Prendendo loucamente às ervas farrapos
De prata; nele brilha o sol, do alto da montanha
Orgulhosa: é um pequeno valado que espuma farpas.
Um soldado jovem, de boca aberta, cabeça nua,
E a nuca mergulhando nos frescos agriões azuis,
Dorme; está estendido na relva, a céu aberto,
Pálido no seu leito verde onde chove a luz.
Com os pés nos gladíolos, dorme. Sorrindo como
Sorriria uma criança doente, dorme um sono:
Natura, embala-o junto ao peito: ele está com frio.
Não há perfume que faça estremecer suas narinas;
Dorme ao sol, a mão sobre o peito
Tranquilo. No seu lado direito, tem dois buracos vermelhos.
Outubro de 1870.
Arthur Rimbaud. O Rapaz Raro. Iluminações e poemas. Tradução de Maria Gabriela Llansol. Relógio D' água, Lisboa, 1998., p. 173
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