Pois o meu outrora delicado] corpo, já a velhice
me arrebatou, e brancos] se tornaram os cabelos, negros que eram.
Pesado o meu coração se tornou, não me suportam já as pernas,
em tempos ligeiras na dança, como pequenas corças.
Isso lamento a toda a hora; mas que fazer?
alguém que não envelhece é algo que não pode existir.
Safo
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segunda-feira, 10 de março de 2014
Imortal Afrodite do trono variegado,
filha de Zeus, urdidora de enganos, suplico-te:
com sofrimentos e angústias não subjugues,
ó rainha, o meu coração
(...)
Vem até mim, agora também! Salva-me da aflitiva
ansiedade; e para mim faz cumprir tudo o que
meu coração deseja ver cumprido; e tu própria
combate a meu lado.
filha de Zeus, urdidora de enganos, suplico-te:
com sofrimentos e angústias não subjugues,
ó rainha, o meu coração
(...)
Vem até mim, agora também! Salva-me da aflitiva
ansiedade; e para mim faz cumprir tudo o que
meu coração deseja ver cumprido; e tu própria
combate a meu lado.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Pois o meu outrora delicado] corpo, já a velhice
me arrebatou, e brancos] se tornaram os cabelos, negros que eram.
Pesado o meu coração se tornou, não me suportam já as pernas,
em tempos ligeiras na dança, como pequenas corças.
Isso lamento a toda a hora; mas que fazer?
alguém que não envelhece é algo que não pode existir.
Safo
me arrebatou, e brancos] se tornaram os cabelos, negros que eram.
Pesado o meu coração se tornou, não me suportam já as pernas,
em tempos ligeiras na dança, como pequenas corças.
Isso lamento a toda a hora; mas que fazer?
alguém que não envelhece é algo que não pode existir.
Safo
sábado, 8 de outubro de 2011
DESEJO DE MORRER
«Hermes veio...
Eu disse-lhe: «Senhor...
não, pela Deusa Feliz,
nunca prezei grandezas:
o meu desejo
é morrer. Ver
no orvalho as flores
de luto no lodo longo do Aqueronte!»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 103
Eu disse-lhe: «Senhor...
não, pela Deusa Feliz,
nunca prezei grandezas:
o meu desejo
é morrer. Ver
no orvalho as flores
de luto no lodo longo do Aqueronte!»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 103
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século VII a.C.
OLVIDO
«Morte, inércia de sono
para ti, silêncio
de qualquer memória
para sempre: não mais, não,
alcançarás as rosas de Piéria.
Escura e desatinada,
vaguearás pelo Hades
não mais vista de ninguém,
sempre às cegas, sempre
por entre sombras
de corpos, obscuras
aparências só.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 101
para ti, silêncio
de qualquer memória
para sempre: não mais, não,
alcançarás as rosas de Piéria.
Escura e desatinada,
vaguearás pelo Hades
não mais vista de ninguém,
sempre às cegas, sempre
por entre sombras
de corpos, obscuras
aparências só.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 101
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século VII a.C.
MAÇÃ MENINA
«No alto do ramo,
alta no ramo mais alto,
uma tão rosa maçã:
esqueceram-na os apanhadores
de fruta. Esqueceram-na?
Não! Mãos não tiveram
para a colher.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 99
alta no ramo mais alto,
uma tão rosa maçã:
esqueceram-na os apanhadores
de fruta. Esqueceram-na?
Não! Mãos não tiveram
para a colher.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 99
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PARA ALÉM DO MAR
«...em Sardis agora vive,
mas a alma encontra-se entre nós.
................................................
Eras para ela tal uma Deusa,
o teu canto acalmava os seus caprichos.
Agora, na Lídia, deslumbra entre
as mulheres. Assim a lua,
posto o sol, rósea
empalidece as estrelas, inunda, em subido fulgor,
as águas do mar salgado
e a planície toda em flor:
um manto luzente de orvalho, viçoso
de rosas, tenras madressilvas e trevos
perfumados.
Entre um passo e outro passo,
Áttis suaviza-lhe a memória:
liquefaz-lhe o anseio na leve
urdida do coração. - Embora
a angústia
com angústia lhe pese.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 91
mas a alma encontra-se entre nós.
................................................
Eras para ela tal uma Deusa,
o teu canto acalmava os seus caprichos.
Agora, na Lídia, deslumbra entre
as mulheres. Assim a lua,
posto o sol, rósea
empalidece as estrelas, inunda, em subido fulgor,
as águas do mar salgado
e a planície toda em flor:
um manto luzente de orvalho, viçoso
de rosas, tenras madressilvas e trevos
perfumados.
