«Louis Jouvet resumiu assim O Misantropo: «É a comédia de um homem que quer ter uma conversa decisiva com a mulher que ama e que, até ao fim do dia, não consegue fazê-lo».
O homem é Alceste, o misantropo, ou, como o esquecido subtítulo da peça indica, o «atrabiliário amoroso». Opõe-se à sociedade do seu tempo pela sua exigência de rigor, franqueza e sinceridade totais nos comportamentos, rejeitando qualquer espécie de convenção hipócrita nas relações entre as pessoas. Essa exigência ética fá-lo sossobrar num pessimismo irremediável e numa crescente recusa de contactos com o género humano, a ponto de pôr em questão as suas próprias amizades. A peça que, logo desde a primeira cena, nos apresenta o protagonista, começa, exactamente, por uma acalorada discussão entre Alceste e o seu amigo Filinto, acomodatício e sensato, sobre este tópico.»
Vasco Graça Moura
Molière. O Misantropo. Vasco Graça Moura e Bertrand Editora, Lisboa, 2007., p. 7
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