segunda-feira, 13 de agosto de 2018


«A igreja política cumpre, como qualquer outro estado, a sua missão diplomática.»

Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 122

«Tens a mania de acentuar só o que te interessa!»


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 120

«JOVEM MULHER - Comprei flores, mas não consegui comprar comer. Nem peixe nem carne, ao preço que estão. Mas não quis deixar de comprar este raminho, para alegrar-te a casa. Gostas?»


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 109

''beijando pétalas descoloridas''


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 108

Novena


«CARIDADE - Tristeza antiga! O que o fascismo me fez sofrer, também a mim. Deus meu! Feia, feia, sempre vestidas de farpela. Tantas foram as vezes que me vesti de farrapos que, ainda hoje, me sinto traumatizada com essa imagem de infelicidade humana. Coitadinha! Nem as vezes em que me vesti de púrpura, para me apresentar decentemente num ou noutro baile de caridade, a favor dos pobrezinhos, conseguiram apagar em mim a imagem triste e sofredora que fui. Coitadinha de mim.»



Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 105

missal

DêmoKratia


«Honra te seja feita. Nunca deixaste de falar em flores. Isso é verdade. Até pela tua cama, ornada de cravos, se vê. Parece um altar.»

Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 104

''portuguesmente falando''


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977

''servicinho eleitoral''


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977

«JOVEM MULHER - Ora...A vossa diarreia verbal é muito superior, mais asquerosa e violenta que uma boa arrochada na espinha. São muito amigos da Pátria, mas que fizeram dela e por ela, durante estes 48 anos? Uma Pátria esquecida e escarnecida. Num mundo de nações, onde estava a Nação portuguesa? Em casa. Em família. No vosso bolso. Eis o que vocês fizeram da vossa querida pátria.»


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 93

''ladainha anticomunista do costume''


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., 

«PRAZER - (...) Sofres dos nervos? Tens frustrações? Causam-te dores, perturbações dolorosas?»


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 87


«PRAZER - Chiu...jovem, não faças tanto barulho! Neste tipo de negócio, é indispensável a maior descrição. A mercadoria é rara, não chega para metade. Aqui a tens, linda como os amores: liamba, marijuana, coca, mescalina, beladona, ópio, haxixe...enfim, uma beleza de sonhos ternos para a juventude. Experimenta lá esta, jovem!...»


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 85

domingo, 12 de agosto de 2018

Bettina Rheims


The Life of a Slave Girl

causa abolicionista

''Gosto muito é de experimentar, porque acho que não sei fazer. E quando não sei fazer, tenho de experimentar.”

Rita Azevedo Gomes, Cineasta Portuguesa

«Outros amarão as coisas que eu amei.»

Frágil Como o Mundo, filme português realizado em 2000 por Rita Azevedo Gomes

Frágil Como o Mundo, filme português realizado em 2000 por Rita Azevedo Gomes


quarta-feira, 1 de agosto de 2018

«Andas disfarçado. Quem te vê assim florido, nem dá por ti.»
Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 84

«A exploração é uma forma de escravatura.»

Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 81

« JOVEM MULHER - Diz, ali, no livro, sobre a 1.ª democracia grega, que os escravos não tinham direitos políticos. Viva o poder dos escravos!»

Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 81
«JOVEM MULHER - Estou farta de sofrer e de ser enganada.
Viva o Socialismo!»
Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 80

« - Vivam os seus queridos filhos mortos!»

Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 80

Bruce Davidson East 100th Street. New York City. USA


as.sa.ra.pan.ta.do



«Aproveitaste-te da minha distracção e mataste-me. Oh, fui ferido! (Caindo no leito): Acode-me, na cama, meu amor!»

Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 77

AUTO DE CONDENAÇÃO


segunda-feira, 30 de julho de 2018

A Matriliniaridade dos Afectos

Professora Doutora Stella António – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas – Universidade Técnica de Lisboa – Lisboa 2010



domingo, 29 de julho de 2018


«Nunca esperei vir encontrar este mundo tão escravizado. Esta prisão enorme, não fosse este hábito de cantar, mesmo sozinha.»


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 51
« D. JUAN - Errei, confesso-me. Julgava-te ingénua e, afinal, és uma sabidona. Não me serves. És daquelas que, aos primeiros olhinhos, põe logo os cornos a um tipo.

JOVEM MULHER - A homens como tu, para quem o amor é um vício, não teria dúvidas em enfeitar-te a testa com um bom par.»


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 50

suporíferos

«Isso é um jogo de palavras. Um convite ao isolamento.»

Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 48
«Quer voltar à leitura. Não o consegue, porém. Sen-
ta-se, levanta-se. Põe o livro em cima do traves-
seiro. Há qualquer coisa dentro dela que a não deixa
sossegar; por isso, vagueia dum lado pata o outro.
Sai.»

Vasco José.
 A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 43

Portrait of Julia Duckworth, Virginia Woolf's mother, by Julia Margaret Cameron.


«Uma mulher vale o que representa.»


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 39
«JOVEM MULHER - Uma sonâmbula! Foi o que fizeste da minha mãe; um saco de ilusões.»


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 39

«(...) Não sou rainha de nada, sou mulher que trabalha. Não sou fada de homem nenhum, nem me interessa sê-lo. Podemos, quando muito, satisfazer necessidades mútuas.

RAINHA - Insistes em tornar-te vulgar. Porque te humilhas? Perdes a dignidade, todo o teu encanto e, assim, mais facilmente te deixas subverter.»


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 38

«O bicho-homem. Só o que quer é poder.»


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 32

''gata capada''


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 31

«(...) Não se arranjou, na Idade Média, um cinto para a mulher não cornear o marido?

PRATICANTE - Sim, chefe? Não sabia.

INQUISIDOR - Não sabias? Então aprende, que eu não posso durar sempre. Chamava-se o Cinto da Castidade.»

Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 31

terça-feira, 24 de julho de 2018

Je T'aime Moi Non Plus




Je t'aime, je t'aime
Oh, oui je t'aime!
Moi non plus
Oh, mon amour
Comme la vague irrésolu
Je vais, je vais et je viens
Entre tes reins
Je vais et je viens
Entre tes reins
Et je me retiens
Je t'aime, je t'aime
Oh, oui je t'aime!
Moi non plus
Oh mon amour
Tu es la vague, moi l'île nue
Tu va, tu va et tu viens
Entre mes reins
Tu vas et tu viens
Entre mes reins
Et je te rejoins
Je t'aime, je t'aime
Oh, oui je t'aime!
Moi non plus
Oh, mon amour
Comme la vague irrésolu
Je vais, je vais et je viens
Entre tes reins
Je vais et je viens
Entre tes reins
Et je me retiens
Tu va, tu va et tu viens
Entre mes reins
Tu vas et tu viens
Entre mes reins
Et je te rejoins
Je t'aime, je t'aime
Oh, oui je t'aime!
Moi non plus
Oh mon amour
L'amour physique est sans issue
Je vais, je vais et je viens
Entre tes reins
Je vais et je viens
Et je me retiens
Non! Maintenant viens!

Compositores: Serge Gainsbourg

segunda-feira, 23 de julho de 2018


« (...) Então, como vai o nosso governo?

DEPUTADO - Firme como uma rocha.»

Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 29
« PEDREIRO  - Chiu! Estás a querer mandar em mim? Quem manda nas mulheres, nos gatos e nos cães são os homens. Não são eles que lhes dão de comer? Não serão eles, porventura, os seus donos? Portanto, quem manda em ti sou eu. Ao menos, sempre mando em alguma coisa.»

Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 25

«VELHO - Como não morro, querem que eu esteja doido.»


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 22

«Pernas velhas, asas mortas.»



Vasco José. A Mulher Deitada. Colecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 21


«GUARDA-LIVROS - Quando vinha ao longe, notei-te à janela. E tu, sabe-lo bem, não tolero ver-te à janela. Não tens roupa para coser? Meias para remendar? O comer, a horas, para fazer? As gatas é que estão sempre à janela...à espera dos gatos. Sou uma pessoa muito boa, que gosta de tratar todos bem, mas também gosto que me respeitem. Fiz de ti uma mulher doméstica, uma mulher séria, por isso tens de cumprir o teu regulamento.»
Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 17

« - Miau!!!
O sofrimento, ao ver-se só, faz-lhe, inúmeras vezes, 
pôr-se de joelhos.»


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 15


«E, apesar desta casa se ter tornado num castelo para mim, pelo amor que te tenho continuaria aqui aprisionada uma vida inteira, mais presa do que a gatinha que só sai à rua para fazer chichi.»


Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 13

domingo, 22 de julho de 2018


''recadinhos de amor''

''Lindos calções enfeitados''


MolièreEscola de Mulheres. Tradução de Maria Valentina Trigo de Sousa. Livros de bolso Europa América.. p. 45

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Igor Pjörrt

Heavenly Persona (2018)

Heavenly Persona is an ethereal archive of black-and-white photos from the long-distance relationship documented in the previous series Betelgeuse. Inspired by japanese erotic photography and Shizuka’s album of the same name, Heavenly Persona examines afterlife, memory and a sexual awakening through a collection of evocative images. 

Also an exploration of naturism, the book contemplates the animalistic condition of man as a mammal and his innate attraction to nature, where the earth nurtures, protects and forms its own system with the male body, serving as both womb and deathbed. With his companion, they find themselves in lawless territory - an infinite landscape that reduces their bodies to their physical form and presents them with unparalleled freedom. 

My attention shifted to the more spiritual nature of this relationship while considering the erotic links between creation and ruin. The earth is no longer imagined as a promise of life but rather a genesis of pleasure with no other end. An impenetrable desire echoes through closed rooms and open fields as the two lovers endlessly navigate this isolated stretch between purgatory and heaven in search of a climax which always seems to be on the horizon. 

110 pages
54 black-and-white plates
245x183 mm
Unique handmade copy



''códigos visuais contemporâneos''

Narrativa Fotográfica

Concreto com Árvore

Captura de tela 2018-07-18 às 13.12.29
Fotografia Rui Dias Monteiro

«Houve escuma e confusão.»



Artigo: Profissões para Mulheres
Conferência proferida a 21 de Janeiro de 1931 em Londres na
Women's Service League e publicada em The Death of the Moth (1942)



Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 121

''estado de perpétua letargia''

''natureza fictícia''

«Fiz aquilo que pude para a matar. Se tivesse de ir a tribunal, alegaria que actuara em legítima defesa. Se eu não a tivesse morto, ela ter-me-ia morto a mim. Teria arrancado o coração da minha escrita. Pois, como constatei assim que pus a pena ao papel não é possível criticar nem sequer um romance sem ter uma opinião própria, sem expressar o que se entende ser verdade acerca das relações humanas, da moralidade, do sexo.»

Artigo: Profissões para Mulheres
Conferência proferida a 21 de Janeiro de 1931 em Londres na
Women's Service League e publicada em The Death of the Moth (1942)



Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 119

«Ela sacrificava-se quotidianamente.»


Artigo: Profissões para Mulheres
Conferência proferida a 21 de Janeiro de 1931 em Londres na
Women's Service League e publicada em The Death of the Moth (1942)



Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 119

Serge Gainsbourg et Jane Birkin


«Que há de mais fácil do que escrever artigos e comprar gatos persas com os lucros?»



Artigo: Profissões para Mulheres
Conferência proferida a 21 de Janeiro de 1931 em Londres na
Women's Service League e publicada em The Death of the Moth (1942)



Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 118

´´Angels and Other Women in Victorian Literature'' Marlene Springer

«Escrever era uma ocupação respeitável e inofensiva. O arranhar de uma pena não perturbava a paz familiar.»

Artigo: Profissões para Mulheres
Conferência proferida a 21 de Janeiro de 1931 em Londres na
Women's Service League e publicada em The Death of the Moth (1942)



Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 117

«(...) simples conversada lançada ao papel e deixada secar em poças e borrões.»

Artigo: As Mulheres e a Ficção
The Forum, March 1929


Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 113

''tarefa de moscardo''

«(...) reacções de cólera na obra de escritoras menores - na sua escolha de um assunto, na sua altivez pouco natural, na sua submissão exagerada. Além disso, a falta de sinceridade infiltra-se de  modo quase inconsciente nas suas obras.»

Artigo: As Mulheres e a Ficção
The Forum, March 1929



Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 109

de um ou de outro modo

« O génio de Jane Austen e de Emily Bronte alcança o seu máximo poder de persuasão devido à capacidade, por ambas partilhada, de ignorar tais apelos e reivindicações, mantendo o caminho traçado sem temer críticas ou desdém. Mas era preciso ter um espírito muito tranquilo ou muito forte para resistir à tentação da cólera.»

Artigo: As Mulheres e a Ficção
The Forum, March 1929



Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 109

domingo, 15 de julho de 2018

«É incontestável que a experiência exerce uma influência enorme sobre a ficção. O que há de melhor nos romances de Conrad, por exemplo, seria anulado caso lhe tivesse sido impossível andar na Marinha. Retiremos tudo quanto Tolstoi sabia acerca da guerra como soldado que foi, tudo o que conhecia da vida e da sociedade enquanto jovem rico cuja educação admitia todo o tipo de experiências, e War and Peace ficará incrivelmente empobrecido.
   Todavia Pride and Prejudice, Wuthering Heights, Villette e Middlemarch foram escritos por mulheres às quais era energicamente recusada toda a experiência para lá das quatro paredes de uma sala de estar da classe média.»


Artigo: As Mulheres e a Ficção
The Forum, March 1929



Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 108

«Charlotte Bronte  posava a pena e escolhia os olhos das batatas. E, vivendo na sala de estar rodeada de pessoas, uma mulher habituava-se a exercitar o espírito na observação e na análise de carácter. Aprendia a ser romancista, não poetisa. »


Artigo: As Mulheres e a Ficção
The Forum, March 1929



Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 108

Susan Meiselas 44 Irving St. Cambridge, MA. USA. 1971


«A mulher extraordinária depende da mulher comum.»


Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 106

Inge Morath Self-portrait Jerusalem, Israel. 1958.


CAP. IX


''Bom, quanto ao que o mundo pensa desta ejaculação - não dou um vintém.''

Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 99
«Pode lamber sofregamente com a sua longa língua glutinosa os mais ínfimos fragmentos dos factos e amontoá-los nos labirintos mais subtis, pode escutar um silêncio às portas por detrás das quais apenas se ouve um murmúrio, um sussurro. »


Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 97
« No espírito moderno a beleza não é acompanhada pela sua sombra mas pelo seu contrário. O poeta moderno fala do rouxinol que solta ''os seus trinados para orelhas sujas''. Lado a lado da nossa beleza moderna caminha um espírito sardónico que desdenha da beleza por ser bela; que vira o espelho e nos mostra que a outra face dela está desfigurada, deformada. É como se o espírito moderno, ao pretender sempre verificar as suas emoções, tivesse perdido a capacidade de aceitar qualquer coisa simplesmente por aquilo que é. »


Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 93

Katatsumori (Naomi Kawase, 1994)


«A beleza é em parte fealdade; a diversão é em parte aversão; o prazer em parte dor. Emoções que penetravam íntegras o espírito, assomam agora estilhaçadas.»


Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 92/3
«Também um escritor tem, do mesmo modo, uma atitude perante a vida, ainda que seja uma vida diferente. Também os escritores podem encontrar-se numa posição desagradável, confusos, frustrados, incapazes de alcançar aquilo que pretendem como escritores. Isto verifica-se por exemplo, nos romances de George Gissing. Ou então podem retirar-se para os subúrbios e desperdiçar todo o seu interesse em cãezinhos de estimação e duquesas - em graças, sentimentalismos e snobismos - e é o caso de alguns dos nossos romancistas de maior êxito.»

Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 90
«Há uma coisa vaga e misteriosa a que chamamos atitude perante a vida. Todos nós conhecemos pessoas - deixemos por um momento a literatura e voltemos-nos para a vida - que estão em conflito com a existência; pessoas infelizes que nunca conseguem aquilo que pretendem, que estão confusas, que se lamentam, que se encontram numa posição desagradável de onde olham tudo de soslaio. Outros, ainda que aparentem um perfeito contentamento, parecem ter perdido todo o contacto com a realidade. Desperdiçam todo o seu afecto com cãezinhos e porcelana antiga. Apenas lhes interessam as vicissitudes da sua própria saúde e os altos e baixos das vaidades sociais. Contudo, há ainda outros que nos impressionam, e seria difícil precisar porquê, como pessoas a quem a natureza ou as circunstâncias colocaram numa posição na qual podem usar inteiramente todas as suas faculdades em coisas de valor. Não são fatalmente pessoas felizes ou bem sucedidas, mas há na sua presença um sabor, naquilo que fazem um interesse. Parecem totalmente vivos.»

Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 89/90

A QUIETUDE DA ÁGUA


A QUIETUDE DA ÁGUA, um filme de Naomi Kawase from Leopardo Filmes on Vimeo.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Herbert List Self-portrait in a mirror. Rome, Italy. 1955.


