sexta-feira, 15 de maio de 2015
II
Sofrer sozinho é terra morta
pelo vento e pelo sol:
braseiro vivo. Flores
cobrem apenas o corpo
triste, negado aos que sofrem.
Caminho e não pergunto
quem és, quem fostes ou quem
quiseste ser. A dor mudou
o teu nome, mascarou
o rosto íntimo. Passado,
presente contraditório ou signo
marcado pelo sofrimento,
é o baptismo
do tempo.
Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 143