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domingo, 22 de abril de 2012

« Como é amargo separarmo-nos lentamente daqueles que amamos!»

Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,

sábado, 15 de janeiro de 2011

''(...), pude atravessar as trevas primitivas que se estendiam sob o meu espírito, abrir o alçapão e ver.»

     «E a partir do momento em que vi, a minha alma começou a consolidar-se: já não se escoava numa perpétua renovação como a água; ao redor de um núcleo iluminado, condensava-se e fixava-se agora um rosto, o rosto da terra. Deixei de avançar por caminhos inconstantes, ora à direita ora à esquerda, tentando descobrir o animal de que descendia; avançava com segurança, porque conhecia o meu verdadeiro rosto e o meu único dever: trabalhar esse rosto com toda a paciência, amor e habilidade que pudesse. Transformá-lo em fogo e, se tiver tempo, antes que a Morte venha, fazer desse fogo uma luz para que a Morte nada mais encontre em mim, para levar consigo. Porque foi esta a minha maior ambição: nada deixar de mim que a Morte possa levar - alguns ossos apenas.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 22
        «Sempre que, ao ouvir as vozes secretas que em mim residem, pude seguir não o meu espírito que não tarda a perder o fôlego e a parar, mas o meu sangue, cheguei, com uma secreta certeza, à mais longínqua origem dos meus antepassados.»
 
 
 
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 21
«Diz-se que o Sol por vezes pára no caminho para ouvir cantar uma rapariga.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 20

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

«- Não tenhas ilusões, eu desfarei as tuas leis, perturbarei a tua ordem, destruir-te-ei; eu sou o Caos!»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 20
«A nossa vida é um relâmpago muito breve, mas temos sempre tempo.»



Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 18

« Falar-te-ei da minha luta, para me sentir aliviado, expulsarei de mim a virtude, o pudor, a verdade, para me sentir aliviado»

«(...) Ouvia, dia e noite, a tua ordem. Esforçava-me, tanto quanto podia, para chegar onde não podia chegar, e se o consegui ou não, só tu mo dirás. Estou diante de ti, e espero.
       Meu general, a batalha está a acabar, presto as minhas contas. Eis onde me bati; fui ferido, senti medo, mas não desertei. Os dentes batiam-me de medo, mas apertava a testa com um lenço vermelho para que se não visse o sangue e partia ao assalto.
       Uma a uma, diante de ti, arrancarei as penas da minha alma, a gralha fúnebre, até que ela já não seja ela, como um pequeno punhado de terra amassada com lágrimas, suor, e sangue. Falar-te-ei da minha luta, para me sentir aliviado, expulsarei de mim a virtude, o pudor, a verdade, para me sentir aliviado.Tal como tu criaste Toledo na tormenta, é assim, carregada de nuvens negras, rodeada de raios amarelos, lutando sem esperança e sem desfalecimento com a luz e as trevas - é assim a minha alma. Vê-la-ás, avaliá-la-ás com o teu olhar penetrante como flechas, e julgá-la-ás. Lembras-te daquelas palavras terríveis que nós, os cretenses, costumamos dizer: «Volta aonde fracassaste; foge do lugar onde venceste!» Se fracassei e me sobrar ainda uma hora de vida, recomeçarei; se venci, abrirei a terra para vir deitar-me ao pé de ti.
       Aqui tens, pois, o meu relato, general, e julga.
       Escuta, Avô, o relato da minha vida; e se na verdade combati contigo, se fui ferido sem que ninguém se apercebesse que sofria, se nunca voltei as costas ao inimigo - dá-me a tua bênção.»



Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 16/7
«Olhaste-me e, mal me tinhas visto, senti que este mundo é uma nuvem carregada de trovada e de ventos, que a alma do homem está carregada de trovoada e de ventos, que Deus sopra sobre ela e que não há salvação.
Ergui os olhos, fitei-te. Ia dizer-te:
- Avô, é verdade que não há salvação? - Mas a língua prendeu-se-me. E quando tentei aproximar-me de ti, os joelhos fraquejaram.
  Então, estendeste a mão, como se eu me afogasse e quisesses salvar-me. Agarrei-me àvidamente: ela estava salpicada de manchas multicolores; queimava. Toquei-lhe, ela deu-me força, um impulso, e pude falar.
-Avô - disse -, dá-me as tuas ordens.
  Tu sorriste, puseste a mão sobre a minha cabeça. Não era mão, era um fogo multicolor. E esse fogo derramou-se até às raízes do meu espírito.
-Vai até onde puderes, meu filho...»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 15

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Para que venham

Uma vela, mais não. A sua luz ténue
é mais adequada, mais brando te assombras
quando vierem do Amor, quando vierem as Sombras.

Uma vela, mais não. Para não ter hoje à noite
a alcova grande iluminação. Dentro do enleio inteiro
e da sugestão, e com a pouca luz -
assim no enleio hei-de ter visões
para que venham do Amor, para que venham as Sombras.


Konstandinos Kavafis
in Poemas e Prosas
Relógio d´Água, 1994
Tradução de Joaquim Manuel Magalhães
e Nikos Pratsinis

Teatro de Sídon (400 d.C.)

Filho de cidadão íntegro - sobretudo, formoso
adolescente de teatro, apreciado de vários modos,
às vezes componho em língua grega
versos assaz audaciosos, que faço circular
muito às escondidas, claro - deuses! para que não os vejam
os vestidos de pardo, os parlantes de moral -
versos do prazer excelente, encaminhado
para amor estéril e desaprovado.


Konstandinos Kavafis
in Poemas e Prosas
Relógio d´Água, 1994
Tradução de Joaquim Manuel Magalhães
e Nikos Pratsinis
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