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quinta-feira, 20 de outubro de 2011


«Não me faças morrer! Tenho tanto medo da morte!...»



Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 89

Prometo-te mais do que uma embriaguez florida


«Palavras fingidas. Mas o monge, animado de piedoso zelo, as proferia com um ardor sincero. Entretanto, Thaïs já olhava sem constrangimento aquele estranho ser que lhe causara medo. Paphnucio maravilhava-a, pelo aspecto rude e selvagem, pelo fulgor melancólico que inundava os seus olhos. Sentia-se curiosa da condição e da existência de um homem tão diferente de todos os que conhecia. Respondeu zombando docemente:
    -Pareces muito precipitado na admiração, estrangeiro. Acautela-te, para que os meus olhares não te devorem até aos ossos. Livra-te de me amar!
   Ele disse:
   - Amo-te, ó Thaïs! Amo-te mais do que à minha vida e mais do que a mim mesmo. Deixei por ti o meu pobre deserto. Por ti, os meus lábios, votados ao silêncio, proferiram palavras profanas. Por ti, vi o que não devia ver e ouvi o que me era proibido ouvir. Por ti, a minha alma se perturbou, o meu coração se abriu, e dele jorraram ideias como as cascatas onde bebem as pombas. Por ti, caminhei dia e noite através de areias fervilhantes de insectos e de vampiros. Por ti, com os pés nus, pisei as víboras e os escorpiões. Sim, eu te amo! Mas não com o amor desses homens incendidos do desejo da carne, que te procuram como lobos esfomeados ou touros em fúria. Eles te querem como o leão quer a gazela. Carniceiros do amor, devoram-te até à alma, ó mulher! Eu porém te amo em espírito e em verdade: amo-te em Deus e pelos séculos dos séculos. O que tenho por ti no peito chama-se desvelo justo e caridade divina. Prometo-te mais do que uma embriaguez florida e mais do que ilusões de uma noite fugaz: prometo-te os santos banquetes e as núpcias do céu. A felicidade que te ofereço não acabará jamais: é inaudita. Inefável. E tal que, se os venturosos deste mundo pudessem entrever apenas uma sombra sua, logo morreriam deslumbrados. »




Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 84
«''Nada te deve desviar do cultivo da tua alma.''»


Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 80

'' os pavores da morte''


«A soleira da sua casa vivia enfeitada de flores e regada de sangue.»

(...)

«E, de tão amada, amava-se a si própria.»




Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 75
«Thaïs amava Lollius, com todos os furores da imaginação e todas as surpresas da inocência. Dizia-lhe, em plena verdade do seu coração:
    - Nunca fui senão tua.
  Lollius respondia:
     - Tu não pareces nenhuma outra mulher.
  O idílio durou seis meses, e se desfez um dia.
De repente, Thaïs sentiu-se vazia e só. Não reconhecia mais Lollius. Pensava:
 ''Que me teria transformado assim, num instante? Porque será que ele agora se parece com todos os outros homens, e não se parece consigo mesmo?''
    Abandonou-o, não sem um secreto desejo de procurá-lo em algum outro, desde que não o encontrava mais nele próprio. Pensou também que viver com um homem a quem jamais houvesse amado seria bem menos triste do que viver com um homem a quem já não amava.»



Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 73

Thaïs fugia de Lollius

«Entretanto, presa de inquietação e de medo, Thaïs fugia de Lollius, mas sem cessar o via dentro de si mesma. Sofria e não sabia de quê. Perguntava-se porque havia mudado tanto, e de onde vinha a sua melancolia. Repeliu todos  os amantes; causavam-lhe terror. Não queria mais ver a luz e deixava-se ficar o dia inteiro no leito, soluçando, cabeça escondida nos coxins. Lollius, tendo aprendido a penetrar no quarto, ia suplicar e maldizer aquela menina cruel. Thaïs resistia como se fosse uma virgem, e repetia:
    - Não quero! Não quero!
   Depois, quinze dias passados, entregou-se a ele e conheceu que o amava. Acompanhou-o à sua casa e não o deixou mais. Foi uma vida deliciosa. Levavam o dia inteiro isolados, olhos nos olhos, dizendo-se mutuamente cousas que só se dizem às crianças. À tarde, passeavam nas margens desertas do Oronte e perdiam-se nos braços de loureiros. Às vezes erguiam-se pela madrugada para colher jacintos nas encostas do Silpicus. Bebiam na mesma taça e, quando ela levava à boca um bago de uva, ele, com os dentes, tirava-o de entre os seus lábios.»





Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 72/3

« - Que eu não seja, Thaïs, a coroa que engrinalda a tua cabeleira, o manto que cinge o teu corpo encantador, a sandália do teu pé gentil! Mas desejo que me pises aos pés como uma sandália, e que as minhas carícias sejam o teu manto e a tua coroa. Vem, linda menina, vem à minha casa, e esqueçamos o universo.»


Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 71

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

«Jungido à cruz, as mãos pregadas, não gemeu uma queixa. Apenas repetia num suspiro: ''Tenho sede''»



Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 67
«O corpo e a face, vestidos de negro, perdiam-se na escuridão.»



Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 61

Thaïs perguntava:


« - Pai, porque cantas os anjos pousados no túmulo?»



Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 57



«E, por um hábil artifício, o sangue golfou em borbotões do peito deslumbrante da virgem.»


Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 53
« - Mãe, não te exponhas às humilhações do vencedor. Não consintas que, arrancando-te de mim, ele te arraste indignamente. Antes, mãe querida, estende-me essa mão enrugada e chega aos meus lábios as tuas faces exaustas.»



Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 52

 

mirto

«Depois de desgraçar o inocente que perseguia com um amor incestuoso, Phedra, tu o sabes, morreu miseravelmente: recolheu-se ao quarto nupcial e, com o seu cinto de oiro, enforcou-se numa cavilha de marfim. Os deuses quiseram que o mirto, testemunha de tão cruel miséria, continuasse a trazer, nas suas folhas renovadas, picadas de agulhas.»



Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 47
 
«Os desertos estão povoados de fantasmas.»


Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 44

 

domingo, 16 de outubro de 2011

''Que homem é este, que não teme o sofrimento?'

« - Fora daqui, mendigo vil! - bramou o porteiro furioso.
     E ergueu o bastão sobre o santo homem que, cruzando os braços, recebeu impassível o golpe em pleno rosto, e repetiu docemente:
   - Faz o que te pedi, meu filho, eu te suplico.
    Então o criado, todo trémulo, murmurou:
    ''Que homem é este, que não teme o sofrimento?''»




Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 33






 
«'' É em vão que o metal glorifica esses falsos sábios. As suas mentiras estão desmascaradas, as suas almas mergulhadas no inferno. (...)''»


Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 33

Desviei do teu amor o meu coração, Alexandria.




«Eis aí, pois, - monologou - a estância deliciosa em que nasci no pecado, o ar brilhante em que respirei venenosos perfumes, o voluptuoso mar onde escutei o canto das Sereias! Eis o meu berço carnal, minha pátria mundana! Berço florido, pátria ilustre, segundo o julgamento dos homens! É natural que os que nascem de ti Alexandria, te amem filialmente, eu fui gerado no teu seio magnificamente ornamentado. Mas o asceta despreza a natureza, o místico desdenha das exterioridades, o cristão olha a pátria humana como um lugar de exílio, o monge transcende da terra. Desviei do teu amor o meu coração, Alexandria. Odeio-te! Odeio-te pela tua riqueza, pela tua ciência, pela tua doçura e pela tua beleza. Sê maldito, templo de demónios! Leito impudico de gentios, púlpito empestado de arianos, sê maldito! E tu, alado filho do céu, guia do santo eremita António, nosso pai, quando, vindo do deserto, penetrou nesta cidadela de idolatria dos mártires, belo anjo do Senhor, criança invisível, sopro inicial de Deus, voa diante de mim, e embalsama com a palpitação das tuas asas o corrompido ar que vou respirar entre os tenebrosos príncipes do século!»




Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 30

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

«(...) Agasalhas-te na tua ignorância como um cão fatigado que dorme na lama.
    -Estrangeiro, é igualmente vão injuriar os cães e os filósofos. Desconhecemos o que são os cães e o que somos nós. Nada sabemos.»
   - Ó velho! pertences então à seita ridícula dos céticos? És, pois um desses miseráveis loucos que negam o movimento e os repouso, e de nenhum modo sabem distinguir entre a luz do sol e as sombras da noite?»



Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 23/4

Thaïs

«Não é ela, Senhor, o sopro da tua boca?»

(...)

«Todavia. quanto mais culpada, mais devo lamentá-la. Choro ao pensar que os demónios a atormentarão na eternidade.»


Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 13
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