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domingo, 1 de janeiro de 2017

«Escrevendo “ao que a mim me criou porque eu o crio”, a visão agostiniana, transgredindo a comum ideia da unilateral e extrínseca relação entre um Deus criador e as criaturas, abre duas possibilidades de interpretação, não de todo exclusivas: ou o Deus criador é uma mera representação do Deus absoluto, do Deus-“nada que é tudo” (...)»

Paulo BorgesDo “nada que é tudo”. A poesia pensante e mística de Agostinho da Silva

cisão existencial

''a simultaneidade do existir e não existir''

terça-feira, 29 de junho de 2010

«O pobre triste lê nas pedras a história da sua infância; e lê nos astros e nas nuvens, no voo das aves e nas entranhas do seu coração, porque ele é uma sombra humana que foi árvore, e áugure nos tempos virgilianos, e planeta na sua freguesia...»


Paulo Borges. Heteronímia e Carnaval em Teixeira de Pascoaes Ibid. O Pobre Tolo (elegia satírica), pp.247-248 e 251
«Desapareço na escuridão interior. Um velho espectro me domina; adapta-se ao meu ser. Transfiguro-me, desconheço-me, não sou eu. Sou outra alma que revive; uma lembrança minha acordada com tal força, que se apodera de mim absolutamente. Sou ela e mais ninguém !" - pp.75-76; "Conclui : não existo; os tolos não existem. [...] Paira numa névoa abstracta e incolor em que ele e as outras pessoas se diluem e que forma as dimensões do Indefinido,depois das últimas estrelas" - p.77; "O tolo aparece e desaparece" - p.78; "O tolo é um mar e bóia em pleno mar... [...] Está no centro duma névoa impenetrável ao sol que a deve cercar dum infinito resplendor... »- p.79.


Paulo Borges. Heteronímia e Carnaval em Teixeira de Pascoaes op. cit. Teixeira de Pascoaes, O Pobre Tolo (versão inédita.
«Somos uma turba e ninguém: um ninguém que vive, porque é sangue e carne, e existe porque é esqueleto ou pedra; e uma turba de espectros que nos acompanha desde a Origem, e é a nossa mesma pessoa multiplicada em mil tendências incoerentes, forças contraditórias, em vários sentidos ignotos...»


Paulo Borges. Heteronímia e Carnaval em Teixeira de Pascoaes op. cit. Teixeira de Pascoaes, O Pobre Tolo (versão inédita), p.215.
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