domingo, 2 de outubro de 2022

 SOLENEMENTE


Solenemente
Carneiríssimamente
Foi aprovado
Por toda a gente
Que é, um a um, animal,
Na assembleia nacional
Em projecto do José Cabral.

Está claro
Que isso tudo
É desse pulha austero e raro
Que, em virtude de muito estudo,
E de outras feias coisas mais
É hoje presidente do concelho,
Chefe de internormas animais,
E astro de um estado novo muito velho.

Que quadra
Isso com qualquer espécie de graça?
Nada.
A Igreja Católica ladra
E a Maçonaria passa.

E eles todos a pensar
Na vitória que os uniu
Neste nada que se viu,
Dizem, lá se conseguiu,
Para onde agora avançar?
Olhem, vão p’ra o Salazar
Que é a p… que os pariu.

1935
Fernando Pessoa

«(...), lembra-te de que quem se mete por atalhos, nunca sai de sobressaltos,»

José Saramago. A Viagem do Elefante. Porto Editora. 2014., p. 67

 pós de perlimpimpim

pó imaginário de efeitos maravilhosos



Issei Suda Ginza, C1981huo-ku, 

 

  «Não é verdade que o céu seja indiferente às nossas preocupações e anseios.»

José Saramago. A Viagem do Elefante. Porto Editora. 2014., p. 55

  «(...), entre afogados e afligidos de escorbutos e outras misérias, era uma tal mortandade que resolvi vir morrer em terra,»

José Saramago. A Viagem do Elefante. Porto Editora. 2014., p. 49

A Time to Dance, a Time to Die


sempre-noivas

«A ideia seria boa se não houvesse outra melhor.»

 José Saramago. A Viagem do Elefante. Porto Editora. 2014., p. 38

 

de.mo.crí.ti.codəmuˈkritiku
adjetivo
1.
relativo ao filósofo Demócrito (460-352 a. C.) ou à sua obra
2.
que segue Demócrito
3.
figurado irónicosarcástico

''assuntos de intendência''

 José Saramago. A Viagem do Elefante. Porto Editora. 2014., p. 37

pedregal


 

'' a vida ri-se das previsões''

 José Saramago. A Viagem do Elefante. Porto Editora. 2014., p. 29

não o é somenos

 « Viam-se que as contradições do ser iam em aumento.»

José Saramago. A Viagem do Elefante. Porto Editora. 2014., p. 17

 «(...), se todos os seus pecados forem dessa gravidade, tem o céu garantido.»

José Saramago. A Viagem do Elefante. Porto Editora. 2014., p. 16

 

adjetivo
1.
relativo a Mefistófeles, personagem demoníaca do folclore germânico
2.
malignopérfidodiabólico
3.
sarcástico

Vade retro, Satana!

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

The Devil Is a Busy Man

  Sunnyland Slim

American blues pianist

segunda-feira, 5 de setembro de 2022


 

 ''A luta política, entretanto, jamais excede a disputa pelo poder, pelo estatuto, pelo pedestal/trampolim; e o poder é apenas visto como  apropriação da regalia, ostentação da vaidade, usufruto do mero poleiro na gaiola. De tal modo, que o poder, doravante, é apenas "estar no poder". Já não é sequer meio para determinado fim segundo preliminar causa: É, mais uma vez, fim e causa em si mesmo - uma forma estritamente burguesa de conforto, uma masturbação social, um fetishismo político. Em bom rigor, nada mais que bacoco desfile,  show-off, exibição. Não há qualquer projecto ou projecção para lá do "estar no poder". Tudo se esgota nesse aparecer enquanto se pode, e nesse tudo fazer para estar o mais possível. Esvaziado da sua essência, fica o poder reduzido a mera aparência de poder, simulacro de governação, fazer de conta. Assim, o Poder "Democrático", tal qual se exibe - de imitação barata (mas financiada a peso de ouro) - nas nossas paragens, constitui dupla vacuidade e redundância: ambos, o poder e a sua forma (a "democracia") na  ausência mútua, reiterada e compulsiva de princípios e fins, confinam-se a meios absolutos, e tornam-se não modos de servir à comunidade, mas expedientes para se servirem dela. Pelo que, a finalidade do poder não é fazer qualquer coisa em prol do país: é apenas fazer do país estância. Albergue. Hospedaria. As eleições pouco ou nada definem (e ainda menos implementam), de qualquer programa minimamente efectivo para a vida do quadrienalmente lambuzado povo: apenas determinam quem vai "estar", e de que modo, hospedado no erário público nos próximos quatro anos. ''


Via Dragoscópio

terça-feira, 30 de agosto de 2022

 There are only four kinds of people in the world. 