Entre um passo e outro passo,
Áttis suaviza-lhe a memória:
liquefaz-lhe o anseio na leve
urdida do coração. - Embora
a angústia
com angústia lhe pese.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 91
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ALÍVIO
«Enfim, cara, vieste - e bem. Com
ânsia te esperava - e muito. Que
saibas: em minha alma ascendeste
um fogo que a devora.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 75
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DICA
«Coroa-te, Dica, com tuas gráceis mãos!
Enfeita os aneis do teu cabelo
com funcho, anis, pétalas e corolas.
Vê que os olhos das Graças
sempre em grinaldas se entrançaram
de flores muitas
- e sempre, Dica, se desviam
de quem não se coroa
de flores!
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 73
Enfeita os aneis do teu cabelo
com funcho, anis, pétalas e corolas.
Vê que os olhos das Graças
sempre em grinaldas se entrançaram
de flores muitas
- e sempre, Dica, se desviam
de quem não se coroa
de flores!
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 73
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AS POMBAS
«E o seu coração
ascende frio,
e as asas abrandam...»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 63
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ADÓNIS
« - O doce Adónis morreu, Afrodite: que fazer?
-Flagelai, moças, os vossos seios,
rasgai, amigas, as vossas vestes.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 53
-Flagelai, moças, os vossos seios,
rasgai, amigas, as vossas vestes.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 53
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sexta-feira, 7 de outubro de 2011
ESQUECIMENTO
«De mim te sei esquecida, e não mais
tu me amas: a um outro sim - e mais.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 47
tu me amas: a um outro sim - e mais.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 47
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VERGONHA
« - Uma coisa te quero dizer,
mas a vergonha mo impede...
-Se em ti habitasse o desejo
por coisas nobres e belas,
e a tua língua se não embrulhasse no mal,
já a vergonha não cobriria teus olhos
e límpido falarias sobre os teus sentimentos.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 41
mas a vergonha mo impede...
-Se em ti habitasse o desejo
por coisas nobres e belas,
e a tua língua se não embrulhasse no mal,
já a vergonha não cobriria teus olhos
e límpido falarias sobre os teus sentimentos.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 41
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VIRGINDADE
« - Virgindade, virgindade! Fugiste de mim para onde?
- Não mais te verei a ti, a ti não mais voltarei.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 39
- Não mais te verei a ti, a ti não mais voltarei.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 39
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O BELO E O BOM
«Quem é belo
é belo aos olhos
- e basta.
Mas quem é bom
é subitamente belo.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 27
é belo aos olhos
- e basta.
Mas quem é bom
é subitamente belo.»
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 27
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século VII a.C.
MAIS VERDE QUE UMA ERVA
(...)
«O suor me toma, um tremor
me prende. Mais verde sou
do que uma erva - e de mim
não me parece a morte longe...
.................................................
Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991
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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Ode II
Igual dos deuses esse homem
me parece: diante de ti
sentado, e tão próximo, ouve
a doçura da tua voz,
e o teu riso claro e solto. Pobre
de mim: o coração me bate
de assustado. Num ápice te vejo
e a voz me vai;
a língua paralisa; um arrepio
de fogo, fugaz e fino,
corre-me a carne; enevoados
os olhos; tontos os ouvidos.
O suor me toma, um tremor
me prende. Mais verde sou
do que uma erva – e de mim
não me parece a morte longe…
Alvim, P. tr. Safo de Lesbos. São Paulo: Ars Poética, 1992.
me parece: diante de ti
sentado, e tão próximo, ouve
a doçura da tua voz,
e o teu riso claro e solto. Pobre
de mim: o coração me bate
de assustado. Num ápice te vejo
e a voz me vai;
a língua paralisa; um arrepio
de fogo, fugaz e fino,
corre-me a carne; enevoados
os olhos; tontos os ouvidos.
O suor me toma, um tremor
me prende. Mais verde sou
do que uma erva – e de mim
não me parece a morte longe…
Alvim, P. tr. Safo de Lesbos. São Paulo: Ars Poética, 1992.
Presumível retrato da poeta grega Safo.
Pintura proveniente de Pompeia. Colecção Roger-Viollet
Pintura proveniente de Pompeia. Colecção Roger-Viollet
Semelhante aos deuses me parece
o homem que diante de ti se senta
e, tão doce, a tua voz escuta,
ou amoroso riso – que tanto agita
meu coração de súbito, pois basta ver-te
para que nem atine com o que diga,
ou a língua se me torne inerte.
Um subtil fogo me arrepia a pele,
deixam de ver meus olhos, zunem meus ouvidos,
o suor inunda-me o corpo de frio,
e tremendo toda, mais verde que as ervas,
julgo que a morte não pode já tardar.
Eugénio de Andrade. Poemas e Fragmentos de Safo. Porto, Limiar, 1974
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