terça-feira, 19 de abril de 2022
A Tua Presença
'' os bares melancólicos de sujos mosaicos''
Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 49
ponto mais à frente a partir do qual
''negrume gélido''
Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 41
''lama aguada''
Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 30
«(...), despia-me e sentava-me a fumar e a beber gim a pequenos goles. Deixava-me ficar ali até se começar a ver o primeiro lampejo de claridade diurna. Às vezes masturbava-me.»
Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 21
'' experimentava aguaceiros de sangue por detrás dos olhos''
Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 19
« Vai-se ver e não está a pensar em nada: vai-se a ver e até as mamas desapareceram e agora não têm nada lá dentro, texturas somente, as paredes negras, áridas, corroídas pela ferrugem de velhas memórias e pensamentos, um negror húmido, verde-escuro, sem quaisquer zonas iluminadas, nem o eco da luz pálida nem o do som brumoso que é o horizonte de ruído que rodeia o cone iluminado pelo candeeiro cuja luz se desdobra sobre a mesma de bilhar,(...)»
Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 13
segunda-feira, 18 de abril de 2022
'' as vergonhas da ignorância são as que mais custam a confessar''
José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 84
''gloriarem-se os sofredores do seu sofrimento''
José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 79
''as águas corriam como seda escura e rangideira''
José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 75
Fausto
em busca daquela terra
e a maré foi de rosas pela boca
na calmaria tão grande
e a**im como fosse cansado
a água vai muito mansa
e o meu corpo suado
embalado
flutua e descansa
e vimos com os nossos olhos
que em maravilha se olharam
uma cor na água do rio
desvairada da outra
desvariada pelo tom
alucinada
pelo desvairo da cor
se uma era doce
e a outra salgada
em ondulante sabor
e a cor do ouro repousa
derramado na areia
e saborosa e tão quieta era a vista
pouco lavada dos ventos
são infindas as garças reais
em voos muito arabescos
que só do olhar tivemos
um doce e grande refresco
e em todo aquele rio era grande
a cópia de pescarias
de multidão de gatos-de-algália
papagaios e bugias
e surgem do denso arvoredo
incontáveis gentes pretas
de tão lindas mulheres
e de grande vergonha
tão ledas
e o perfume desta terra
é a doçura do seu fruto
o mistério do seu vulto
em selva de arvoredos
de palmares
laranjeiras
limoeiros e cidreiras
cristalinas
pelos ares
brilham as cores do arco celeste
de infinitas maneiras
de infinitas maneiras
« Então chegou a república. Ganhavam os homens doze ou treze vinténs, e as mulheres menos de metade, como de costume. Comiam ambos o mesmo pão de bagaço, os mesmos farrapos de couve, os mesmos talos. A república veio despachada de Lisboa, andou de terra em terra pelo telégrafo, se o havia, remendou-se pela imprensa, se a sabiam ler, pelo passar de boca em boca, que sempre foi o mais fácil.
« Tanto mais duvidamos quanto mais sabemos, ou julgamos saber. E sobre nós mesmos, homens, se torna ainda maior a nossa perplexidade! Por certo somos mais complicados que as pedras e as plantas, os animais a que negamos razão e até os fenómenos siderais. Quem sabe? talvez nos nem convenha sabermos demais sobre nós mesmos!
José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 31«(...), eu não quisera ofender-te sem te ouvir.»
José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 30
quinta-feira, 7 de abril de 2022
« já não tenho manias, só tenho dores e ansiedade e já sei bem o que me vai acontecer. não diga isso, e olhe que eu não vejo os pássaros por casmurrice, ó senhor pereira. eu não disse isso, mas podia ser. eu sei lá porque os vejo, às vezes vejo coisas com uma clareza que custa a crer que a imaginação tenha tanto talento.»
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 289''fita de sonsa''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 286
''cochichos melosos''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 282
''doutorice do pretendente''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 279
quarta-feira, 6 de abril de 2022
'' o poder do sexo na sociedade''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 264
''isto é coisa para nos amargar o sangue''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 264
''desfear as flores''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 248
''salários de humanos de segunda''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 200
« olhe, hoje é possível reviver o fascismo, quer saber. é possível na perfeição. basta ser-se trabalhador dependente. é o suficiente para perceber o que é comer e calar, e por vezes nem comer, só calar.»
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 200terça-feira, 5 de abril de 2022
''revistas de alcoviteirice''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 199
domingo, 3 de abril de 2022
«Os cães vadiavam por um e outro lado com os focinhos negros, manchados de sangue. O sol no zénite esquentava todas as cabeças descobertas. Os cadáveres, mal enterrados, a ponto de terem um ou outro membro de fora da terra, exalavam nauseabundo fétido.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 206
''primavera sagrada''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 202
“(…) os povos chamados industrializados têm produzido muita máquina e têm destruído muita pessoa. Espero que os portugueses produzam menos máquinas, mas saibam mais desenvolver pessoas! Aquilo que se tem que fazer hoje no mundo não é mais coisas do que aquelas que se têm feito. O que é preciso é criar no mundo as condições necessárias para que as pessoas possam brotar delas próprias, para que gente que tem morrido aos milhões sem nunca realmente ter vivido a sua própria vida não tenha mais esse destino daqui por diante, possa viver vida completa. Isso é que é importante!”
Agostinho da Silva, in Antónia de Sousa, Diálogos com Agostinho da Silva. O Império acabou. E agora?, Casa das Letras, 2006, 6ª edição, p.33.
«(...), e os padres, desde que fiquem nos poleiros garantidos para engordarem, estão sempre felizes. que melhor discurso pode haver para os padres do que a promoção da beleza de ser pobrezinho. a promoção da beleza de ser pobrezinho. é um casamento perfeito. o político que gosta dos pobrezinhos e os mantém pobrezinhos, com a igreja que gosta dos pobrezinhos e os mantém pobrezinhos.»
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 176/7''formas de politizar um povo''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 176
''letrinhas patrióticas''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 172
'' o povo gangrenava descontente''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 171
'' ser-se velho é viver contra o corpo.''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 164
« quase não o deixaram levar tanto caco para o lar, mas eram santos, e a fé é sempre um cartão postal dos lares, o nosso não seria excepção. um lar com ligações especiais ao divino oferece melhores garantias no comércio das almas.»
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 153
porque toda a lógica da igreja é opressora
«(...), a igreja é uma instituição pançuda que se deixou confortavelmente sentada ao lado de salazar. como sempre, dizia anísio, sempre do lado dos opressores porque toda a lógica da igreja é opressora, não conhecem outra linguagem.»
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 151« (...) apenas a gestão do tempo pode fazer-nos escapar à loucura.»
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 134
''folclore absurdo''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 134
que esperança tola que a morte fosse aquilo. mas não. a morte é mais o aprumado das campas como mesas postas ao contrário. mesas servidas a convidados nenhuns que, sem licença, desenvolvem uma avidez sem limite que liberta a alma até ao último fumo.»
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 133
« tudo contamina tudo, tudo padece.»
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 127
''grandes estadistas''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 126
sábado, 2 de abril de 2022
« Em seguida, Taanach apresentou-lhe, num frasquinho de alabastro, o quer que era líquido, mas já um tanto coagulado: era o sangue de um cão preto, degolado por mulheres estéreis, nas ruínas de um sepulcro, durante uma noite de Inverno.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 177
«(...) parecia até sentir prazer em desolá-la»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 173
«(...), sentia-se de dia para dia rodeada de maior solidão.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 170