Those who have been caregivers. 

Those who are currently caregivers. 

Those who will be caregivers, 

and those who will need a caregiver. 


Rosalynn Carter

sábado, 27 de agosto de 2022


 

 « Foi como caminhar com o meu corpo através de poemas de Homero.»

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 43

congenial

 « Os humildes tentavam passar despercebidos, tentavam apagar-se na sua pequenez como num refúgio.»

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 41

 « Um escritor que só pode ser compreendido por algumas pessoas não chega a ser inteiramente um escritor.»


Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 40

ritualisticamente

 «Os pobres são os pobres. Têm a pobreza.»

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 36

Nancy Sinatra and Lee Hazlewood - Summer Wine


 

Morte e Vida Severina

 João Cabral

« Fazer um prédio feio é tão caro como fazer um prédio bonito.»

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 33

 « O homem não tem equilíbrio interior e não tem equilíbrio na sua vida de relação quando é privado de beleza.»

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 33

« Cheirava a coisas limpas a mar e a cravos.»

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 31

 «(No ar, na cal, no vidro (...)»


Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 30

des.me.su.ra.do

«Tomar banho nos fetos do pinhal como tomar banho de mar na praia era a nossa união com a fidelidade do terrestre.» (Espólio SMBA, BNP)

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 28


 

« É um lugar profundamente imoral porque tem qualquer coisa morta em si. É como se houvesse qualquer coisa que impedisse as pessoas de se cumprirem, que as condenasse à falência, ao desencontro, à insatisfação.»


 Organização e Prefácio de Carlos Mendes de Sousa.

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 25

'' Às vezes tenho a sensação de um corpo em decomposição.''

 Organização e Prefácio de Carlos Mendes de Sousa.

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 25

 ''A máxima morbidez do saudosismo.''


Organização e Prefácio de Carlos Mendes de Sousa.

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 25

''Vade retro, satanás (...)''

ignotos

sábado, 20 de agosto de 2022


 

The Brian Jonestown Massacre - Fire Doesn't Grow On Trees

insulso

«(...), seara velha e requeimada de calores excessivos e águas destemperadas.»

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 388

«(...) cubra-se de lepra a minha mão direita se não é verdade.»

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 384

« É um dizer da boca para fora, se alivia, não remedeia, (...) »

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 383

« (...) puxou fogo ao trigo, tanto pão perdido, tanta fome agravada »

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 382

 «(...), mas de repente deu-lhe um estranho quebranto, não sei o que sinto, não é que esteja doente, nunca me senti tão bem, tão feliz, será do cheiro dos fetos apertados contra o meu peito, apertados, doce violência lhes faço a eles e a mim.»

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 379

quinta-feira, 18 de agosto de 2022


 

«, quando a esmola é grande, o pobre desconfia »

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 378

«, dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus,»

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 377

'' tudo dá cabo de nós''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 365

'' ninguém convence ninguém se não estiver convencido''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 365

«Acordam as aves de madrugada e não veem ninguém a trabalhar. Muito mudado vejo o mundo, diz a calhandra.» 

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 362

 «, quem rouba por precisão tem cem anos de perdão,»

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 355

Sometimes I Feel Like a Motherless Child


 

« Em abril, falas mil.»

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 352

paus-mandados

 «, uma palavra nunca vem só, mesmo a palavra solidão precisa de quem a sofra, »


José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 351

«Este falar é como as cerejas, pega-se numa palavra vêm logo outras atrás (...)»

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 351

 « Tendo nascido para trabalhar, seria uma contradição abusarem do descanso. A melhor máquina é sempre a mais capaz de trabalho contínuo, lubrificada que baste para não emperrar, alimentada sem excesso, e se possível no limite económico da simples manutenção, mas sobretudo de substituição fácil, se avariada está, velha outra, os depósitos desta sucata chamam-se cemitérios, ou então senta-se a máquina nos portais, toda ela ferrujosa e gemente, a ver passar coisa nenhuma, olhando apenas as mãos tristíssimas, quem me viu e quem me vê.»

