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sábado, 8 de outubro de 2011

DESEJO DE MORRER

«Hermes veio...

Eu disse-lhe: «Senhor...
não, pela Deusa Feliz,
nunca prezei grandezas:

  o meu desejo
  é morrer. Ver
no orvalho as flores
de luto no lodo longo do Aqueronte!»



Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 103

OLVIDO

«Morte, inércia de sono
    para ti, silêncio
de qualquer memória
para sempre: não mais, não,
alcançarás as rosas de Piéria.
   Escura e desatinada,
vaguearás pelo Hades
não mais vista de ninguém,
   sempre às cegas, sempre
     por entre sombras
 de corpos, obscuras
     aparências só.»


Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 101

MAÇÃ MENINA

«No alto do ramo,
alta no ramo mais alto,
  uma tão rosa maçã:
esqueceram-na os apanhadores
de fruta. Esqueceram-na?
  Não! Mãos não tiveram
     para a colher.»



Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 99

PARA ALÉM DO MAR

«...em Sardis agora vive,
mas a alma encontra-se entre nós.
................................................
   Eras para ela tal uma Deusa,
o teu canto acalmava os seus caprichos.

  Agora, na Lídia, deslumbra entre
      as mulheres. Assim a lua,
       posto o sol, rósea
empalidece as estrelas, inunda, em subido fulgor,
     as águas do mar salgado
     e a planície toda em flor:

um manto luzente de orvalho, viçoso
de rosas, tenras madressilvas e trevos
            perfumados.

    Entre um passo e outro passo,
   Áttis suaviza-lhe a memória:
   liquefaz-lhe o anseio na leve
  urdida do coração. - Embora
       a angústia
com angústia lhe pese.»




Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 91

ALÍVIO


«Enfim, cara, vieste - e bem. Com
 ânsia te esperava - e muito. Que
  saibas: em minha alma ascendeste
       um fogo que a devora.»


Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 75

DICA

«Coroa-te, Dica, com tuas gráceis mãos!
       Enfeita os aneis do teu cabelo
com funcho, anis, pétalas e corolas.

   Vê que os olhos das Graças
sempre em grinaldas se entrançaram
        de flores muitas

     - e sempre, Dica, se desviam
      de quem não se coroa
             de flores!

Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 73

AS POMBAS


   «E o seu coração
       ascende frio,
    e as asas abrandam...»


Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 63

ADÓNIS

« - O doce Adónis morreu, Afrodite: que fazer?
        -Flagelai, moças, os vossos seios,
      rasgai, amigas, as vossas vestes.»



Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 53

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

ESQUECIMENTO

«De mim te sei esquecida, e não mais
tu me amas: a um outro sim - e mais.»


Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 47

VERGONHA

« - Uma coisa te quero dizer,
mas a vergonha mo impede...

-Se em ti habitasse o desejo
    por coisas nobres e belas,
e a tua língua se não embrulhasse no mal,
  já a vergonha não cobriria teus olhos
e límpido falarias sobre os teus sentimentos.»




Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 41

VIRGINDADE

« - Virgindade, virgindade! Fugiste de mim para onde?
      - Não mais te verei a ti, a ti não mais voltarei.»



Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 39

O BELO E O BOM

     «Quem é belo
     é belo aos olhos
    - e basta.

     Mas quem é bom
    é subitamente belo.»




Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991., p. 27

MAIS VERDE QUE UMA ERVA



(...)

«O suor me toma, um tremor
me prende. Mais verde sou
do que uma erva - e de mim
não me parece a morte longe...

.................................................


Safo. Líricas em Fragmentos. Tradução e apresentação de Pedro Alvim. Edição Bilingue. Vega, 1ª edição, 1991
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