segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

História de Inverno

A mulher de água
traz limos nas espáduas.
Tem olhos de lagoa
e o corpo como um rio.

Traz musgo sobre os seios
e a sua voz dá frio,
o seu olhar magoa.

Mas não lhe sei o nome.

Estende os cabelos de água
no inverno dos meus olhos,
dorme na minha sorte
por toda a noite insone.

Faz um rumor de chuva,
tem um sabor de morte.

Mas não lhe sei o nome.


Carlos de Oliveira. Trabalho poético. Sá da Costa Editora, 2ª Edição, Lisboa, 1982., p. 27
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