segunda-feira, 14 de julho de 2014

A teia

Tenho maneira de te convencer
Tenho modo e jeito para te prender
Tenho maneira de te convencer
Tenho modo e jeito para te prender

Vais perder a confiança
Vais perder a segurança
Que tu tens em ti
Olha bem p'ra mim
Não podes fugir
Não podes fugir
Não vais conseguir
Não vais resistir
Começa a sorrir
Tu estás dentro da minha teia
De onde não podes fugir, não
De onde não podes fugir, não
«Poeira, secura, solidão. E por toda a parte o odor quente do trigo, espesso e lascivo, fundindo-se com o mofo daquelas terras onde os restolhos apodreciam até que o arado, na próxima sementeira, os sepultasse no subsolo. E também os pensamentos mergulhavam nesse charco, sem que um vendaval, chuva, serras, árvores, vento, os revolvesse e tornasse límpidos. Joana, fugindo da charneca, fugindo do trigo, fugia dos seus pensamentos estagnados.»

Fernando Namora. O Trigo e o Joio, Círculo de Leitores., p. 221
Oh, where have you been, my blue-eyed son?
Oh, where have you been, my darling young one?
I’ve stumbled on the side of twelve misty mountains
I’ve walked and I’ve crawled on six crooked highways
I’ve stepped in the middle of seven sad forests
I’ve been out in front of a dozen dead oceans
I’ve been ten thousand miles in the mouth of a graveyard
And it’s a hard, and it’s a hard, it’s a hard, and it’s a hard
And it’s a hard rain’s a-gonna fall


Oh, what did you see, my blue-eyed son?
Oh, what did you see, my darling young one?
I saw a newborn baby with wild wolves all around it
I saw a highway of diamonds with nobody on it
I saw a black branch with blood that kept drippin’
I saw a room full of men with their hammers a-bleedin’
I saw a white ladder all covered with water
I saw ten thousand talkers whose tongues were all broken
I saw guns and sharp swords in the hands of young children
And it’s a hard, and it’s a hard, it’s a hard, it’s a hard
And it’s a hard rain’s a-gonna fall

And what did you hear, my blue-eyed son?
And what did you hear, my darling young one?
I heard the sound of a thunder, it roared out a warnin’
Heard the roar of a wave that could drown the whole world
Heard one hundred drummers whose hands were a-blazin’
Heard ten thousand whisperin’ and nobody listenin’
Heard one person starve, I heard many people laughin’
Heard the song of a poet who died in the gutter
Heard the sound of a clown who cried in the alley
And it’s a hard, and it’s a hard, it’s a hard, it’s a hard
And it’s a hard rain’s a-gonna fall


Oh, who did you meet, my blue-eyed son?
Who did you meet, my darling young one?
I met a young child beside a dead pony
I met a white man who walked a black dog
I met a young woman whose body was burning
I met a young girl, she gave me a rainbow
I met one man who was wounded in love
I met another man who was wounded with hatred
And it’s a hard, it’s a hard, it’s a hard, it’s a hard
It’s a hard rain’s a-gonna fall


Oh, what’ll you do now, my blue-eyed son?
Oh, what’ll you do now, my darling young one?
I’m a-goin’ back out ’fore the rain starts a-fallin’
I’ll walk to the depths of the deepest black forest
Where the people are many and their hands are all empty
Where the pellets of poison are flooding their waters
Where the home in the valley meets the damp dirty prison
Where the executioner’s face is always well hidden
Where hunger is ugly, where souls are forgotten
Where black is the color, where none is the number
And I’ll tell it and think it and speak it and breathe it
And reflect it from the mountain so all souls can see it
Then I’ll stand on the ocean until I start sinkin’
But I’ll know my song well before I start singin’
And it’s a hard, it’s a hard, it’s a hard, it’s a hard
It’s a hard rain’s a-gonna fall

Edinburgh Girl in dark dress, 1958.


«Levantou-se subitamente, com os olhos orvalhados, e escondeu-se em casa para chorar à vontade.»

Fernando Namora. O Trigo e o Joio, Círculo de Leitores., p. 204
«E apetecia-lhe estoirar o cérebro e ao carne de encontro às pedras, às árvores, aos astros, de encontro a alguma coisa, ainda não identificada, onde se devia acoitar o responsável da sua desgraça. Loas semicerrou os olhos a esse pensamento capcioso, lento, terrível. Todo ele se encolheu, de pêlos eriçados, como um bicho à espreita do assalto de outro bicho. Que sentia no seu cérebro? Sonho, génio, loucura - apenas tragédia? Havia nele uma zona obscura e esquiva, que afinal temia explorar, um inacessível inferno donde brotavam lavas, clarões fugazes, iluminando-lhe o pensamento para o logo escurecer. Donde partira a sua desgraça?»



