quarta-feira, 3 de abril de 2024

 « - Para morrer basta estar vivo - disse uma do grupo, e outra, pensativa, também:

- Tanta soberba o homem, e não serve senão para juntar moscas!»


Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 81

''Morreu debaixo do chapéu, sem um queixume.''

Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 81

 ''Tive a coragem de sentir que não éramos ninguém.''

Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 78

Flor-de-viúva

faquista

''Chupava com raiva o cigarro''

Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 76

 «Sempre é de noite e há pequenas pias de pedra, e a felicidade desse paraíso é a felicidade peculiar das despedidas, da renúncia e dos que sabem que dormem.»

Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 71


                                                 Arrivée de Juifs à Auschwitz en 1944

Caro Mio Ben // Giuseppe Giordani

Caro mio benCredimi almenSenza di teLanguisce il cor
Caro mio benSenza di te languisce il cor
Il tuo fedelSospira ognorCessa, crudel, tanto rigorCessa, crudel, tanto rigor, tanto rigor
Caro mio benCredimi almenSenza di te languisce il cor
Caro mio benCredimi almenSenza di teLanguisce il cor

terça-feira, 2 de abril de 2024

 ''Delegava as fadigas de governar em seis ou sete adeptos.''


Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 70

pop shit

'' no coração agitado das batalhas''

Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 69

chalante

José Almada -- "Vento Irado" do disco "Homenagem" (LP 1970)





 

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Fotógrafa Maria José Palla

Fotografar é sempre expor-se, é sempre revelar o interior de si próprio, o seu pensamento, os seus gostos, os seus sentimentos. Esta exposição é essencialmente o resultado de um ritual de passagem, de uma perda, o fim de uma época:




«j'ai parcouru les mondes/et jai perdu mon vol dans leurs chemins lactés/aussi loin que la vie, en ces veines fécondes/ répand des sables dor et des flots argentés»

Gérard de Nerval




''O meu trabalho é subjectivo. Conto o que se passa dentro de mim. Depois de várias séries de auto-retratos, interrogo-me agora sobre a duração do tempo, tempo relativo para cada um, tempo apreendido de maneiras diferentes, constantemente contabilizado e efémero.

Países atravessados, estradas percorridas, perco-me numa vaga possibilidade de conseguir a paragem do tempo, ou a eternidade imóvel, nas palavras de Santo Agostinho.

A arte é uma actividade contra a morte, uma luta contra a passagem do tempo, uma maneira de exorcizar a eternidade.

Esta exposição tem uma relação estreita com o fim de uma casa e de um país. Somos viajantes, emigrantes, exilados. Deslocamo-nos e instalamo-nos pelo mundo fora. Recentemente a minha amiga Olga Pombo percorrendo em voz alta Horácio, na sua quinta, leu-me uma passagem que diz que o “tempo passa tão depressa como as nossas palavras”.''

apodar

I Want To Be Alone



''I’m not afraid of the darkness outside. It’s the darkness inside houses I don’t like.''

 Shelagh Delaney
 



Que Cisne É Belo

“Que água é calma como as fontes
mortas de Versalhes.” Que cisne,
de olhar cego em soslaio e
pé gondoleiro, é belo como o
de chinfrim porcelana e tisne
no olhar e ouro dentado
na coleira a mostrar quem lhe é o dono.

Cravado à árvore-lucerna
de Luís Quinze com botões de uma
cor de crista de galo,
dálias, ouriços, semprevivas,
ele se empoleira na espuma
de esculpidas, polidas
flores – calmo, alto. O rei é morto.

Tradução de Adriano Scandolara

Não Há Cisne Tão Lindo

“Não há água tão quieta quanto as
fontes mortas de Versailles.” Não há cisne,
de olhar cego bistre oblíquo
e pernas gondoleantes, tão lindo
quanto o de louça com chintz,
de olhos cor de corça e coleira
de ouro denteada a indicar de quem foi.

Alojado no candelabro de
Luís XV, com botões de matiz de
crista-de-galo, com dálias,
ouriços-do-mar e sempre-vivas,
no mar de ramalhetes de
polidas e esculpidas flores
ele pousa – livre e altivo. O rei é morto.

