Parar o diário
Foi aturdir a memória,
Foi um começo em branco,
Começo que já não cicatriza
Com tais palavras, tais acções,
Que tornaram inóspito o acordar.
Queria-as terminadas,
Despachadas para enterro
E rememoradas
Como as guerras e os invernos
Que faltavam para lá das janelas
De uma infância opaca.
E as páginas vazias?
Se vierem a preencher-se,
Que seja com a observação
De recorrências celestes,
O dia em que vêm as flores,
E quando partem as aves.
Philip Larkin. Janelas Altas. Tradução e introdução de Rui Carvalho Homem. Edições Cotovia, Lisboa, 2004., p. 43
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário