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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

«(...), cerrando um tanto as pálpebras, que não podiam suportar o clarão dos fachos.»

 Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 9

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

''mata de sicómoros''

 Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 5

domingo, 21 de outubro de 2018

Na novela Uma Educação Sentimental, Flaubert põe na boca de um personagem o excessivo entusiasmo da época: “Está tudo ótimo! O povo está a vencer! Os operários e as classes médias caem nos braços uns dos outros! Ah, se tivesses visto o que eu vi! Como isto é magnífico!... A República foi proclamada e toda a gente vai ser feliz! Não percebes que não haverá mais reis? Todo o mundo será livre, absolutamente livre!”.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

«O tempo não lhe apaziguou o sofrimento - este tornava-se insuportável. Decidiu morrer.»


Gustave Flaubert. A Lenda de São Julião Hospitaleiro. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 87

Parricídio

«Procurou as solidões. O vento, porém, trazia-lhe aos ouvidos como que gemidos de agonia, as lágrimas do orvalho que caíam no chão lembravam-lhe outras gotas bem mais pesadas. Todos os dias à tardinha, o Sol derramava sangue pelas nuvens; e, todas as noites, em sonhos, recomeçava o seu parricídio.»




Gustave Flaubert. A Lenda de São Julião Hospitaleiro. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 87

A necessidade de se envolver com a vida de outras pessoas fazia-o descer à cidade

«A necessidade de se envolver com a vida de outras pessoas fazia-o descer à cidade. Porém, o aspecto bestial das caras, a barulheira dos ofícios, a indiferença gelavam-lhe o coração. Nos dias de festa, quando o sino grande das catedrais enchia, logo ao nascer o Sol, todo o povo de alegria, observava os habitantes a sair das suas casas, e depois as danças nas praças, as bicas de cerveja nos cruzamentos, as tapeçarias de damasco na fachada dos palácios dos príncipes e, ao cair da noite, pelas vidraças dos rés-do-chão, as compridas mesas das famílias, onde os avós tinham os netos sentados ao colo. Os soluços sufocavam-no e regressava ao campo.»



Gustave Flaubert. A Lenda de São Julião Hospitaleiro. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 86/7
«(...) o seu rosto era tão triste que nunca lhe recusavam esmola.»



Gustave Flaubert. A Lenda de São Julião Hospitaleiro. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 86

Ele nada respondia, ou desatava em soluços - até que um dia, finalmente, confessou o seu terrível pensamento.

«Para o animar, a mulher mandou chamar malabaristas e dançarinas. Passeava com ele pelo campo numa liteira aberta - ou então, estendidos na extremidade de uma chalupa, viam os peixes a vaguear na água, clara como o céu. Outras vezes, ela gostava de lhe lançar flores ao rosto. Acocorada a seus pés, tirava melodias de um bandolim de três cordas. Depois, pousando-lhe no ombro ambas as mãos juntas, perguntava-lhe com uma voz tímida:
   «Que tendes vós, meu amado senhor?»
   Ele nada respondia, ou desatava em soluços - até que um dia, finalmente, confessou o seu terrível pensamento.»



Gustave Flaubert. A Lenda de São Julião Hospitaleiro. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 76

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

«(...) a solidão que o envolvia pareceu-lhe uma ameça de perigos indefinidos.»



Gustave Flaubert. A Lenda de São Julião Hospitaleiro. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 69

Com a cabeça entre as mãos, chorou durante muito tempo.

   «A noite aproximava-se. Por detrás dos bosques, entre os ramos, o céu mostrava-se vermelho como um lençol de sangue.
     Julião encostou-se a uma árvore. Estupefacto, contemplava a enormidade da matança, sem compreender como pudera tê-la cometido.
    Do outro lado do vale, na orla da floresta, avistou um veado, uma corça e a sua cria.
    O veado, que era negro e de tamanho monstruoso, tinha dezasseis galhos e barba branca. A corça, dourada como folhas secas, andava a pastar; e a cria, malhada, ia mamando na teta da mãe, sem lhe interromper o pasto.
    A besta soou uma vez mais. De imediato, a cria tombou morta. Então a mãe, pregando os olhos no céu, soltou um bramido profundo, angustiante, humano. Julião, exasperado, deitou-a por terra com um tiro no peito.
    O grande veado tinha-o visto e deu um salto. Julião atirou a sua última seta, que o atingiu na testa, e aí ficou cravada.
   O grande veado pareceu não a sentir e, saltando por cima dos mortos, avançava sempre e ia investir contra ele, esventrá-lo; Julião recuava num pavor indescritível. Porém, o prodigioso animal parou; e, de olhos flamejantes, solene como um patriarca ou um justiceiro, enquanto ao longe repicava um sino, repetiu três vezes:
   «Maldito! Maldito! Maldito! Um dia, ó coração feroz, matarás o teu pai e a tua mãe!»
    Dobrou os joelhos, fechou lentamente os olhos e morreu.
    Julião ficou atónito e, sentindo-se tomado por um súbito cansaço, foi invadido por um desgosto, por uma tristeza imensa. Com a cabeça entre as mãos, chorou durante muito tempo.»



