumento-lhe o tamanho

É meu destino
Se o desgosto é pequenino
Eu aumento-lhe o tamanho

Se o desespero matasse
Eu já teria morrido
Talvez alguém me chorasse
Talvez o tenha merecido

Talvez alguém
Talvez alguém me chorasse
Talvez o tenha merecido

Sinto que cheguei ao fim
Das ilusões que não tive
Porque alguém gosta de mim
Algo de mim sobrevive

Cheguei ao fim
Mas se alguém gosta de mim
Algo de mim sobrevive

Adeus que chegou a hora
Há muito a venho esperando
E se por mim ninguém chora
Faz-me pena e vou chorando

Já vou embora
E se por mim ninguém chora
Faz-me pena e vou chorando


Amália Rodrigues - Versos
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