Tradução de José Antonio Arantes

No Swan So Fine

“No water so still as the
dead fountains of Versailles.” No swan,
with swart blind look askance
and gondoliering legs, so fine
as the chinz china one with fawn-
brown eyes and toothed gold
collar on to show whose bird it was.


Lodged in the Louis Fifteenth
candelabrum-tree of cockscomb-
tinted buttons, dahlias,
sea-urchins, and everlastings,
it perches on the branching foam
of polished sculptured
flowers–at ease and tall. The king is dead.

Marianne Moore

O Cardume de Peixes

passa o
jade baço.
Dentre os mexilhões de um azul-gralha,
um ajusta a borralha;
se abre e cerra, um leque que houvesse

sido,
pois, ferido.
A craca encrusta os lados da onda,
embora não a esconda
lá, que o feixe imerso de dardos do

sol,
como o rol
de vidro em fibra, veloz fulgura
por cada rachadura –
entrando e saindo, iluminando

o
mar azul-
-turquesa de corpos. A água crava
férrea cunha na trava
férrea do penhasco; onde os astros,

rosas
grãos de arroz, as
tintas águas-vivas, o siri
qual verde lírio e
cogumelos marinhos deslizam.

As
máculas
de abusos estão presentes nisso,
esse audaz edifício-
toda característica física

de a-
-cidente há-
a ausente cornija, as queimaduras,
machadadas, ranhuras
de bombas se destacam; morreu a

fossa,
que reforça
todas as provas de que ele vive
do ser que não revive
seu viço. Envelhece o mar nisso.

Tradução de Adriano Scandolara


Os Peixes
vade-
ando negro jade.
Das conchas azul-corvo, um marisco
só ajeita os montes de cisco;
no que vai se abrindo e fechando

é que
nem ferido leque.
Os crustáceos que incrustam o flanco
da onda ali não encontram canto,
porque as setas submersas do

sol,
vidro em fibras sol-
vidas, passam por dentro das gretas
com farolete ligeireza –
iluminando de vez em

vez
o oceano turquês
de corpos. A correnteza crava
na quina férrea da fraga
uma cunha de ferro; e estrelas,

grãos
de arroz róseos, mães-
d’água tintas, siris que nem lírios
verdes e fungos submarinos
vão deslizando uns sobre os outros.

As
marcas externas
de mau-trato estão todas presentes
neste edifício resistente –
todo resquício material

de a-
-cidente – ausência
de cornija, machadadas, queima e
sulcos de dinamite – teima em
ressaltar; já não é o que era

cova.
Repetida prova
demonstrou que ele pode viver
do que não pode reviver
seu viço. O mar nele envelhece.

Tradução de José Antonio Arantes

The Fish

wade
through black jade.
Of the crow-blue mussel-shells, one keeps
adjusting the ash-heaps;
opening and shutting itself like

an
injured fan.
The barnacles which encrust the side
of the wave, cannot hide
there for the submerged shafts of the


sun,
split like spun
glass, move themselves with spotlight swiftness
into the crevices—
in and out, illuminating

the
turquoise sea
of bodies. The water drives a wedge
of iron through the iron edge
of the cliff; whereupon the stars,

pink
rice-grains, ink-
bespattered jelly fish, crabs like green
lilies, and submarine
toadstools, slide each on the other.

All
external
marks of abuse are present on this
defiant edifice—
all the physical features of

ac-
cident—lack
of cornice, dynamite grooves, burns, and
hatchet strokes, these things stand
out on it; the chasm-side is

dead.
Repeated
evidence has proved that it can live
on what can not revive
its youth. The sea grows old in it.