Gustave Flaubert. A Lenda de São Julião Hospitaleiro. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 68/9

domingo, 7 de agosto de 2011

Quando a mãe o beijava, aceitava friamente o seu abraço, parecendo meditar em coisas profundas.

«E partia sob o ardor do Sol, debaixo de chuva ou no meio de um temporal; bebia água das nascentes com a concha da mão; comia, a galope, maçãs bravas, e se estava cansado descansava debaixo de um carvalho. Regressava a casa a meio da noite, coberto de sangue e de lodo, com espinhos no cabelo e fedendo a animais selvagens. Tornou-se igual a eles. Quando a mãe o beijava, aceitava friamente o seu abraço, parecendo meditar em coisas profundas.»




Gustave Flaubert. A Lenda de São Julião Hospitaleiro. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 65
          «Mas Julião desprezava estes cómodos artifícios; preferia ir para longe das pessoas caçar com o seu cavalo e o seu falcão. Quase sempre levava consigo um enorme falcão tártaro da Cítia, branco como a neve. No alto do seu capuz de couro, sobressaía um penacho, tremelicavam-lhe guizos de ouro nas patas azuis, e mantinha-se firme nos braços do seu dono enquanto o cavalo galopava e as planícies se sucediam. Então, Julião desamarrava-lhe as correias e largava-o: o destemido animal subia ao pique pelo ar, como uma seta; e viam-se rodopiar duas manchas desiguais, juntar-se e depois desaparecer nas alturas do céu azul. O falcão não tardava a descer, despedaçando um pássaro qualquer, e, com as suas asas trémulas, vinha pousar na manopla.»



Gustave Flaubert. A Lenda de São Julião Hospitaleiro. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 65
     «Um vapor azul subiu ao quarto de Félicité. Ela estendeu as narinas, inalando-o com uma sensualidade mística; depois fechou os olhos. Os lábios sorriam. Os movimentos do coração diminuíram um a um, cada vez mais vagos, mais brandos, como uma fonte que se esgota, como um eco que desaparece; e, quando exalou o seu último suspiro, julgou ver, nos céus entreabertos, um papagaio gigantesco, planando-lhe sobre a cabeça.»




Gustave Flaubert. Um Coração Simples. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 47
« Estas depravações afligiram-na muito. No mês de Março de 1853, foi tomada por uma dor no peito; a língua parecia coberta de fumo e as sanguessugas não acalmaram a opressão; e à nona noite ela expirou, tendo precisamente setenta e dois anos.
    Julgavam-na mais jovem, por causa dos seus cabelos castanhos, cujos bandós lhe contornavam o rosto pálido com pequenas marcas de varíola. Poucos amigos a lamentaram, as suas maneiras eram de uma altivez que afastava os outros.»



Gustave Flaubert. Um Coração Simples. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 47

sábado, 6 de agosto de 2011

o mar, ao longe, estendia-se confusamente.

«(...) o mar, ao longe, estendia-se confusamente. Então sentiu uma fraqueza que a fez parar; e a miséria da sua infância, a decepção do primeiro amor, a partida do sobrinho, a morte de Virginie, como as ondas de uma maré, voltaram de uma só vez e, subindo-lhe à garganta, asfixiavam-na.»




Gustave Flaubert. Um Coração Simples. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 45

Ninguém sabia do que falava.

«Ninguém sabia do que falava. Por fim, regressou, esgotada, com os velhos sapatos em frangalhos e a morte na alma.»



Gustave Flaubert. Um Coração Simples. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 42

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

«Mas só uma coisa era capaz de a comover, as cartas do filho.»



Gustave Flaubert. Um Coração Simples. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 36
 «Os prados estavam desertos, o vento agitava o rio; ao fundo, havia grandes plantas sobre ele inclinadas, como cabeleiras de cadáveres a flutuar na água. Ela retinha a sua dor, e até à noite foi muito corajosa; mas assim que chegou ao quarto abandonou-se-lhe, de barriga para baixo no colchão, a cara no travesseiro, e os dois punhos segurando as têmporas.»



Gustave Flaubert. Um Coração Simples. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 31
    «Por causa dos charutos, ela imaginava Havana como uma terra onde não se fazia outra coisa a não ser fumar, e Victor circulava por entre os pretos numa nuvem de tabaco.»



Gustave Flaubert. Um Coração Simples. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 30

uma toalha de espuma

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