« a vida é infinitamente bela mas repulsiva; o nosso próximo é um ser adorável mas repugnante; a ciência e a religião entre si destruíram a fé.»

Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 72

transitoriedade

«(...) essa crítica literária adocicada e insípida, esses poemas que celebram de forma melodiosa a inocência das rosas e dos carneiros, e todos passam plausivelmente por literatura nos nossos dias.»



Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 84
«Ao ir para a cama à noite, perturbou-vos a complexidade dos vossos sentimentos. Num único dia milhares de ideias atravessaram o vosso espírito; milhares de emoções se cruzaram, colidiram, e desapareceram em assombrosa desordem.»

Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 83

«Em determinadas estações é mais importante ter umas botas do que um relógio.»

Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 72

planfetários

''Pode informar-me se um carvalho morre quando as folhas foram comidas por lagartas durante dois anos seguidos?''

Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 68
«O estudo do carácter humano, torna-se uma procura absorvente, comunicá-lo torna-se uma obsessão.»

Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 66

segunda-feira, 25 de junho de 2018

''alvoraçando-lhe o coração''


MolièreEscola de Mulheres. Tradução de Maria Valentina Trigo de Sousa. Livros de bolso Europa América.. p. 42

''intrigas caritativas!''


MolièreEscola de Mulheres. Tradução de Maria Valentina Trigo de Sousa. Livros de bolso Europa América.. p. 40

Daguerreotype (Agnès Varda)


''(...), para que as dúvidas do meu espírito doente se esclareçam''

MolièreEscola de Mulheres. Tradução de Maria Valentina Trigo de Sousa. Livros de bolso Europa América.. p. 38
«ARNOLFO: É um pouco atrasado sob certos assuntos. É curioso ver como a paixão cega as pessoas.»

MolièreEscola de Mulheres. Tradução de Maria Valentina Trigo de Sousa. Livros de bolso Europa América.. p. 28
«(...); sem que vos ofenda a comparação, conheci um aldeão, conhecido por Pedro Pateta, que, não possuindo mais do que um pedaço de terra, mandou fazer-lhe em volta um fosso para poder adoptar o pomposo nome de Sr. da Ilha.»

MolièreEscola de Mulheres. Tradução de Maria Valentina Trigo de Sousa. Livros de bolso Europa América.. p. 27

''desbaptizar''


«Uma mulher inteligente pode faltar aos seus deveres, mas, primeiro, é preciso que o queira, conquanto que a estúpida, de ordinário, sem o querer e sem pensar que o faz.»

MolièreEscola de Mulheres. Tradução de Maria Valentina Trigo de Sousa. Livros de bolso Europa América., p. 25/6
«CRISALDO: Mas, antes de mais, como é que quer que uma estúpida saiba o que é ser honesta?»

MolièreEscola de Mulheres. Tradução de Maria Valentina Trigo de Sousa. Livros de bolso Europa América., p. 25
«ARNOLFO: Quem casa com uma ingénua é porque não é ingénuo de todo. Como bom cristão, acredito que a sua metade é recatada. Mas uma mulher esperta é mau presságio. Eu sei quanto tem custado a muitos terem casado com mulheres cheias de talento. Não seria eu que casaria com uma intelectual que só falasse de reuniões mundanas e de alcovas, que em prosa ou em verso soubesse escrever doces frases, que em casa recebesse marqueses e literatos, enquanto eu, com o rótulo de marido da senhora, não passaria de um santo ignorado, sem devotos! Não e não, não quero esposa de grandes talentos, pois mulher que sabe compor sabe mais do que é necessário. Para mim, prefiro mulher de poucas luzes, que nem sequer saiba o que é uma rima e no jogo do «corbillon» nunca acerte. Numa palavra, quero-a bem ignorante e basta-me que saiba rezar, amar-me, coser e fiar.»

Molière. Escola de Mulheres. Tradução de Maria Valentina Trigo de Sousa. Livros de bolso Europa América.

domingo, 24 de junho de 2018

"I am present, but I want to avoid the focus on myself"


Susan Meiselas

sobre a cidade de Lisboa

“NÃO: Nada de proas homéricas singrando rio acima, batidas de ignotos mares, a fundar a capital do futuro Império-que-foi: mas um homem hirsuto e furtivo, talvez em busca da liberdade, que um dia assomou aqui (...)”, e mais adiante, a propósito dos temas escolhidos, escreve que: “ainda há beirais floridos, varandas com nespreiras, gaiolas de passarinhos, papagaios, voos de pombas; e mulheres de luto, pimenteiras, namorados esquecidos, velhos dormindo ao sol nos parques e jardins (...)”

