“Se tratarmos as pessoas como elas devem ser, nós as ajudamos a se tornarem o que elas são capazes de ser”
Johan Wolfgang Von Goethe
コカインの時間を介しての旅です
Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 132
[Carta a Armando Teixeira Rebelo -2 Ago. 1907]
Hotel Brito, Portalegre
22 de Agosto de 1907
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Venerável porção de existência terrena!
Nuns poucos momentos de concatenada actividade mental, não desassistida dos fumos carnais da bebida alcoólica — nada mais nada menos do que vinho — não exclusivo a esta localidade, a minha alma sentiu, como um suspiro mental, a necessidade de dar expressão do seu presente estado e tendências a um cérebro amigável como o teu.
Solitário e silente no meu transitório lugar de existência no hotel mencionado no cabeçalho desta explosiva epístola de uma sobrecarregada alma, sentindo em redor de mim um mundo moralmente frio e materialmente quente — abaixo de zero quanto à minha alma e não longe dos 40 quanto ao meu corpo — nestas circunstâncias angustiosas e inspiradoras veio até mim a ideia de que talvez o processo desta composição epistolar possa ser subjectivamente conducente a um alívio do meu fardo terreno neste momento, possa ser o «bálsamo em Gilead» sonhado por Poe, para o meu espírito desgarrado.
Daí esta carta.
Portalegre é um lugar em que tudo quanto um forasteiro pode fazer é cansar-se de não fazer nada. As suas qualidades componentes parecem-me conter (depois de uma profunda análise), em quantidades relativas e incertas, calor, frio, semiesPãholismo e nada. O vinho é bom (embora não daqui, creio), mas é decididamente alcoólico, especialmente quando a jarra de água está na outra extremidade da mesa e tu te esqueces (quer dizer, eu me esqueço) de o pedir. O estilo desta carta é disso uma prova decisiva. Farei dela registo, para que uma tão brilhante produção do meu espírito não se perca no correio.
A desmontagem e embalagem da tipografia está a levar um tempo danado — poeticamente falando, é claro. Apesar disso, os homens têm trabalhado bastante depressa e tenho os olhado e observado com a maior das energias.
Acredito sinceramente que, se tivesse que aqui ficar um mês, teria de ir para Lisboa e depois para o Hotel Bombarda. Mal podes imaginar o hiperaborrecimento, o ultra-estafanço-de-tudo, a absoluta sensação de o-que-há-de-fazer-um-tipo num sítio destes, que reinam no meu espírito!
Encontrei um livro para ler. Estou ansioso por voltar para Lisboa; penso contudo que ainda terei de ficar aqui mais três dias.
O Alentejo visto do comboio
Nada com nada em sua volta
E algumas árvores no meio,
Nenhuma das quais claramente verde,
Onde não há vista de rio ou de flor.
Se há um inferno, eu encontrei-o,
Pois se não está aqui, onde Diabo estará?
Passa bem, ó tu
F. Nogueira Pessoa
P. S. — Não me escrevas para Portalegre. Poderei já aqui não estar. Espera o meu regresso a Lisboa. Aí falaremos então.
Escritos Íntimos, Cartas e Páginas Autobiográficas. Fernando Pessoa. (Introduções, organização e notas de António Quadros.) Mem Martins: Publ. Europa-América, 1986.
- 56.Tradução de António Quadros.
1ª publ. in Vida e Obra de Fernando Pessoa - História de uma Geração. João Gaspar Simões. Lisboa: Bertrand, 1951.
DIEGO
Cerrar podrá mis ojos la postrera
sombra que me llevare el blanco día,
y podrá desatar esta alma mía
hora a su afán ansioso lisonjera;
mas no, de esotra parte, en la ribera,
dejará la memoria, en donde ardía:
nadar sabe mi llama la agua fría,
y perder el respeto a ley severa.
Alma a quien todo un dios prisión ha sido,
venas que humor a tanto fuego han dado,
medulas que han gloriosamente ardido:
su cuerpo dejará no su cuidado;
serán ceniza, mas tendrá sentido;
polvo serán, mas polvo enamorado.
Cerrar irá meus olhos a derradeira
sombra que me levará o branco dia,
e desatará minh’alma na umbria
agora a seu afã ansioso lisonjeira;
mas não, dessoutra parte, na ribeira,
deixará a memória, aonde ardia:
nadar sabe minha chama a água fria,
e perder o respeito a lei severa.
Alma a quem todo um deus prisão há sido,
veias que humor a tanto fogo hão dado,
medulas que hão gloriosamente ardido:
seu corpo deixará, não seu cuidado;
serão só cinza, mas terá sentido;
pó se tornarão, mas pó enamorado.
«As palavras dos poetas são um perigo para os ouvidos de homens que querem ser livres. Só o que fazem é criar fantasmas, que afastam os homens da contemplação da verdade.»
Obra Poética de Ruy Belo. Volume 3. Organização e Notas de Joaquim Manuel Magalhães e Maria Jorge Vilar de Figueiredo. Editorial Presença. , p. 81
«E, no entanto, o próprio Hölderlin reconhece que, apesar da sua inocência, a palavra é o mais perigoso dos bens. O homem tem de a utilizar para testemunhar o que é. Ao lançar mão dela, expõe o seu ser, isto é, põe-no a descoberto e arrisca-o, nos dois sentidos que esse verbo tem.»
Obra Poética de Ruy Belo. Volume 3. Organização e Notas de Joaquim Manuel Magalhães e Maria Jorge Vilar de Figueiredo. Editorial Presença. , p. 81
Obra Poética de Ruy Belo. Volume 3. Organização e Notas de Joaquim Manuel Magalhães e Maria Jorge Vilar de Figueiredo. Editorial Presença. , p. 80
Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 160
Disse-te adeus e morri
« A atitude científica é «buscar a verdade nos factos»; «crer-se sempre certo» e «pretender-se mestre dos demais» é uma atitude arrogante que jamais permite resolver qualquer problema.»
Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 128
Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 122
«Há três anos que o nosso Partido e o nosso exército vêm fazendo esforços consideráveis para recrutar intelectuais; um grande número de intelectuais revolucionários foi já incorporado no Partido e no exército, no trabalho dos órgãos do poder, no movimento cultural e no movimento de massas, o que ampliou a Frente Única. Isso constitui um êxito notável.»
* Decisão do Comité Central do Partido Comunista da Chiva, redigida pelo camarada Mao Tsetung, 1 de Dezembro de 1939.
Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 120