domingo, 22 de dezembro de 2019
«Negro escravo para uma farda brilhante»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 17
«os olhos já lá não estão há muito.»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 16
sexta-feira, 20 de dezembro de 2019
quarta-feira, 18 de dezembro de 2019
Ainda tem necessidade de fotografar?
Tenho mais necessidade de escrever e de ler sobre fotografia do que de fazer fotografia. A fotografia para mim hoje tornou-se um fenómeno quase fantasma. Olho para certas coisas e vejo que ela é tão, tão fotografia que já não posso fotografá-la. O processo de beleza e de arte estão em diálogo. Quando você olha para uma flor e diz que é linda, você pode estar certa que ela também está achando você bonita. No diálogo as duas coisas não se desprezam, não se esquecem, atraem-se. O diálogo existe mesmo. Como existem várias coisas que me preocupam ligadas à arte e à própria fotografia. A questão da escuta é uma tese que ando a desenvolver.
E significa o quê?
Significa a escuta como uma memória, é uma ajuda. É que a memória é traiçoeira. Então penso no gesto. O que é o gesto? O gesto na arte, o teu gesto para fazer uma gravura é diferente do gesto de fazer uma pintura. O teu gesto significa o tempo para fazer uma escultura ou um desenho. O gesto é uma coisa real e precisa como um eletrocardiograma. Você pega uma pintura e põe e tira, depois põe e tira, até ao momento em que ela se fecha mas você não tem tempo para ficar. A escultura também você tira tanto, tanto, que chega a uma certa altura e pensa: o que é que foi importante? O que tirei ou o que ficou? Veja a experiência do cinema. Toda a gente sabe que um filme só é bom e está pronto quando é cortado no fim, a montagem é que é a definição do filme. É onde fica essa relação do que ficou e do que foi tirado. Se eu fosse cineasta ia aproveitar isso para fazer um filme sobre a saudade.
Teve saudades?
Saudades do que ficou. A saudade é tão importante que no campo da arte ela é não só saudade do que você já fez, como também saudade do futuro, do que tem de fazer.
Tenho mais necessidade de escrever e de ler sobre fotografia do que de fazer fotografia. A fotografia para mim hoje tornou-se um fenómeno quase fantasma. Olho para certas coisas e vejo que ela é tão, tão fotografia que já não posso fotografá-la. O processo de beleza e de arte estão em diálogo. Quando você olha para uma flor e diz que é linda, você pode estar certa que ela também está achando você bonita. No diálogo as duas coisas não se desprezam, não se esquecem, atraem-se. O diálogo existe mesmo. Como existem várias coisas que me preocupam ligadas à arte e à própria fotografia. A questão da escuta é uma tese que ando a desenvolver.
E significa o quê?
Significa a escuta como uma memória, é uma ajuda. É que a memória é traiçoeira. Então penso no gesto. O que é o gesto? O gesto na arte, o teu gesto para fazer uma gravura é diferente do gesto de fazer uma pintura. O teu gesto significa o tempo para fazer uma escultura ou um desenho. O gesto é uma coisa real e precisa como um eletrocardiograma. Você pega uma pintura e põe e tira, depois põe e tira, até ao momento em que ela se fecha mas você não tem tempo para ficar. A escultura também você tira tanto, tanto, que chega a uma certa altura e pensa: o que é que foi importante? O que tirei ou o que ficou? Veja a experiência do cinema. Toda a gente sabe que um filme só é bom e está pronto quando é cortado no fim, a montagem é que é a definição do filme. É onde fica essa relação do que ficou e do que foi tirado. Se eu fosse cineasta ia aproveitar isso para fazer um filme sobre a saudade.
Teve saudades?
Saudades do que ficou. A saudade é tão importante que no campo da arte ela é não só saudade do que você já fez, como também saudade do futuro, do que tem de fazer.
«(...) Acho que a imagem tem um nome: futuro.P
orquê futuro?Porque quando temos um passado esse passado é aquilo que fica e que nos dá a liberdade de criar o futuro. A única vantagem do passado é a de nos tornar livres. Depois temos o presente. O presente não é mais do que o arquivo, o museu, a lembrança, o acervo disponível e o futuro é exatamente aquilo que nós somos, todos os dias. Quando a gente se levanta, a gente é o futuro. Então essa é a grande lembrança do que é que significa a memória, a nossa infância. Estamos sempre a nascer, porque o futuro está à espera. Nós não vamos atrás dele. Então as minhas primeiras imagens são exatamente essas: a consciência do futuro.»
Fernando Lemos
orquê futuro?Porque quando temos um passado esse passado é aquilo que fica e que nos dá a liberdade de criar o futuro. A única vantagem do passado é a de nos tornar livres. Depois temos o presente. O presente não é mais do que o arquivo, o museu, a lembrança, o acervo disponível e o futuro é exatamente aquilo que nós somos, todos os dias. Quando a gente se levanta, a gente é o futuro. Então essa é a grande lembrança do que é que significa a memória, a nossa infância. Estamos sempre a nascer, porque o futuro está à espera. Nós não vamos atrás dele. Então as minhas primeiras imagens são exatamente essas: a consciência do futuro.»
Fernando Lemos
quinta-feira, 12 de dezembro de 2019
«Sem franqueza no sangue»
Corsino Fortes. pão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974., p. 58
«O sol na boca grávida''
Corsino Fortes. pão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974., p. 55
quarta-feira, 11 de dezembro de 2019
''Todo o sangue do teu corpo peregrino''
Corsino Fortes. pão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974., p. 39
''Um silêncio de tantas portas''
Corsino Fortes. pão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974., p. 10
''Um coração de terra batida''
Corsino Fortes. pão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974., p. 8
domingo, 1 de dezembro de 2019
'' a noite é como uma mulher nua.''
Paula Cristina Lima Freitas
15 anos
Escola Secundária da Lagoa, Lagoa, Portugal
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 181
(...)
«Amo alguém tristemente
que, na fúria da mente,
me enlouqueceu.
Amo alguém que, em sua vida,
encontrou a saída
e me esqueceu.»
Mayra Alessandra Bighete S. Lutus
14 anos
S. Paulo, Brasil
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 176
''Desgostos já tanto chorados.''
Cláudia Sofia Ponosca Palmeiro
13 anos
Cacém, Portugal
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 169
''Mula-sem-cabeça''
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 161
''Suponha que eu pense, e não possa pensar.''
Patrícia Menezes Pedreira da Silva
13 anos
Rio de Janeiro, Brasil
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 159
''ondas gordas e cheias de espuma''
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 150
''brilho de perdão''
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 136
sexta-feira, 29 de novembro de 2019
I walk along the street of sorrow
The boulevard of broken dreams
Where gigolo and gigolette
Can take a kiss without regret
So they forget their broken dreams
The boulevard of broken dreams
Where gigolo and gigolette
Can take a kiss without regret
So they forget their broken dreams
You laugh tonight and cry tomorrow
When you behold your shattered schemes
And gigolo and gigolette
Wake up to find their eyes are wet
With tears that tell of broken dreams
When you behold your shattered schemes
And gigolo and gigolette
Wake up to find their eyes are wet
With tears that tell of broken dreams
Here is where you'll always find me
Always walking up and down
But I left my soul behind me
In an old cathedral town
Always walking up and down
But I left my soul behind me
In an old cathedral town
The joy that you find here, you borrow
You cannot keep it long, it seems
But gigolo and gigolette
Still sing a song and dance along
The boulevard of broken dreams
You cannot keep it long, it seems
But gigolo and gigolette
Still sing a song and dance along
The boulevard of broken dreams
Da, da, da, da, da, da, da
Da, da, da, da, da, da, da
Da, da, da, da, da, da, da
Da, da, da, da, da, da, da
Da, da, da, da, da, da, da
Da, da, da, da, da, da, da
Da, da, da, da, da, da, da
The joy that you find here, you borrow
You cannot keep it long, it seems
But gigolo and gigolette
Still sing a song and dance along
The boulevard of broken dreams
You cannot keep it long, it seems
But gigolo and gigolette
Still sing a song and dance along
The boulevard of broken dreams
Fonte: LyricFind
Compositores: Al Dubin / Harry Warren
Letras de Boulevard Of Broken Dreams
Etiquetas:
cantora e atriz britânica,
letras de canções,
Marianne Faithfull,
vídeos
Com uma pergunta, o Zaratustra de Nietzsche
(2011, p. 46) pode ainda nos perturbar e inquietar,
provocando a reflexão: “[e] também vós, para quem
a vida é furioso trabalho e desassossego: não estais
muito cansados da vida?”
Nietzsche, Friedrich. (2011), Assim falou Zaratustra: um livro para todos e para ninguém. São Paulo, Companhia das Letras.
Nietzsche, Friedrich. (2011), Assim falou Zaratustra: um livro para todos e para ninguém. São Paulo, Companhia das Letras.
''dialogando
com obras de escritores e artistas diversos – entre os
quais despontam não apenas os já citados (Nietzsche,
Melville, Handke, Agamben), mas também Kafka,
Maurice Blanchot, Cézanne, Merleau-Ponty, Walter
Benjamin, Theodor Adorno, Hannah Arendt, Jean
Baudrillard e Roberto Esposito –, Byung-Chul Han
apresenta em seu Sociedade do cansaço uma reflexão
percuciente para o público leitor compreender melhor o modo de funcionamento da sociedade capitalista contemporânea. ''
''(...)para Han, o estado de esgotamento na sociedade atual não provém desse tipo de
potência, mas do excesso de positividade (leia-se:
estímulos). A leitura de 24/7 – Capitalismo tardio e
os fins do sono pode ratificar o sentido da experiência
social analisado por Byung-Chul Han. Nesse livro, o
professor de história da arte Jonathan Crary (2016)
evidencia de que forma a presença constante de estímulos tende a impedir o desligamento do indivíduo,
que dorme hoje em sleep mode. Inspirada nas máquinas, essa expressão recorrente e apenas aparentemente inócua dá a ver a ideia de que o indivíduo
está em “modo de consumo reduzido”, à disposição,
superando a lógica “desligado/ligado”, “de maneira que nada está de fato ‘desligado’ e nunca há um
estado real de repouso” (Crary, 2016, pp. 22-23).
Trazendo à tona projetos científicos, tecnológicos
e laboratoriais cujo objetivo consiste em reduzir ou
eliminar o sono, o norte-americano mostra que tais
empreendimentos – supostamente inacreditáveis –
são consonantes à cultura moderna ocidental que
deprecia o sono desde a estimação positiva de conceitos e valores como produtividade, racionalidade,
consciência, vontade, objetividade, ação, desempenho. Na cultura ocidental contemporânea “24/7”,
na qual impera o regime de trabalho non-stop, o
sono se apresenta como a única dimensão existencial
ainda não colonizada pelo capitalismo.''
Han, Byung-Chul
''O sistema capitalista mudou o registro da exploração
estranha para a exploração própria, a fim de acelerar o processo. […] Hoje, vivemos numa época pós-marxista. No
regime neoliberal a exploração tem lugar não mais como
alienação e autodesrealização, mas como liberdade e autorrealização. Aqui não entra o outro como explorador,
que me obriga a trabalhar e me explora. Ao contrário, eu
próprio exploro a mim mesmo de boa vontade na fé de
que possa me realizar. E me realizo na direção da morte.
Otimizo a mim mesmo para a morte (pp. 105 e 116).''
Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
''Experimenta-se o “tempo de trabalho total” – expressão que nos remete, às avessas da suposta liberdade
individual sustentada pelos arautos do neoliberalismo, à noção de um “trabalho totalitário”. “A própria
pausa se conserva implícita no tempo de trabalho.
Ela serve apenas para nos recuperar do trabalho,
para poder continuar funcionando” (p. 113)''
Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
''(...)sociedade pós-disciplinar que
absolutiza desempenho e produção. “O excesso de
trabalho e desempenho agudiza-se numa autoexplo-
338 Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 30, n. 3
Resenhas, pp. 335-342
ração. […] Os adoecimentos psíquicos da sociedade
de desempenho são precisamente as manifestações
patológicas dessa liberdade paradoxal” (p. 30).''
Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
''mensagens da indústria cultural''
Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
A coação de desempenho força-o [o sujeito narcísico
de desempenho] a produzir cada vez mais. Assim, jamais
alcança um ponto de repouso da gratificação. Vive constantemente num sentimento de carência e de culpa. E visto
que, em última instância, está concorrendo consigo mesmo, procura superar a si mesmo até sucumbir. Sofre um
colapso psíquico, que se chama de burnout (esgotamento).
O sujeito de desempenho se realiza na morte. Realizar-se e
autodestruir-se, aqui, coincidem (pp. 85-86).
''(...)para as relações
sociais de produção capitalista contemporânea, o sujeito de desempenho pode explorar-se a si próprio de
modo ainda mais efetivo “quando se mantém aberto
para tudo” (p. 96).''
Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
“sociedade do desempenho”
Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
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