segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Dois poemas plásticos


O dia morre contigo. Deixa que os teus braços pendam
     sobre a hora que não tarda.
A tua túnica ondeia como um verme espreguiçado.
Os teus mamilos já não fremem: a hora cobre-te a nudez.
A primeira estrela subiu e veio depor o beijo sobre
                                                                  [a tua fronte suada.
As aves estão contigo. Abrigam-te as lágrimas serenas
                                                        [nas suas asas de crepe.
Pronto. Cerra os olhos. É o fim.


Fernando Namora. As Frias Madrugadas. Publicações Europa-América, 4ª ed, Lisboa, 1971., p. 129
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