«A necessidade de se envolver com a vida de outras pessoas fazia-o descer à cidade. Porém, o aspecto bestial das caras, a barulheira dos ofícios, a indiferença gelavam-lhe o coração. Nos dias de festa, quando o sino grande das catedrais enchia, logo ao nascer o Sol, todo o povo de alegria, observava os habitantes a sair das suas casas, e depois as danças nas praças, as bicas de cerveja nos cruzamentos, as tapeçarias de damasco na fachada dos palácios dos príncipes e, ao cair da noite, pelas vidraças dos rés-do-chão, as compridas mesas das famílias, onde os avós tinham os netos sentados ao colo. Os soluços sufocavam-no e regressava ao campo.»
Gustave Flaubert. A Lenda de São Julião Hospitaleiro. Tradução de Maria Emanuel Côrte-Real e Júlio Machado. 1ª edição. Edições Quasi, 2008., p. 86/7
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