Marianne Moore

Um Túmulo

Homem olhando o mar,
roubando a vista de quem tem tanto direito à ela quanto você mesmo,
é da natureza humana ficar no meio de alguma coisa,
mas não se pode ficar no meio disto;
o mar não tem nada para dar senão um bem cavado túmulo.
Os abetos repousam em procissão, cada um com a esmeralda de capins em touceira na copa,
reservados como os seus contornos, sem nada dizer;
a repressão, no entanto, não é a mais óbvia característica do mar;
o mar é um colecionador, rápido em devolver um olhar rapace.
Há outros além de você que vestiram esse mesmo olhar –
cuja expressão não é mais um protesto; os peixes não mais os investigam
pois não restaram seus ossos:
os homens baixam as redes, sem saber do fato de que estão profanando um túmulo,
e vão embora remando depressa – as lâminas dos remos
juntas se deslocam como os pés de aranhas d’água, como se a morte fosse algo que não existisse.
As rugas progridem entre si numa falange – belas sob redes de espuma,
e somem sem ar enquanto o mar farfalha nas algas;
as aves nadam pelo ar em máxima velocidade, assobiando como outrora –
o casco da tartaruga flagela os pés dos penhascos, em movimento sob elas;
e o oceano, sob o pulso dos faróis e o ruído dos sinos das boias,
avança como sempre, parecendo não ser aquele mesmo oceano em que as coisas que caem são fadadas a afundar –
em que, se elas se viram e se torcem, é sem volição e tampouco consciência.


Tradução de Adriano Scandolara

Uma Cova

Homem mirando o mar,
tirando a visão daqueles que têm tanto direito a ela quanto você tem,
é da natureza humana ficar no meio das coisas,
mas no meio desta você não pode ficar.
o mar nada tem a dar a não ser uma cova bem cavada.
Os abetos se erguem em procissão, cada qual com um pé de peru esmeralda no alto,
discretos como seus contornos, dizendo nada;
repressão, no entanto, não é a mais óbvia característica do mar;
o mar é um coletor, pronto para devolver um olhar rapace.
Outros fora você ostentaram este olhar –
cuja expressão não é mais um protesto; os peixes não mais o investigam
porque seus ossos não sobreviveram:
os homens lançam redes, inconscientes de que profanam uma cova,
e partem vogando velozes – as pás dos remos
movendo-se juntas que nem patas de aranhas-aquáticas, como se não existisse a morte.
Os franzidos das águas marcham em falange – belos sob as malhas de espuma,
e somem arfando enquanto o mar vai e vem bramindo entre as plantas marinhas;
os pássaros cruzam o ar num zás, soltando guinchos como dantes –
a concha da tartaruga açoita os pés das rochas, em movimento embaixo delas;
e o oceano, sob a pulsação de faróis e ruídos de bóias sonoras,
avança como sempre, como se não fosse o oceano no qual as coisas que caem estão fadadas a afundar –
no qual, se se viram e reviram, é sem vontade e sem consciência.

Tradução de José Antonio Arantes

A Grave

Man looking into the sea,
taking the view from those who have as much right to it as you have to it yourself,
it is human nature to stand in the middle of a thing,
but you cannot stand in the middle of this;
the sea has nothing to give but a well excavated grave.
The firs stand in a procession, each with an emerald turkey-foot at the top,
reserved as their contours, saying nothing;
repression, however, is not the most obvious characteristic of the sea;
the sea is a collector, quick to return a rapacious look.
There are others besides you who have worn that look –
whose expression is no longer a protest; the fish no longer investigate them
for their bones have not lasted:
men lower nets, unconscious of the fact that they are desecrating a grave,
and row quickly away — the blades of the oars
moving together like the feet of water-spiders as if there were no such thing as death.
The wrinkles progress among themselves in a phalanx – beautiful under networks of foam,
and fade breathlessly while the sea rustles in and out of the seaweed;
the birds swim throught the air at top speed, emitting cat-calls as heretofore –
the tortoise-shell scourges about the feet of the cliffs, in motion beneath them;
and the ocean, under the pulsation of lighthouses and noise of bell-buoys,
advances as usual, looking as if it were not that ocean in which dropped things are bound to sink –
in which if they turn and twist, it is neither with volition nor consciousness.


Marianne Moore

Fonte: ver aqui

'' a morte ardente que depois é glacial''

Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 61

''cavalo cor de pêssego''

Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 56

 «Durante sete arriscadíssimos anos praticou esse luxo: a coragem.»

Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 54

''odiosamente sabidos''

Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 54

 «(...), as cerimónias e a ira do homem vermelho, o ar sem nuvens do deserto, a pradaria sem lei, a terra fundamental cuja proximidade apressa o bater dos corações com a proximidade do mar.»

Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 53


 

By Cardiff Central Station I sat down and wept

Daedalus





I

Like the enormous liner of his limbs
and fell.
Remain behind, look on
What’s left of what was once in blighted remains.
That imponderable body
Smote my desire, now smitten
Mortally.
I lift his head, his death dampens
The moist palm of my hand like handled fear
Like fear cramping my hand
and stand.
Remain behind, entertain posthumous fear.

II

Come where no crowds can trouble us divert us
No acrobats hawkers bottles or street musicians
No towering necks like buildings overlook
Intimate revelation.

I take your hand
Spectre
And steadily lead you
Across morning haunted lawns in earlier
Days, and show
With a reversal of our growing older
How it began, what caused, the germ of time.

Where florid in the night pregnant nightdresses
Proceed sedately down unlighted stairs
Like people. And in the garden
Large lake unreal. Hark, I hear visitant
Swans, and the moths in the trees
Like minor caverns humming. There he draws
Antennae from paralyzed spiders, weapons
In his warlock fingers brandished: or runs
Engendering the eventual major strength like engines
Preparant. I cannot discern you in the leaves or in the
Undergrowth, when starting down the steep hills
He flies precipitate: Spectre, Spectre, where
If among these early places lie you, do you lie?

He fell, not then. Recently sure has fallen from that high
Platform. Formed in fearlessness, has fallen
Like through thought’s clouds through fear, as You stood
Waiting with wanting breast to catch, he in his fall
Evaded. Passed towards a grave straight through.
Of Course You Knew, for saw his comet face
Approaching downward like irresistible.
I mourn him. Him I mourn, from morn to morning.

III

Where once he trod
I cannot tread;
From the home he is gone from
I am prohibited:
We cannot be
While he is gone from being;
While he is not with being
I am as well miserably unloving;
Totally bereft I too am totally absent,
Appearing here, although
Bruisable and buriable seeming, am too bruised
In my dead
To buried.
Spectre who spreads
Internal dissension,
Dividing the unit army of the body
To coward forces,
Since I have brought
To these private places
Sick with his not being, with his recalled
Reverberant fleet blooms of doing and coming,
Empty with his going, since accomplished, entertained,
Shown choicest hothouse blossoms, phenomenal
Plants he acted on the air like dances lasting,
Since he is not here but where you know with doom—

IV

Where wander those once known herons
Or rabbits here
With shattered entrapped forepaws pitiable in crimson
Killing have known,
And seven-year-old boys locked among ominous
Shadows, enveloped
Have known, and are
At the unmerciful onrush of determined seas
Gathers small craft
There the acquainted faces of the dead sailors
Sight that sees
Where those once known herons fled in fear, to where I
Like lonely herons
The abandoned heroine

V

Go. With mild gradual descent
Burden the memory
Not as he fell, in anger, in the combat
With forms invisible intactual fought
On that mortal rooftop: not with celestial
Speed brought down, in meritorious
Defeat no beating, but like lamed
Herons or birds in wounded slope
Descending down to lamentable homes
In scraggy caves, borne down by death, I come
Drawn down to earth, and underneath
The earth, like one drawn under
Lethal water by an unknown weight
Unseen invisible, but not unknown is fear.

George Barker

 “My one, my one, my only love, Hide, hide your face in a leaf, And let the hot tear falling burn The stupid heart that will not learn The everywhere of grief.” 

 George Barker




                                                 1913 - 1986/Canadian Elizabeth Smart

Trying To Write

 


Why am I so frightened
To say I'm me
And publicly acknowledge
My small mastery?
Waiting for sixty years
Till the people take out the horses
And draw me to the theatre
With triumphant voices?
I know this won't happen
Until it's too late
And the deed done (or not done)
So I prevaricate, Egging
them on and keeping
Roads open (just in case)
Go on! Go on and do it
In my place!
Giving love to get it
(The only way to behave).
But hated and naked
Could I stand up and say
Fuck off! or, Be my slave!
To be in a very unfeminine
Very unloving state
Is the desperate need
Of anyone trying to write.


