segunda-feira, 25 de abril de 2022
- Conheço um tipo que não tem sentimentos e, no entanto, faz literatura - disse eu.
Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 74/5
« Depois de velho ainda se vive muito tempo.»
José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 95
« Ainda não há muito que sobretudo os poetas tuberculizavam, ou se suicidavam, ou, de qualquer modo, feneciam na flor dos anos lastimando-se aniquilados, perdidos, prontos para o fim: talvez pelos desvarios da imaginação e dos sentidos, durante vidas curtas mas longas em peripécias devastadoras.»
José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 84
«Todo o literato mais ou menos falhado tem uma invencível necessidade de falar de si e da sua obra; até de dar nas vistas.»
José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 76
A mim, o que me defende é a minha obscuridade.
«Todos reconhecemos que os camaradas literatos nada merecem uns aos outros. A mim, o que me defende é a minha obscuridade.»
''Então foram dar com ele morto, ia já alto o sol desse dia maravilhoso.''
José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 66
terça-feira, 19 de abril de 2022
A Tua Presença
'' os bares melancólicos de sujos mosaicos''
Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 49
ponto mais à frente a partir do qual
''negrume gélido''
Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 41
''lama aguada''
Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 30
«(...), despia-me e sentava-me a fumar e a beber gim a pequenos goles. Deixava-me ficar ali até se começar a ver o primeiro lampejo de claridade diurna. Às vezes masturbava-me.»
Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 21
'' experimentava aguaceiros de sangue por detrás dos olhos''
Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 19
« Vai-se ver e não está a pensar em nada: vai-se a ver e até as mamas desapareceram e agora não têm nada lá dentro, texturas somente, as paredes negras, áridas, corroídas pela ferrugem de velhas memórias e pensamentos, um negror húmido, verde-escuro, sem quaisquer zonas iluminadas, nem o eco da luz pálida nem o do som brumoso que é o horizonte de ruído que rodeia o cone iluminado pelo candeeiro cuja luz se desdobra sobre a mesma de bilhar,(...)»
Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 13
segunda-feira, 18 de abril de 2022
'' as vergonhas da ignorância são as que mais custam a confessar''
José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 84
''gloriarem-se os sofredores do seu sofrimento''
José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 79
''as águas corriam como seda escura e rangideira''
José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 75
Fausto
em busca daquela terra
e a maré foi de rosas pela boca
na calmaria tão grande
e a**im como fosse cansado
a água vai muito mansa
e o meu corpo suado
embalado
flutua e descansa
e vimos com os nossos olhos
que em maravilha se olharam
uma cor na água do rio
desvairada da outra
desvariada pelo tom
alucinada
pelo desvairo da cor
se uma era doce
e a outra salgada
em ondulante sabor
e a cor do ouro repousa
derramado na areia
e saborosa e tão quieta era a vista
pouco lavada dos ventos
são infindas as garças reais
em voos muito arabescos
que só do olhar tivemos
um doce e grande refresco
e em todo aquele rio era grande
a cópia de pescarias
de multidão de gatos-de-algália
papagaios e bugias
e surgem do denso arvoredo
incontáveis gentes pretas
de tão lindas mulheres
e de grande vergonha
tão ledas
e o perfume desta terra
é a doçura do seu fruto
o mistério do seu vulto
em selva de arvoredos
de palmares
laranjeiras
limoeiros e cidreiras
cristalinas
pelos ares
brilham as cores do arco celeste
de infinitas maneiras
de infinitas maneiras
« Então chegou a república. Ganhavam os homens doze ou treze vinténs, e as mulheres menos de metade, como de costume. Comiam ambos o mesmo pão de bagaço, os mesmos farrapos de couve, os mesmos talos. A república veio despachada de Lisboa, andou de terra em terra pelo telégrafo, se o havia, remendou-se pela imprensa, se a sabiam ler, pelo passar de boca em boca, que sempre foi o mais fácil.
« Tanto mais duvidamos quanto mais sabemos, ou julgamos saber. E sobre nós mesmos, homens, se torna ainda maior a nossa perplexidade! Por certo somos mais complicados que as pedras e as plantas, os animais a que negamos razão e até os fenómenos siderais. Quem sabe? talvez nos nem convenha sabermos demais sobre nós mesmos!
José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 31«(...), eu não quisera ofender-te sem te ouvir.»
José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 30
quinta-feira, 7 de abril de 2022
« já não tenho manias, só tenho dores e ansiedade e já sei bem o que me vai acontecer. não diga isso, e olhe que eu não vejo os pássaros por casmurrice, ó senhor pereira. eu não disse isso, mas podia ser. eu sei lá porque os vejo, às vezes vejo coisas com uma clareza que custa a crer que a imaginação tenha tanto talento.»
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 289''fita de sonsa''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 286
''cochichos melosos''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 282
''doutorice do pretendente''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 279
quarta-feira, 6 de abril de 2022
'' o poder do sexo na sociedade''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 264
''isto é coisa para nos amargar o sangue''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 264
''desfear as flores''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 248
''salários de humanos de segunda''
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 200
« olhe, hoje é possível reviver o fascismo, quer saber. é possível na perfeição. basta ser-se trabalhador dependente. é o suficiente para perceber o que é comer e calar, e por vezes nem comer, só calar.»
Valter Hugo Mãe. A máquina de fazer espanhóis. Prefácio Caetano Veloso. Porto Editora, 19ª Edição, 2016 p. 200