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segunda-feira, 21 de maio de 2012

«Eu também, patrão, tenho assim um diabo em mim e chamo-lhe Zorba. O Zorba de dentro não quer envelhecer, não envelheceu, nunca envelhecerá. É um comilão, tem os cabelos pretos como um corvo, trinta e dois dentes e um cravo vermelho atrás da orelha. Mas ao Zorba de fora deu-lhe a bolha, pobre-diabo, apareceram-lhe os cabelos brancos, tem rugas, está encarquilhado, os dentes caem-lhe e a grande barriga está cheia de pêlos brancos da velhice, de compridas crinas de burro.»




Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 159
«Numa outra vida», murmurei, sorrindo amargamente, «numa outra vida conduzir-me-ei melhor!»
 
 
Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 135

'' o coração do homem é uma sepultura cheia de sangue''

Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 131

segunda-feira, 7 de maio de 2012

«Tinha caído tanto, que se tivesse de escolher entre ficar apaixonado por uma mulher e ler um bom livro sobre o amor, teria escolhido o livro.»
 
 
Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 112
«Grécia, pátria, dever, na verdade nada querem dizer, mas é por esse nada que vamos morrer voluntariamente.»
   Mas porque te escrevo isto? Para te dizer que nada esqueci do que vivemos juntos. Para ter também uma ocasião de exprimir aquilo que nunca, por causa do hábito bom ou mau que adoptámos de nos contermos, me é possível revelar quando estamos juntos.
     Agora que não estás na minha frente, que não vês a minha cara e que não corro o risco de parecer ridículo, digo-te que te amo muito.»
 
 
Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 103
«Bem sabes como estas meditações cruéis, longe de me fazerem recuar, são, pelo contrário atiçadoras indispensáveis da minha chama interior.»
 
 
 
Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 101
«Ao espírito voltam todas as recordações amargas enterradas no coração - separações de amigos, sorrisos de mulheres que se apagaram, esperanças que perderam as asas como borboletas de que só resta o verme. E o verme está pousado nas folhas do meu coração e rói-as.»
 
 
 
Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 99

A mulher é a história eterna.

« Amaste-a assim tanto, a essa Nussa? - perguntei uns instantes mais tarde.
  Zorba abriu os olhos.
   - Tu és novo, patrão, és novo, não podes compreender. Quando também tiveres cabelos brancos, voltaremos a falar dessa eterna história.
     -Que história eterna?
     - A mulher, claro! Quantas vezes é preciso repetir-te? A mulher é uma história eterna. Para já, és como os galos novos que cobrem as galinhas em dois tempos e em três movimentos e depois incham o papo, sobrem ao monte de estrume e põem-se a cantar e a pavonear-se. Não é para a galinha que olham, é para a crista deles. Sendo assim, podem perceber do amor? Nada de nada.»
 
 
 
Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 97-8
« - É que já tenho cabelos brancos, patrão, e os dentes começam a tremer; já não tenho tempo a perder. Tu és novo, podes ter paciência ainda. Eu não posso. Palavra de honra, quanto mais velho me faço, mais selvagem fico! Não me venham cá contar que a velhice abranda o homem e lhe acalma o ardor! Nem que ao ver a morte ele estica o pescoço, dizendo: «Corta-me a cabeça, se fazes o favor, para que eu vá para o Céu!» Eu, quanto mais velho  mais rebelde. Não cedo, quero conquistar o mundo!»
 
 
Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 65

domingo, 6 de maio de 2012

sábado, 5 de maio de 2012

''Quando eu morrer, tudo morrerá.''

Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 63

«Quando o patrão é duro, os operários, temem-no, respeitam-no e trabalham. Quando o patrão é fraco, tiram-lhe as rédeas e andam devagar. »



Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 61

domingo, 29 de abril de 2012


«Eu não reflectia, nada procurava, não tinha qualquer dúvida. Vivia na certeza.»



Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 53
« Jovem ou decrépita, bela ou feia, isso eram os pormenores sem importância, variantes. Por detrás de cada mulher levanta-se, austera, cheia de mistério, a face de Afrodite.
     Ora, este rosto que Zorba via era a ele que falava e desejava; dona Hortênsia não passava de uma máscara efémera e transparente que Zorba rasgava para beijar a boca eterna.
     - Levanta o teu pescoço de neve, meu tesouro - continuou em tom de súplica anelante -, levanta o teu pescoço de neve, e deita cá para fora a tua canção!»


Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 50

«Eu, meu filho, ajo como se nunca devesse morrer». Eu respondo-lhe: «Eu ajo como se devesse morrer a cada instante.»


Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 42
« - Que podes tu dizer? - disse, medindo-me com o olhar ... - Se bem percebo, a tua senhoria nunca teve fome, nunca matou, nunca roubou, nunca se deitou com a mulher do próximo. Que podes tu saber, pois, do mundo? Espírito puro, carne que não conhece o sol... - murmurou com evidente desprezo.»



Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 28

O homem é um animal feroz quando novo; sim, patrão, um homem feroz que come homens!

«Mas, naquela época, estás a ver que me fervia o sangue, Não me ficava a esmiuçar a questão. Para pensar bem e honestamente é preciso ter calma, idade e falta de dentes. Quando já não se tem dentes é fácil de dizer: «É uma vergonha, rapazes, não mordam mais!» Mas quando temos os trinta e dois dentes...O homem é um animal feroz quando novo; sim, patrão, um homem feroz que come homens!»


Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 27
« - Aborrece-te falar, Zorba?
  - Não é que me aborreça, patrão - respondeu -, mas custa-me fazê-lo.
  -Custa-te? Porquê?
  Não respondeu imediatamente. Passeou lentamente, mais uma vez o olhar ao longo da margem. Tinha dormido na ponte e os cabelos grisalhos e ondulados pingavam do orvalho. Todas as rugas profundas do rosto, do queixo e do pescoço eram iluminadas até ao fundo pelo Sol nascente. Por fim os lábios grossos e pendentes, como os de um bode, mexeram.
   - De manhã custa-me a abrir a boca. Custa-me muito, desculpa.»




Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 25/6
« - Luas velhas! - murmurava com desprezo. - Não têm vergonha!
   - Que quer isso dizer: luas velhas, Zorba?
   - Mas tudo isso: reis, democracias, deputados! Que mascarada!»



Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 22

domingo, 22 de abril de 2012

Nós, que tanto nos amávamos, nunca tínhamos trocado uma palavra afectuosa

«Nós, que tanto nos amávamos, nunca tínhamos trocado uma palavra afectuosa. Brincávamos e arranhávamo-nos como feras. Ele, fino, irónico, polido. Eu, o bárbaro. Ele, dominando-se, esgotando com à-vontade todas as manifestações da sua alma num sorriso. Eu, brusco, irrompendo num riso deslocado e selvagem.»




Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p.10
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