sexta-feira, 26 de maio de 2023
«As melhores coisas, e as mais significativas, que Ibsen nos deu são o impulso no sentido da verdade num tempo artisticamente inverdadeiro; o impulso no sentido da seriedade num tempo artisticamente superficial; o deleite da agitação num tempo de estagnação; e a coragem de agarrar o que quer que contenha em si qualquer coisa de humano, onde quer que cresça.»
Alfred Kerr
quinta-feira, 25 de maio de 2023
terça-feira, 23 de maio de 2023
«Traduzido por miúdos: daquelas mesmas pessoas que se proclamam mais avançadas (em política, em religião, em costumes) é que tenho ouvido as censuras mais ásperas à Antologia. Percebe-se: cautelosos por espírito de conservação, ficam cheios de raiva perante qualquer gesto mais ousado. Confirma-se [...] quanto mais progressistas, mais sacripantas em questões que bulam o sexo.» Luiz Pacheco
in Natália Correia. Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica.
Natália Correia tirou, com O Homúnculo, o sono ao dita-
dor. Foi uma das obras contra si que mais o perturbaram.
A energia, a escrita, a profundidade, a irreverência da
autora impressionaram-no profundamente.
Quando a PIDE lhe foi comunicar a prisão da poetisa
e a apreensão da obra, respondeu: «Retirem o livro, sim,
mas não toquem nela. É uma mulher muito, muitíssimo
inteligente.
Fernando Dacosta
''Ao rol das proibições censórias''
Natália Correia. Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica
segunda-feira, 22 de maio de 2023
domingo, 21 de maio de 2023
Ana Lua Caiano - Se Dançar É Só Depois
sábado, 20 de maio de 2023
135
A morte para os romanos era um homem
mascarado de lobo, um jogo tenebroso
entre o predador e a sua predadora.
Diz Ovídeo (para quem tudo é caça)
que o homem persegue a mulher, o deus
a ninfa, o cão a lebre: perseguem vestígios
que escapam a goelas e armadilhas.
De toda essa devastação sobra apenas
a figura do vento, a sua inconstante respiração.
A ninfa envelhece, a lebre escapa ao dente
e o homem violador fica subitamente
sem tesão. A morte é uma loba acossada,
uma caçadora, uma escrava e detentora
do seu eterno pó. Valha-nos a memória
dos frescos de Pompeia.
''Amar é aceitar o Outro tal como ele é: frágil e angustiado.''
Casimiro de Brito. Euforia. Razões Poéticas, 2019., p. 153
85
Agora que me dedico ao ócio
não tenho tempo para nada.
Vou destruindo pouco a pouco
os restos da minha bagagem.
*
(....)
* ócio no sentido romano da palavra:
o abandono das ocupações públicas.
quinta-feira, 18 de maio de 2023
43
Do mundo não conheço apenas os figos
e o mágico rubor das raparigas -
embalei nos braços um pai já morto
e senti a febre dos filhos
no meu dorso.
34
Toco-te nos mamilos, vão
voar. Lambo-os e já
se desfazem. Tomo-os
nos lábios, duas gotas de terra são.
Mordo-te. Mordes-me - e levanta-se
um fogo
que nos vai devastar.
Hamilton Leithauser + Rostam - A 1000 Times (Official Video)
I've had that dream a thousand times
A thousand times, a thousand times
I've had that dream a thousand times
I walked from noon until the night
I changed my crowd, I ditched my tie
I watched the sparks fly off the fire
I found your house, I didn't even try
They'd closed the shutters, they'd pulled the blinds
My eyes were red, the streets were bright
Those ancient years were black and white
If I had your number, I'd call you tomorrow
If my eyes were open, I'd be kicking the doors in
But all that I have is this old dream I've always had
I've had that dream a thousand times
A thousand times, a thousand times
I've had that dream a thousand times
I walked from noon through the night
I changed my crowd, I ditched my tie
I watched the sparks fly off the fire
I found your old house, I didn't even try
They'd closed the shutters, they'd pulled the blinds
I had a dream that you were mine
I've had that dream a thousand times
My eyes are still open, the curtains are closing
But all that I have is this old dream I must have had
I've had that dream a thousand times
A thousand times, a thousand times
I've had that dream a thousand times
A thousand times, a thousand times
I've had that dream a thousand times
A thousand times, a thousand times
I've had that dream a thousand times
22
E toda te abres
como se fosse
por acidente.
E em ti mergulho
como quem descobre
uma ilha líquida.
domingo, 14 de maio de 2023
sábado, 13 de maio de 2023
2
Amo-te
porque a palavra correu entre a tua pele
e a minha. Amo-te porque nos olhámos
e me engoliste no teu olhar. Amo-te
porque ouvi a febre, esse todo em ti
inesgotável, essa humidade
que me devolve a seiva
mais antiga. Amo-te
porque me dás tudo o que me falta.
E amo-te porque me revelas
em cada momento
que precisas de mim. E agora sou eu
que não sei viver sem a tua constante
confirmação
de que o paraíso existe.
Casimiro de Brito. Euforia. Razões Poéticas, 2019., p. 8
''Subitamente, é demasiado tarde.''
José Agostinho Baptista. Esta Voz É Quase o Vento. Assírio & Alvim. 2ª Edição , Junho 2006., p. 115
''chora os teus mortos através do mundo''
José Agostinho Baptista. Esta Voz É Quase o Vento. Assírio & Alvim. 2ª Edição , Junho 2006., p. 94
''frio rosto de mármore''
José Agostinho Baptista. Esta Voz É Quase o Vento. Assírio & Alvim. 2ª Edição , Junho 2006., p. 82
quinta-feira, 11 de maio de 2023
''quando o crepúsculo traz a sua dor''
José Agostinho Baptista. Esta Voz É Quase o Vento. Assírio & Alvim. 2ª Edição , Junho 2006., p. 58
''um rosto de vidro onde bate a lua,''
José Agostinho Baptista. Esta Voz É Quase o Vento. Assírio & Alvim. 2ª Edição , Junho 2006., p. 57
«Chamaste por mim em vão,
e como esse rei de rosto triste, também
choraste em vão.
Estavas só, sempre estiveste só,
E ao recordares uma orquídia,
um cântaro,
as mesas com toalhas de renda e os lírios,
assomaram aos teus olhos todas as lágrimas.»
''entre o pó e as hortênsias''
José Agostinho Baptista. Esta Voz É Quase o Vento. Assírio & Alvim. 2ª Edição , Junho 2006., p. 51