Fernando Namora. O Trigo e o Joio, Círculo de Leitores., p. 198
«Depois dos dias incertos de Outono, nuvens esparsas correram de todos os lados do horizonte, fechando o céu num cinzento pesado e definitivo - e, então, a chuva persistiu durante semanas. Às vezes diminuía para ser apenas nevoeiro, uma poalha húmida, outras vezes corria torrencialmente, arrasando as belgas. Nas madrugadas, a geada encaramelava os alqueives e Barbaças era dos que iam apanhar as lebres na cama, atordoadas da invernia.»


Fernando Namora. O Trigo e o Joio, Círculo de Leitores., p. 187
«Manhã cedo, Loas encaminhou-se para o interior da charneca, lá onde os montados areentos, às vezes com a giesta da altura de um homem, isolavam os casais do resto do mundo. Quem sabe se o albardeiro se teria ali refugiado? Os camponeses ficavam a meia porta, ou no escuro dos postigos, assim que o Loas, no seu passo irritadiço, desafiando os ladros dos cães, lhes surgia por entre os silvados. Um albardeiro? Sim, andara por aí um homem com uma albarda às costas, mostrando-a a toda a gente, mas não tinha cara de ladrão.»


Fernando Namora. O Trigo e o Joio, Círculo de Leitores., p. 183
«As árvores já húmidas do Outono friorento balouçavam docemente no entardecer, pelas folhas corria um frémito que os ouvidos percebiam como um arrepio. Loas abria as narinas e esse aroma de erva molhada, de seiva que brotava da terra. A terra exalava a plenitude de um ventre fecundado.»
 

Fernando Namora. O Trigo e o Joio, Círculo de Leitores., p. 182

Surreal Self-Portrait Photography by Noell S. Oszvald


niquento

1. Que se ocupa de ninharias.
2. Que não se contenta facilmente.
3. Que se ofende facilmente. = MELINDROSO
«Loas parecia satisfeito, mas logo os seus olhos claros procuraram a inspiração das distâncias. As pessoas da courela tinham razões para temer esse olhar que se estendia pela charneca, que ultrapassava a charneca, que fugia das coisas próximas e concretas, perdendo-se num mundo interdito.»

Fernando Namora. O Trigo e o Joio, Círculo de Leitores., p. 181
«Por essa altura vieram as primeiras chuvas. Inopinadamente, no céu liso, formavam-se nuvens espessas, acastelando-se umas sobre as outras, e logo a trovoada se desfazia com a rapidez que começara. Na terra ardente, as grossas gotas de chuva deixavam cicatrizes, com o cheiro de carne queimada. »

Fernando Namora. O Trigo e o Joio, Círculo de Leitores., p. 173

A luz começava a envelhecer

«A luz começava a envelhecer. Casas, árvores, nuvens, desagregavam-se numa melancólica paisagem de Outono, que trazia a doçura e serenidade, mas que também se carregava do sombrio presságio de quando os dias estão prestes a morrer.»

Fernando Namora. O Trigo e o Joio, Círculo de Leitores., p. 169/170

«Que precisava um homem para ser feliz? A vila estava pejada de homens que nasciam e morriam de mãos vazias e de outros que nasciam e morriam num permanente fastio de já nada terem para desejar.»

Fernando Namora. O Trigo e o Joio, Círculo de Leitores., p. 158

domingo, 13 de julho de 2014

«Bakhtine intervém na questão em que se debate a delimitação entre as ciências naturais e as ciências humanas com várias teses fundamentais: para ele, o que é essencial no homem enquanto «objecto» das ciências humanas é o facto de o homem ser um ser-que-fala («parlêtre» dirá Lacan). Porque as ciências humanas não estudam tudo o que diz respeito ao homem, mas apenas aquilo que no homem existe de especificamente humano
 
 
 
Eduardo Prado Coelho. A Mecânica dos Fluidos. Literatura, cinema, teoria. Imprensa Nacional - Casa da Moeda. p. 243
«Chaque personne qui nous fait soffrir peut être rattachée par nous à une divinité dont elle n'est qu'un reflet fragmentaure et le dernier degré, divinité dont la cintemplation en tant qu'idée nous donne aussitôt de la joie au lieu de la peine que nous avions. Tout l'art de vivre, c'est de nous servir des personnes qui nous font souffrir comme d'un degré permettant d'accéder à sa forme divine et de pleurer ainsi journellement notre vie de divinités».

Rohmer

HEAD Fritz Kahn (1888–1968)


incomodidade

Le Temps Retrouvé

''espaço de perturbação e prazer''

Rohmer

re-produz

A crítica portuguesa

«(...) a crítica portuguesa é quase inteiramente feita de opiniões, isto é, de atribuição de pontuações, que os críticos depois fundamentam em textos de maior ou menor envergadura, mas estas opiniões desenvolvidas, e por vezes sustentadas nalguma erudição cinéfila ou nalgum humor mais ou menos corrosivo, raramente ultrapassam o plano da mera opinião e conseguem ser interpretações do filme capazes de acrescentar alguma coisa à literatura do espectador. Isto é, quase nada se aprende ao ler a crítica portuguesa.»
 