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 347

'' quando é preciso até os mortos votam''

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 345

 «(...), e está a donzela no chão, mostrando suas íntimas penumbras,»

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 343


 

« Esse sangue, transformado em rosas,»

Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 135

''lavar-lhes-ás as feridas''

Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 121

''ave de mau agouro''

Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 117

'' que enigma é o coração humano''

Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 116

«A sua dor é daquelas que não se exprimem em palavras, (...)»

Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 116

« O seu sofrimento, ignoro-o, não o compreendo.»

Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 115


 

Ver-vos-ei

«melancólico, um triste, sempre de luto»

 


Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 82

''leis atávicas''

Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 92

« Creio que sofreis de muitas feridas.»

Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 88

«(...), e assim os vossos olhos dir-vos-ão mais, muito mais do que a vossa boca poderia perguntar, de maneira que preferis calar-vos.»

Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 87

comensalismo

Odetta – Sometimes I Feel Like Cryin' -(Full Vinyl LP)

deliquescer

« Tudo debalde.»

Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 82

'' venho de além-mar''

Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 81

''mergulhados em cruel desânimo''

 Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 80

terça-feira, 16 de agosto de 2022

segunda-feira, 15 de agosto de 2022




 

''momices hipócritas dos padrecas''

 Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 66

''azul salpicado de prata''

 Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 64

'' o coração entristecia-lhe, pesado e doloroso''

 Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 62

''diferença entre aquilo que um homem culto deve acreditar e a fé do vulgo.''

 Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 49

«Deus não quer que o homem viva em grande calma; envia-lhe a inquietação para a sua penitência, e incita-o a criar ele próprio o desassossego que o devora.»

 Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 48

''noiva da dor''

 Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 43

«(...) lágrimas de pura melancolia; a sua dor, porém era tão intensa que lágrima alguma conseguiria aliviar.»

 Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 43

''soltar da mão a ave amestrada com seus guizos''

 Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 19

«Mas basta de encómios!»

 Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 15


 

domingo, 14 de agosto de 2022

'' estava ocupada com lágrimas e maus pensamentos''

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 337

 

por desfastio
para entreter

'' sentia-se tão triste como se estivesse para morrer''

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 336

'' fingimento narrativo''

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 330

''Canseira que não acaba nunca, Um dia acabará,''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 326

'' se viesse a liberdade, e afinal a liberdade não veio''

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 326

''fumar ou beber são maneiras diferentes de fugir''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 326

Miles Davis - In A Silent Way


 

''amargor de boca''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 326

''febres do arrozal''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 282

'' são teimosias e determinações''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 281

'' a dor que isto dói''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 270

 « Mas adivinhar que o tormento irá renovar-se, reencontrar a dor conhecida, (...)»

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 269

 «não tem freio a imaginação dos infelizes»

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 260

 '' um pinhal que avançava quase até ao mar''

Sophia de Mello Breyner Andresen


 

despossessão

provincianismo

 '' A máxima morbidez do saudosismo.''

Sophia de Mello Breyner Andresen

'' um lugar-tempo''

 a desoras

fora de horas, muito tarde, inoportunamente

 « Comecei a inventar a histórias para crianças quando os meus filhos tiverem sarampo, [...] Mandei comprar alguns livros que tentei ler em voz alta. Mas não suportei a pieguice da linguagem nem a sentimentalidade da ''mensagem'': uma criança é uma criança, não é um pateta.»

Sophia de Mello Breyner Andresen

 


nome feminino
FILOSOFIA método praticado por Sócrates, e depois inspirado nele, que consiste em levar os espíritos a tomar consciência daquilo que sabem implicitamente, a exprimi-lo e a julgá-lo


 

''evocações memorialísticas''

Organização e Prefácio de Carlos Mendes de Sousa.

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 19

''almazinha''

'' as últimas rosas do outono''

convalidação

«(...) nudez da prosa clara e concisa de Sophia.»

 Organização e Prefácio de Carlos Mendes de Sousa.

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 13


 

mundividência

''todas as fissuras e rasgões''

 Organização e Prefácio de Carlos Mendes de Sousa.

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 13

«(...) ritmos do verso mimetizam os ritmos dos ventos e da ondulação dos mares (...)»

Organização e Prefácio de Carlos Mendes de Sousa.

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 13

«(...) dinamismo rítmico associado à transparência da linguagem.»