Elizabeth Smart
1913-1986

O Poor People


Let us invoke a healthy heart-breaking
Towards the horrible world:
Let us say O poor people
How can they help being so absurd,
Misguided, abused, misled?

With unsifted saving graces jostling about
On a mucky medley of needs,
Like love-lit shit,
Year after cyclic year
The unidentifiable flying god is missed.

Emotions sit in their heads disguised as judges,
Or are twisted to look like mathematical formulae,
And only a scarce god-given scientist notices
His trembling lip melting the heart of the rat.

Whoever gave us the idea somebody loved us?
Far in our wounded depths faint memories cry,
A vision flickers below subliminally
But immanence looms unbearably: TURN IT OFF! they hiss.

Elizabeth Smart
1913-1986

Blake's Sunflower






1

Why did Blake say
'Sunflower weary of time'?
Every time I see them
they seem to say
Now! with a crash
of cymbals!
Very pleased
and positive
and absolutely delighting
in their own round brightness.

2
Sorry, Blake!
Now I see what you mean.
Storms and frost have battered
their bright delight
and though they are still upright
nothing could say dejection
more than their weary
disillusioned
hanging heads.


Elizabeth Smart
1913-1986

“Louder Than Bombs”

 


A mulher da capa de “Louder Than Bombs”


''Shelagh Delaney, nasceu no dia 25 de novembro de 1938 em Salford, Manchester, norte da Inglaterra, escreveu aos 18 anos a peça “A Taste of Honey” (Um Gosto de Mel), que conta a história de uma jovem proletária que engravida de um marinheiro negro, para então encontrar consolo ao lado de um estudante de arte homossexual. A obra foi revolucionária por falar sobre assuntos restritos a época, como racismo e homossexualidade. A peça estreou em Londres quando a autora ainda era adolescente.

Em 1961, a obra foi adaptada para o cinema, também com sucesso, e rendeu o Bafta (equivalente britânico ao Oscar) para Delaney e para o corroteirista Tony Richardson. [A personagem Jo é interpretada no filme pela atriz Rita Tushingham, que aparece na capa do single “Hand in Glove” e do vídeo de “Girlfriend in a Coma”.]
A peça original inspirou as músicas “A Taste of Honey” e “Your Mother Should Know” gravadas pelos Beatles.
Em declarações à NME em 1986, Morrissey disse: “Eu nunca fiz nenhum segredo do fato de que pelo menos 50 por cento da minha razão de escrita pode ser atribuída a Shelagh Delaney.”
Em 1985, fez sucesso com “Dançando com um Estranho”, contando a história de Ruth Ellis, última mulher a ser enforcada na Grã-Bretanha, em 1955.
No mesmo ano, Shelagh foi eleita membro da Royal Society of Literature.
Morrissey usou trechos da sua peça “A Taste of Honey” nas músicas: Hand In Glove, Reel Around The Fountain, This Night Has Opened My Eyes, Shoplifters Of The World Unite e Alma Matters.


Ela também está na capa do single Girlfriend in a coma (1987).''


O ESTADO LARVAR

Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 51

O MISTERIOSO, LÓGICO FIM

    A 25 de dezembro de 1920 o corpo de Monk Eastman amanheceu numa das ruas centrais de Nova Iorque. Recebera cinco balas. Desconhecedor feliz da morte, um gato ordinário rondava-o com certa perplexidade.

Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 49

''políticos paroquiais''

  Jorge Luis Borges

casa de vender pássaros

 « Aos 19 anos, cerca de 1892, abriu com o auxílio do pai uma casa de vender pássaros.»


 Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 43

« (....); combates de rua nos quais o homem se perdia como no mar, porque o calcavam até à morte;»


 Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 43

algodoeiro


 

I don’t believe in an interventionist God.

