Bernard Shaw. A profissão da Sra. Warren. Tradução de Guilherme Mendonça. Campo das Letras. 1ª Edição Maio de 2003., p. 15
quarta-feira, 16 de agosto de 2023
''galantaria copiada de romances''
Bernard Shaw. A profissão da Sra. Warren. Tradução de Guilherme Mendonça. Campo das Letras. 1ª Edição Maio de 2003., p. 15
'' a necessidade de agradar''
Bernard Shaw. A profissão da Sra. Warren. Tradução de Guilherme Mendonça. Campo das Letras. 1ª Edição Maio de 2003., p. 13
sábado, 22 de julho de 2023
terça-feira, 27 de junho de 2023
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável.
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho o meu emprego
Também não me importei.
Agora estão-me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
(Atribuído a Bertolt Brecht)
terça-feira, 20 de junho de 2023
sábado, 10 de junho de 2023
« ferido o coração pouco resiste »
Caetano José da Silva Souto-Maior
in Natália Correia. Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica.p. 231
«Acendeu-se o fogo na água»
Frei António das Chagas
in Natália Correia. Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica.p. 209
«Madrugava nos seus olhos»
Frei António das Chagas
in Natália Correia. Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica.p. 203
« e, mordes com o coração»
Afonso Álvares
in Natália Correia. Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica.p. 167quinta-feira, 8 de junho de 2023
terça-feira, 6 de junho de 2023
segunda-feira, 5 de junho de 2023
domingo, 4 de junho de 2023
terça-feira, 30 de maio de 2023
As Causas
« Em dada altura, pareceu-me eminentemente oportuno lançar no charco do despotismo salazarista a pedrada de um estudo dedicado ao erotismo e sátira fescenina, ilustrando antologicamente. O resultado foi uma cómica condenação que, do alto do Plenário, pretendia avassalar-me, mas que proporcionou jocosa oportunidade de dar razão a Nietzsche, quando ele compara os juízes com camelos.»
Natália Correia. Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica.
A defesa do poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto.
Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim.
Sou em código o azul de todos
( curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes.
Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei.
Senhores professores que pusestes
a prémio minha rara edição
de raptar-me em crianças que salvo
do incêndio da vossa lição.
Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis.
Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além.
Senhores três quatro cinco e sete
que medo vos pôs por ordem?
Que favor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem?
Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa.
Sou um instantâneo das coisas
apanhadas em delito de perdão
a raiz quadrada da flor
que espalmais em apertos de mão.
Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever.
Ó subalimentados do sonho!
A poesia é para comer.
Natália Correia
"A defesa do poeta", Poesia Completa, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2000, pág. 330 e seg. (nota em rodapé: "Compus este poema para me defender no Tribunal Plenário de tenebrosa memória. O que não fiz a pedido do meu advogado que sensatamente me advertiu de que essa insólita leitura no decorrer do julgamento comprometeria a defesa, agravando a a sentença."
A luz se torna vinho. A noite está em pedaços. A voz, a voz alada, a asa da voz. A luz que geme na escuridão. O vento que geme. A desconhecida, a desolada segurança de um vento vindo desta voz que me chama chama em mim, me inspira, me expira, me insufla, insuficientemente.
domingo, 28 de maio de 2023
Astrud Gilberto - A Felicidade
Tristeza não tem fim
Felicidade sim...
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar.
A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei, ou de pirata, ou jardineira
E tudo se acabar na quarta-feira.
Tristeza não tem fim
Felicidade sim...
A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor.
A minha felicidade está sonhando
Nos olhos de minha namorada
É como esta noite
Passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo por favor...
Pra que ela acorde alegre como o dia
Oferecendo beijos de amor.
Tristeza não tem fim
Felicidade sim...
«BILLING: Mas então não poderá participar nas eleições para o novo Intendente.
CAPITÃO HORSTER: Vai haver novas eleições?
BILLING: Não sabia?
CAPITÃO HORSTER: Não. Não me meto nessas coisas.
BILLING: Mas o Sr. preocupa-se com as questões públicas, ou não?
CAPITÃO HORSTER: Não, não entendo nada disso.
BILLING: Ainda assim, é preciso votar, ao menos.
CAPITÃO HORSTER: Mesmo aqueles que não entendem nada do que se trata?
BILLING: Não entendem? O que quer dizer com isso? A sociedade é como um navio; todos devem segurar o leme.
CAPITÃO HORSTER: É possível que isso funcione em em terra firme. A bordo, o resultado não seria bom.
HOVSTAD: É estranho como tantos marítimos se importam tão pouco com as questões do país.
BILLING: Muito estranho.»
Henrik Ibsen. Um inimigo do povo. Peças Escolhidas. Volume 3. 1ª Edição, Outubro, 2008., p. 24
« O INTENDENTE: Pelo menos, tens uma tendência permanente para seguires pelos teus próprios caminhos. E, numa sociedade bem organizada, isso é inadmissível. Cabe ao indivíduo submeter-se ao todo, ou, melhor dizendo, submeter-se às autoridades que têm por missão assegurar o bem comum.»
Henrik Ibsen. Um inimigo do povo. Peças Escolhidas. Volume 3. 1ª Edição, Outubro, 2008., p. 22
Tradição do barro preto de Bisalhães
BISALHÃES - A aldeia do barro preto.
"The Saving Bitterness of Nostalgia"
“Pensar, pensamos todos. Não só os humanos mas, segundo os antropólogos, todos os seres viventes. Pensar é ser um eco do que o Cosmos tem para nos dizer. É saber o que somos como tempo passado, como História; termos uma imagem mais ou menos objectiva do nosso percurso — o que é absolutamente inviável, mas uma pretensão como outra qualquer. Pensar é um diálogo que temos connosco próprios. E é sempre qualquer coisa que acontece em função de um espectador possível, mesmo que não tenhamos pensado ou escrito com o propósito de ter uma escuta, como acontece com estas notas [o livro “Da Pintura”, ed. Gradiva, 2017].”
sexta-feira, 26 de maio de 2023
«As melhores coisas, e as mais significativas, que Ibsen nos deu são o impulso no sentido da verdade num tempo artisticamente inverdadeiro; o impulso no sentido da seriedade num tempo artisticamente superficial; o deleite da agitação num tempo de estagnação; e a coragem de agarrar o que quer que contenha em si qualquer coisa de humano, onde quer que cresça.»
Alfred Kerr
quinta-feira, 25 de maio de 2023
terça-feira, 23 de maio de 2023
«Traduzido por miúdos: daquelas mesmas pessoas que se proclamam mais avançadas (em política, em religião, em costumes) é que tenho ouvido as censuras mais ásperas à Antologia. Percebe-se: cautelosos por espírito de conservação, ficam cheios de raiva perante qualquer gesto mais ousado. Confirma-se [...] quanto mais progressistas, mais sacripantas em questões que bulam o sexo.» Luiz Pacheco
in Natália Correia. Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica.
Natália Correia tirou, com O Homúnculo, o sono ao dita-
dor. Foi uma das obras contra si que mais o perturbaram.
A energia, a escrita, a profundidade, a irreverência da
autora impressionaram-no profundamente.
Quando a PIDE lhe foi comunicar a prisão da poetisa
e a apreensão da obra, respondeu: «Retirem o livro, sim,
mas não toquem nela. É uma mulher muito, muitíssimo
inteligente.
Fernando Dacosta
''Ao rol das proibições censórias''
Natália Correia. Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica