segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Escrevia Fernando Pessoa, há quase cem anos atrás:

«A nossa civilização corre o risco de ficar submersa como a Grécia (Atenas) sob a extensão da democracia, de cair inteiramente nas mãos dos escravos, ou então de ficar como Roma, não nas mãos de imperadores filhos do acaso e da decadência, mas de grupos financeiros sem pátria, sem lar na inteligência, sem escrúpulos intelectuais e sem causa em Deus.»

"Meu coração é um almirante louco
que abandonou a profissão do mar
e que a vai relembrando pouco a pouco
em casa a passear, a passear...
No movimento (eu mesmo me desloco
nesta cadeira, só de o imaginar)
o mar abandonado fica em foco
nos músculos cansados de parar.
Há saudades nas pernas e nos braços.
Há saudades no cérebro por fora.
Há grandes raivas feitas de cansaços.
Mas - esta é boa! - era do coração
que eu falava... e onde diabo estou eu agora
como almirante em vez de sensação?..."

-"Amar É Pensar: Antologia de Poemas de Amor"
- Fernando Pessoa
"Temos de fingir que toda esta crueldade não significa nada. Lavamos o sangue com baldes de água gelada e caiamos as nossas paredes."

Tony Gerber
"Quando alguém desce, abaixo do campanário, os degraus, então o silêncio é vida; pois quando o corpo é vida; pois quando o corpo a tal ponto se destaca, depressa se forma uma figura do homem. As janelas de onde tocam os sinos parecem portas da beleza. Sim, as portas, parecendo ainda natureza, são à imagem das árvores da floresta. A pureza, que é simplicidade, é também bela."

-"Pelo Infinito"
- Friedrich Hölderlin 

domingo, 3 de janeiro de 2016

''psicanálise do fogo''



«(...) As pessoas são como são! Umas são inteligentes, outras são imbecis. Tu deverias ler os livros, em vez de andares para aí a tagarelar. Nos livros, naqueles que são bons, tudo deve estar explicado.»


Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 167

«(,,,) e, de repente, o medo invadiu-me.»


Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 164

« - O Senhor disse que o homem devia sofrer, então, que sofra! Não podes fazer nada, é esse o seu destino...
   Escuto essas palavras com dissabor, exasperam-me: não posso suportar a infâmia, recuso-me a aceitar que sejam desconfiados, injustos e malcriados comigo; sei perfeitamente que não mereço tal atitude. »

Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 162


acabrunhamento


«Precisamos de ter piedade das pessoas, são todas infelizes; a vida é dura para toda a gente...»

Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 161

Marianne Breslauer - Self-Portrait (1933)


«Os homens podem fazer-nos enlouquecer, meu amigo, eles podem...Eles atacam como os percevejos, e acabou-se! Não há nada a fazer, são verdadeiros percevejos! Ou pior do que percevejos!...»

Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 161

«Tinha vontade de chorar, as lágrimas borbulhavam no meu peito e queimavam-me o coração; sentia-me realmente mal.»

Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 139

UMA CARRAÇA CORREDORA E UM DESGOSTO

Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 63

Elliott Erwitt, Bratsk, Siberia, 1967


«Então sentiu o coração despedaçar-se, teve ciúmes, zangou-se, chorou e odiou toda a gente. Tom era o mais detestado, pensava ela.»
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 40

«Uma certa Amy Lawrence desapareceu do seu coração sem deixar atrás de si o mais leve rasto. Pensara amá-la até à loucura, julgara a sua paixão uma espécie de idolatria, e agora via que não passava de uma simples inclinação. Levara meses a conquistá-la e, quando, uma semana antes, se decidira a aceitá-lo, julgara-se o rapaz mais feliz do mundo. Acontecera isto há uns escassos sete dias quando, ali, num instante, ela deixou de fazer parte da sua vida, como uma estranha que tivesse passado por ela.»

Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 26

FEITOS DE GUERRA E AMOR

Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 24
«Se eu fosse rico, mandava-te frequentar a escola. Um homem sem instrução é como uma besta de carga: só serve para puxar a charrua e para o matadouro, só sabe agitar a cauda...»
Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 146

« - Porque metes medo a toda a gente, se és tão boa pessoa?»


Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 146

« - A estrela adormeceu.»

Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 145
« O cigarro ao canto da boca continua a arder; num gesto feito com a língua, puxa longas fumaças e o seu rosto quase desaparece no meio do fumo. Por vezes, parece-nos que adormeceu; páro de ler e observo o maldito livro, que me enche o coração de angústia.»

Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 139

«É preciso sempre saber excitar as mulheres - explica Iakov para Serge e Máximo, que o escutam com toda a atenção e têm um aspecto corado.»

Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 138

Edward Hartwig, Lublin - Brama Krakowska, 1930



«A morte é obra de Deus; o ponto onde Deus toca no Homem.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 284/5

de martírio em martírio



« O espírito é uma ave carnívora que jamais cessa de ter fome, que devora a carne e a faz desaparecer, assimilando-a.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 277

« - Foi assim que tu quebraste o meu coração, Senhor! Não quero viver mais!»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 274

sábado, 2 de janeiro de 2016


«Os seus lábios tinham-se azulado.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 268

«Mas então eu era forte. Não me vejas como sou agora, envelheci, consumi-me, estou encarquilhado como uma passa. Mas naquele tempo o meu sangue estava em ebulição, não podia ficar de braços cruzados. A oração não me acalmava o suficiente. Deitei-me ao trabalho. Fiz caminhos por onde viemos fui eu que os construí. Fi-los - era o meu ofício, para isso é que eu tinha nascido.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 267

«O seu rosto corara. Acabava de se lembrar que se libertara do mundo e sentia-se imensamente feliz.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 267

Deus é «fogo que arde».


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 266


« - Padre Pacómio, como imaginas tu Deus?
Ele olhou-me, interdito, e depois de reflectir um pouco respondeu:
-Como um pai que ama os seus filhos.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 265

«Gritavam, esganiçavam-se, mas nenhum deles conseguia convencer o outro.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 263

«Só no deserto nascem as almas selvagens e indómitas que se rebelam contra o próprio Deus, se mantém de pé perante ele, e o seu espírito brilha quase consubstanciado no de Deus. E Deus vê-os e admira-os porque neles o seu sopro não se corrompeu nem se rebaixou, tornando-se homem.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 263

« Ao romper do dia levantei-me. Tinha pressa de ir para o deserto.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 263

"À minha volta reprovava-se a mentira, mas fugia-se cuidadosamente da verdade."

 Simone de Beauvoir

nefelibata



adjetivo de 2 géneros
1. que não tem o sentido das realidades
2. (escritor) que cultiva a forma em demasia

nome de 2 géneros
1. pessoa que anda nas nuvens, longe da realidade
2. escritor que cultiva exageradamente a forma, fugindo aos processos literários simples e conhecidos

abracadabras mágicas

panaceia

nome feminino
1. planta imaginária a que se atribuía a virtude de curar todas as doenças
2. figurado remédio para todos os males

O toque de Midas

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