 Nick Cave

My heart, my love, my Lord, my only bride



I Have Trembled My Way Deep
Canção de Nick Cave and the Bad Seeds

I have trembled my way deep into surrender
I have stretched my aching body across the world
I have stood at the threshold of your wonder
Bid me enter, Lord, allow me to unfold

Lay your golden head upon my breast
Pierce me deep and usher me inside
Your threshold where I will eternal rest

My heart, my love, my Lord, my only bride
My heart, my love, my Lord, my one true bride
Sanctuary where the eternal yearning rest
Unpetal me and burst me open wide
And lay your shining head upon my breast

Compositores: Nicholas Cave / Warren Ellis

 « A viúva examinou com ansiedade esses meteoros regulares e leu neles a lenta e confusa fábula de um dragão, que sempre protegera uma raposa, apesar das suas longas ingratidões e constantes delitos.»


 Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 40/1

How Long Have I Waited?


 

diásporas

"espécie de prostituta política"

gatekeeping

''Os americanos também inventaram um termo para isso: gatekeeping, um tecto de vidro cultural em que o acesso ao controlo sobre ideias, tópicos de discussão e produtos é limitado a um grupo dominante que decide quem tem acesso ou direito a uma comunidade ou identidade. Essencialmente, ao estabelecer uma hierarquia de poder, o gatekeeping consolida-se como uma prática contínua de exclusão.''



caucasianíssima

coquetelaria

sábado, 30 de março de 2024

Beyoncé - AMERIICAN REQUIEM


Claude Lanzmann's SHOAH 
Museum of Jewish Heritage

 

 


nome feminino
área de estudo multidisciplinar que se dedica à análise de fenómenos de desinformação cultural e socialmente induzidos, com vista à deliberada promoção da ignorância ou da incerteza na opinião pública acerca de determinado tópico, nomeadamente através da difusão de informação errónea ou não verificada, da publicação de dados descontextualizados, etc.


adjetivo
rodeado de trevas

quarta-feira, 27 de março de 2024


 

duster - copernicus crater

''Razões que ficam, inultrapassáveis''

 Nara Singde

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 363

 ''São tantos os novos que enlutados
Junto dos túmulos se lamentam.''

Gao Qi
1336-1374

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 349




fabulices

 ''No coração dos homens corre infinita dor''

Sadula c.1300-c. 1380

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 341

domingo, 24 de março de 2024


 

''corvos no crepúsculo''

Ma Zhiyuan

1260?-1325?

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 333

 « Mas tenho receio que barca tão frágil
Não suporte o peso de tanto sofrimento.»


Li Qingzhao

1081-1145?


Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 299

''Quero falar - mas correm-me as lágrimas''

Li Qingzhao
1081-1145?


Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 299


 

'' - Limões amarelos e verdes ainda tangerinas.''

 Su Shi

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 285

''E eu e o meu amor, pelo crepúsculo, nos encontrámos.''

Ouyang Xiu

1007-1072

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 275

[«O MARMELEIRO EM FLOR»]

Ouyang Xiu

1007-1072

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 275

''Falta coragem ou perco a vontade, e adormeço''


Mei Yaochen

1002-1060

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 273

''Ervas rebentam com a chuva''

Anónimo, Tang

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 265

Weddings during the Holocaust

 My welfare is tied by a thread to yours

Tied by a thread to yours
...
Me and you
and the riddle.
Me and you
and death.

Zelda


La Shoah à Skede, en Lettonie, en 1941. 

                                     Fonte: Yad Vashem - The World Holocaust Remembrance Center


 

Help Me Somebody

CASACO DE FIOS DOURADOS

Du Qiuniang

Começo do século IX?

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 259

''Voltar é ficar com o coração despedaçado.''

 Wei Zhuang

836-910

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 253

''Sempre difícil encontrarmo-nos, difícil, sempre, separarmo-nos''


Li Shangyin

813-858

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 251

Cróia

''Paro a carroça, contemplo o bosque tardio dos áceres
As folhas geladas: mais vermelhas que as flores de Março.''