José Rodrigues Miguéis

noção de "imagem mental"

cinema de Hitchcock 

sábado, 23 de junho de 2018

Katsiaryna Tsynkel, Polska. Wyróżnienie


''(...) o supremacismo é a verdadeira divisão nos dias de hoje. E o nacionalismo é uma forma de supremacismo.''


De momento, exceto Portugal e Espanha, o racismo é o único ponto de entendimento entre os europeus. Nem mais nem menos: racismo. E não tem a ver com o medo do outro, da diferença. Tem a ver com a incapacidade de lidar com o passado colonial. A ideia que prevalece na Europa é que se ganha quando se é mais racista do que o outro. A Europa está fraturada e o discurso mantém-se: o Norte contra o Sul, [o grupo de] Visegrado contra Paris e Berlim… Enfim, apenas confluem num aspeto: rejeitar a imigração.''

Entre finais da década de 1970 e 2013, a taxa de suicídio aumentou 60% em todo o mundo, segundo dados da OMS. Como podemos explicar este aumento brutal?! O que aconteceu há 40 anos atrás? Como referi antes, Margaret Thatcher declarou que a sociedade não existe; paralelamente, o neoliberalismo eliminou a empatia da esfera social. Depois, a tecnologia digital começou a destruir a possibilidade do real, da relação física entre humanos; a emergência de Tony Blair é a prova de que a Esquerda morreu – refiro Blair por ser mais fácil de identificar, mas juntamente com ele estão muitos outros líderes. A Esquerda nunca foi capaz de equacionar alternativas como o RBI e outras, e embarcou no discurso neoliberal: pleno emprego, oito horas por dia, cinco dias por semana durante uma vida inteira. Isto é cada vez menos viável. O pleno emprego é algo impossível, o que temos é mais precariedade para todos, cortes nos salários para todos, mais trabalho para todos, em suma, uma nova escravatura. A isto somam-se dois aspetos importantes. Primeiro, a obrigação passou a ser parte integrante da nossa formação psicológica e a competição tornou-se no princípio moral universal. Segundo, passámos a julgar-nos em função do critério da produtividade. Existe apenas um modelo, um padrão, que é o da competição e sentimo-nos culpados de todos os nossos “fracassos”, seja ele o desemprego ou a pobreza. Há quem lhe chame auto-exploração.''

''psicopatologia da comunicação''

Saint-Exupéry in Toulouse, France, 1933


imersividade

sobrevivência social


Esse tem sido o discurso dos líderes políticos nos últimos 40 anos, desde que Margaret Thatcher declarou que “a sociedade não existe”. Existem apenas indivíduos, empresas e países competindo e lutando pelo lucro. É este o objetivo do capitalismo financeiro. E com esta declaração foi proclamado o fim da sociedade e o início de uma guerra infinita: a competição é a dimensão económica da guerra. Quando a competição é a única relação que existe entre as pessoas, a guerra passa a ser o ‘ponto de chegada’, o culminar do processo. Penso que, em breve, acabaremos por assistir a algo que está para além da nossa imaginação…''

“Tecnologia comunicativa”, que preconiza a expansão da internet como fenómeno social e cultural decisivo. ''

''(...) o papel dos media e da tecnologia de informação no capitalismo pós-industrial, a precariedade existencial e a necessidade de repensarmos “o nosso futuro económico”.''

“A/Traverso” - Revista

“O pensamento crítico morreu”

filósofo italiano Franco Berardi

''O formigueiro futuro apavora-me e odeio as suas virtudes de robôs. Eu nasci para ser jardineiro.''

''Meu caro Dalloz, como lamento estas quatro linhas. Teria adorado saber o que pensava dos tempos presentes. Eu desespero. Vivi avarias e desmaios por falta de oxigénio, fui perseguido por caças e tive incêndios a bordo. Já tive a minha dose. Se me abatessem, não me arrependeria de nada. O formigueiro futuro apavora-me e odeio as suas virtudes de robôs. Eu nasci para ser jardineiro. Um abraço Saint-Ex.''


última carta que Saint-Exupéry escreveu ao seu amigo pintor Pierre Dalloz
Powered By Blogger