 Organização e Prefácio de Carlos Mendes de Sousa.

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 12

«Para ela, contar histórias sempre foi indissociável do modo poético de ver o mundo, isto é, de o viver.»

Organização e Prefácio de Carlos Mendes de Sousa.

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio&Alvim. 1ª Edição, 2021.

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

«Não podemos confundir absolutismo com princípio, ou substituir espectáculo por política, ou considerar insultos como um debate razoável.»

Barack Obama. Primeiro Discurso de Tomada de Posse. Proferido em Washington DC, a 20 de Janeiro de 2009

Henrique Monteiro. Grandes Discursos da História. Guerra e Paz, Editores, 2017., p. 202

 «Projectam uma democracia na qual o governo, seja ele qual for, esteja confinado a uma série de regras, incorporadas na constituição, para que não possa governar o país como lhe apetecer.»


Nelson Mandela. Primeiro Discurso de Tomada de Posse. Proferido na Cidade do Cabo, a 9 de Maio de 1994

Henrique Monteiro. Grandes Discursos da História. Guerra e Paz, Editores, 2017., p. 178


 

''padrões de saúde em declínio''

 nald Reagan. Derrube este muro! Proferido em Berlim Ocidental, a 12 de Junho de 1987

Henrique Monteiro. Grandes Discursos da História. Guerra e Paz, Editores, 2017., p. 179

 « A nossa política não é direccionada contra um país ou uma doutrina, mas contra a fome, a pobreza, o desespero e o caos.»

George Marshall

« Todo o homem é um berlinense, forçado a olhar para uma cicatriz.»


Ronald Reagan. Derrube este muro! Proferido em Berlim Ocidental, a 12 de Junho de 1987

Henrique Monteiro. Grandes Discursos da História. Guerra e Paz, Editores, 2017., p. 178

felonia

 « Só crivando-me de balas poderão impedir a minha vontade, que é fazer cumprir a vontade do povo.»


Salvador Allende. Os últimos discursos. Proferidos na rádio, aquando do golpe militar, a 11 de Setembro de 1973

Henrique Monteiro. Grandes Discursos da História. Guerra e Paz, Editores, 2017., p. 169

''não tenho perfil de apóstolo nem de messias''

Salvador Allende. Os últimos discursos. Proferidos na rádio, aquando do golpe militar, a 11 de Setembro de 1973

Henrique Monteiro. Grandes Discursos da História. Guerra e Paz, Editores, 2017., p. 169

« Diz a morte no inferno, Tens foice à tua espera,»

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 325

 «(...) vê que os seus olhos são imortais, estão ali depois de uma longa peregrinação »

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 316




 

 «(...) esta arca de sofrimento que o João Mau-Tempo transporta dentro do seu coração, cinquenta anos de padecer, »


José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 315

'' a última flor de sangue''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 312

''se viver é isto''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 307

''amanhã também é dia, como foi ontem''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 307

«(...) o sangue protestava insatisfeito, quanto mais cansados mais apetecia.»

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 306

domingo, 7 de agosto de 2022

'' um cordeiro cercado de serpentes''

 Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 10

«(...) não está sujeito às mutabilidades do «aqui» e do «além».»

Thomas Mann. O eleito. Publicações Europa-América. 1972., p. 9/10


 


Quando você for convidado pra subir no adro da fundação
Casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos, quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se olhos do mundo inteiro
Possam estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque um batuque
Com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária
Em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula
Não importa nada
Nem o traço do sobrado
Nem a lente do fantástico
Nem o disco de Paul Simon
Ninguém, ninguém é cidadão
Se você for a festa do pelô, e se você não for

Pense no Haiti
Reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui

E na TV se você vir um deputado em pânico
Mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer, qualquer
Plano de educação que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de democratização
Do ensino do primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a adoção
Da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco
Brilhante de lixo
Do Leblon
E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo
Diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

''um homem mesmo não querendo fere-o o desgosto''

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 306

« Esperei o que foi preciso, nunca se espera de mais nem de menos.»

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 300

''artifícios de retórica''

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 293

Construção


Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
como se fosse o último
(Beijou sua mulher) como se fosse a única
(E cada filho seu) como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair
Deus lhe pague
Pela mulher carpinteira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague


 

''artifícios de retórica''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 293

''caules secos do trigo''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 283

 ''miséria sarnosa e febril''


José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 282

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