 
 
Eduardo Prado Coelho. A Mecânica dos Fluidos. Literatura, cinema, teoria. Imprensa Nacional - Casa da Moeda. p. 224

«(...) cada ser está bem na sua própria pele, mas a pele é aqui uma superfície libidinal sem fim onde nomes e rostos se esbatem.»
 
 
Eduardo Prado Coelho. A Mecânica dos Fluidos. Literatura, cinema, teoria. Imprensa Nacional - Casa da Moeda. p. 205

glass lady

«(...) mas é de Shakespeare que vem a lição de uma loucura que se apossa das pessoas e faz sobrepor a dança do desejo à estabilidade do amor.»
 
 
Eduardo Prado Coelho. A Mecânica dos Fluidos. Literatura, cinema, teoria. Imprensa Nacional - Casa da Moeda. p. 205
«There's a hole Were you're supposed to be
There's nobody lying next to me dear Yoko»



John Lennon. Canções (1968-1980) Colecção Rock On n.º 5. Centelha., p.191
«(...)


Não tenhas medo de ir ao inferno e voltar
Não tenhas medo de ir ao inferno e voltar
Não tenhas medo de ter medo.»


John Lennon. Canções (1968-1980) Colecção Rock On n.º 5. Centelha., p.189

Myrdrith 1931


«People asking questions lost in confusion
Well I tell them there's no problema, only solutions
Well they shake their heads and look at me as if I've lost my mind
I tell them there's no hurry...
I'm just sitting here doing time»


John Lennon. Canções (1968-1980) Colecção Rock On n.º 5. Centelha., p.183

KISS KISS KISS

Kiss kiss kiss kiss me love
Just one kissm kiss will do
Kiss kiss kiss kiss me love
Just one kiss, kiss will do

Why death
Why life
Warm hearts Cold darts

Kiss kiss kiss kiss me love
I'm bleending inside

It's long, long story to tell
And I can only show you my hell

Touch touch touch touch me love
Just one touch, touch will do
Touch touch touch touch me love
Just one touch, touch will do

Why me
Why you
Broken mirror
White terror

Touch touch touch touch me love
I'm shaking inside

It's that faint sound of the childhood bell
Ringing in my soul

Kiss kiss kiss kiss me love
Just one kiss, kiss Will do



John Lennon. Canções (1968-1980) Colecção Rock On n.º 5. Centelha., p.170

sexta-feira, 11 de julho de 2014

''Uma conspiração de silêncio fala mais alto que as palavras''.

Dr. Winston O'Boogie
«(...)

I'm tired. I'm tired, I'm tired
Of being so alone
No place to cal my own
Like a rollin'stone.»


John Lennon. Canções (1968-1980) Colecção Rock On n.º 5. Centelha., p.147

«A maldição dos olhos verdes directamente do teu coração.»

-The green eyed goddamn comumente The green eyed monster representa a deusa dos ciúmes.


John Lennon. Canções (1968-1980) Colecção Rock On n.º 5. Centelha., p.147

terça-feira, 8 de julho de 2014

«Daí que a fotografia seja essa «alucinação partilhada» onde se conjuga «a Loucura e qualquer coisa de que não sei bem o nome. Começarei por chamar-lhe o sofrimento do amor.»

Barthes
«A minha casa está só, e já os amigos raramente me visitam, observando cada vez mais o meu gosto pela solidão.»

António Ramos Rosa

Longtemps

La folie du jour

Maurice Blanchot

Mourir

«Mourir, c'est passer à travers le chas de l'aiguille après de multiples feuillaisons. Il faut aller à travers la mort pour émerger devant la vie, dans l'état de modestie souveraine.»

René Char

«Trust me darlin' come on listen to me
Come on listen to me, como on listen, listen»


John Lennon. Canções (1968-1980) Colecção Rock On n.º 5. Centelha., p.139
«It's hard enough I know just to feel your own pain
It's hard enough I Know to feel your own pain»


John Lennon. Canções (1968-1980) Colecção Rock On n.º 5. Centelha., p.111

Declaração de Loucutopia


Anunciamos o nascimento dum
país conceptual, LOUCUTOPIA.

A cidadania do país pode
obter-se por declaração da tua
consciência de LOUCUTOPIA.

LOUCUTOPIA não tem território, nem fronteiras,
nem passaportes, só pessoas.

LOUCUTOPIA não tem outras leis
que não sejam as cósmicas.

Todas as pessoas da LOUCUTOPIA são
embaixadores do país.

Como dois embaixadores de LOUCUTOPIA
pedimos imunidade diplomática e
reconhecimento nas Nações Unidas
do nosso país e o seu povo.

Yoko Ono Lennon

John Ono Lennon


John Lennon. Canções (1968-1980) Colecção Rock On n.º 5. Centelha., p.111

«Don't think they didn't about Hitler.»

There are no birds in Viet - Nam

Gooks: palavra racista para designar os vietnamistas

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