Du Mu

803-852

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 245

autocomiseração

Gulag, Uma História Soviética


 

The Last Dinner Party - Prelude To Ecstasy

 ''Vivemos hoje numa cultura de piedade elegante: estamos sempre a pedir desculpas, a dizer quão profundamente uma coisa nos afeta. Mas isso não leva a lado nenhum. ''

Entrevista a George Steiner

 ''Há muitos anos, declarou que não faz sentido explicar Hitler como sendo apenas um louco. Hoje, as pessoas falam de Trump como uma pessoa básica, ignorante e pouco educada. O que lhes diz?

Que isso é redutor e não nos ajuda a perceber quem ele é. É evidente que nunca houve um fenómeno semelhante. Há momentos em que Trump é extremamente astuto e outros em que é infantilmente estúpido. E são estes aspetos que o tornam tão perigoso. (...)''

Entrevista a George Steiner

 ''O nacionalismo é um veneno absoluto.''

George Steiner



Paco Gomez

 

Sim, a retórica política é capaz de matar.

 ''Sim, a retórica política é capaz de matar. A política pode assassinar por meio da linguagem. O horror do movimento nazi foi largamente baseado na retórica, na propaganda. Muito mais poderosas do que qualquer exército são as mentiras do totalitarismo. O totalitarismo funciona através da linguagem. E também existe outro fenómeno: pode ser-se um grande artista e um assassino, uma pessoa a favor do extermínio. Há um momento muito importante nos diários de Cosima Wagner, em que Wagner está lá em cima, no primeiro andar, e ela ouve-o ao piano a rever o 3º ato do “Tristão”. Ele desce para almoçar, e de que é que eles falam? De como queimar os judeus. O homem que tinha estado a compor a melhor música do mundo desce para almoçar e discute alegremente como livrar-se dos judeus. O que quero dizer é que eu não poderia viver num mundo sem a música de Wagner. A minha dívida para com ele é enorme. A minha dívida para com Nietszche, para com Céline! Que livros belos e horrendos! Não tenho resposta para estas pessoas. Não há explicação. Perante os gigantes temos de ficar calados.''

George Steiner

''Há só dois povos na Terra que sobrevivem ininterruptamente há dois mil anos: os chineses e os judeus. Os chineses por serem tantos, os judeus por serem tão poucos.''

George Steiner

boutade

“O verdadeiro crime é viver demasiado”

 George Steiner

 ''Fiandeiras: gritos de seda fria sob a lâmpada, bruxuleante.''

Li Ho

791-817

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 243


 

«Forças vivas de fartura. Forças mortas de fome!»

Stuart Carvalhais

 “Eu penso que o riso acabou – porque a humanidade entristeceu. E entristeceu – por causa da sua imensa civilização. (...) Quanto mais uma sociedade é culta - mais a sua face é triste. (...) O Infeliz está votado ao bocejar infinito. E tem por única consolação que os jornais lhe chamem e que ele se chame a si próprio – O Grande Civilizado.”

 Eça de Queiroz, “A Decadência do riso”, in Notas Contemporâneas, Lisboa, Edição “Livros do Brasil”, 2000, pp.165-166.

''Rapar o fundo do tacho da política''

 Daniel Oliveira

 ''Restos de comida num pátio descem pássaros de Inverno''

Wei Yingwu

737-792

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 235

DOENTE

MANDANDO UMA CONCUBINA EMBORA


Ocasiões que ferem o coração diante estão de mim
Encharcado tenho o corpo, frente à coberta de estimação.
Gastei dinheiro bom p'ra te ensinar dança e canções
Agora deixo a outro gozar teu saber e tua frescura.


Sikong Shu

m.cerca de 790

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 231

''Pescando solitário na neve do rio gelado.''

Liu Zongyuan

773-819

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 225


 

'' - Tem a bondade de tirares os meus ossos das margens do fétido rio.''

 Han Yu

768-824

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 217

 ''Caminho de ervas pouco usado''

Wang Jian

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, p. 213

''Explodem aves''

 Tu Fu

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 185

''Doente sempre, sozinho subo, ao terraço alto.''

Tu Fu

Uma Antologia de Poesia Chinesa. Gil de Carvalho. Assírio & Alvim, Lisboa, 1989, p. 181

Here is always somewhere else (documentary) Bas Jan Ader


All my clothes,1970             Bas Jan Ader

 

O DRAGÃO E A RAPOSA

 Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 39

 ''o seu estilo preciso e lacónico prescinde das cansadas flores da retórica''

Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 36

pedanteria

''Já que estás disposto a matar-me, deixa-me rezar antes de morrer.''

 Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 22

''fumando pensativos cigarros''

 Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 22

«Percorriam - com um momentâneo luxo de anéis, para inspirar respeito - as vastas plantações do Sul. Escolhiam um negro desgraçado e propunham-lhe a liberdade. Diziam-lhe que fugisse ao patrão, para ser vendido uma segunda vez, numa plantação distante. Dar-lhe-iam então uma percentagem do preço da sua venda e ajudá-lo-iam para outra evasão. »

Jorge Luis Borges. História Universal da Infâmia. Tradução José Bento. Quetzal Editores. 1ª Edição, 2015. P. 18

Partido Abolicionista

papoila-branca


 

 «As crianças choravam porque o medo não as deixava dormir.»

Juan Rulfo. A planície em chamas. Tradução do original de Ana Santos. Cavalo de Ferro, 1ª edição, 2003., p. 94

«Vivi lá. Lá deixei a vida...Fui a esse lugar com as minhas justas ilusões e voltei velho e acabado.»

 Juan Rulfo. A planície em chamas. Tradução do original de Ana Santos. Cavalo de Ferro, 1ª edição, 2003., p. 92

serpentear

insectos daninhos

 « Ainda vejo as luzes das labaredas que se levantavam ali onde empilharam os mortos. Juntavam-nos com pás ou faziam-nos rodar como troncos até ao fundo da encosta, e quando o montão se fazia grande, empapavam-no com petróleo e deitavam-lhe fogo. O fedor era levado pelo ar para muito longe, e muitos dias depois ainda se sentia o cheiro a morto chamuscado.»

Juan Rulfo. A planície em chamas. Tradução do original de Ana Santos. Cavalo de Ferro, 1ª edição, 2003., p. 77

apostolizar


 

 « Terás que regressar assim que te vejas cercado. Esperar-te-ei aqui. Aproveitarei o tempo para medir a pontaria, para saber onde te vou colocar a bala. Tenho paciência e tu não tens, é essa a minha vantagem. Tenho o meu coração que resvala e dá voltas no seu próprio sangue, e o teu está arruinado, azedo e cheio de podridão. É essa também a minha vantagem. Amanhã estarás morto, ou talvez depois de amanhã ou dentro de oito dias. Não importa o tempo. Tenho paciência.»

Juan Rulfo. A planície em chamas. Tradução do original de Ana Santos. Cavalo de Ferro, 1ª edição, 2003., p. 37

«Os mortos pesam mais do que os vivos; esmagam-nos.»

Juan Rulfo. A planície em chamas. Tradução do original de Ana Santos. Cavalo de Ferro, 1ª edição, 2003., p. 37

 «Nunca ninguém te fará mal, filho. Estou aqui para te proteger. Por isso nasci antes de ti e os meus ossos endureceram antes dos teus.»

Juan Rulfo. A planície em chamas. Tradução do original de Ana Santos. Cavalo de Ferro, 1ª edição, 2003., p. 36

matorral

«Pela sua cara correm jorros de água suja como se o rio se tivesse metido dentro dela.»

Juan Rulfo. A planície em chamas. Tradução do original de Ana Santos. Cavalo de Ferro, 1ª edição, 2003., p. 31

 « E assim que cresceram deu-lhes para andar com homens do piorio, que lhes ensinaram coisas más. Elas aprenderam depressa e percebiam muito bem os assobios, quando as chamavam a altas horas da noite. Depois saíam até de dia. Iam a toda a hora buscar água ao rio e às vezes, quando uma pessoa menos esperava, ali estavam elas no curral, rebolando-se no chão, todas despidas e cada uma com um homem em cima.»

Juan Rulfo. A planície em chamas. Tradução do original de Ana Santos. Cavalo de Ferro, 1ª edição, 2003., p. 29/30

respondonas

 resmungonas

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