domingo, 5 de fevereiro de 2017

“I hate solitude, but I'm afraid of intimacy. The substance of my life is a private conversation with myself which to turn into a dialogue would be equivalent to self-destruction. The company which I need is the company which a pub or a cafe will provide. I have never wanted a communion of souls. It's already hard enough to tell the truth to oneself.” 

 Iris MurdochUnder the Net
“Love is the extremely difficult realization that something other than oneself is real.” 

 Iris MurdochExistentialists and Mystics Writings on Philosophy and Literature

“Iris Murdoch and the Many Faces of Platonism,”

"Na manhã seguinte, como é óbvio, acordei num tormento. Talvez o leitor pense que foi uma estupidez da minha parte não prever que a minha felicidade, neste contexto, não poderia durar indefinidamente. Mas é provável que o leitor, se não estiver neste momento loucamente apaixonado, se tenha misericordiosamente esquecido do que tal estado de espírito significa (e isto, claro, partindo do principio de que alguma vez o conheceu). Como eu próprio disse atrás, trata-se de uma espécie de insanidade. Não será uma insanidade concentrar toda a nossa atenção exclusivamente numa pessoa, esvaziando de sentido tudo o resto à nossa volta, não ter um pensamento, um sentimento, uma existência que não seja em relação com o ser amado? O que esse ser amado «é» ou «representa» não tem aqui a menor importância. Claro que há quem enlouqueça de amor por alguém que, aos olhos de outras pessoas, não vale nada. Vermos pessoas que estimamos escravizadas por gente frívola, vulgar ou desprezível é algo que nos deixa perplexos. Mas mesmo que um homem ou uma mulher fossem tão excelentes e tão sensatos que ninguém pudesse negar-lhes tais atributos, mesmo assim seria uma forma de insanidade dedicar-lhes aquela forma de atenção veneradora a que chamamos amor."

Iris Murdoch
“do ritmo e do som, a música atinge a motricidade e a sensorialidade; e, por meio da melodia, atinge a afetividade”

Ducourneau (1984)

Melancolia


«O inconsciente é o grande abismo da memória.»

«A educação não faz você feliz. Não nos tornamos felizes somente porque somos livres, se somos. Ou por termos sido educados, se formos. Mas porque a educação pode ser o meio pelo qual percebemos que somos felizes. Ela abre os nossos olhos, os nossos ouvidos. Conta-nos onde as maravilhas estão secretamente à nossa espera. Convence-nos de que só existe uma liberdade que realmente importa: a da mente. Dá-nos a segurança, a confiança para trilhar o caminho que a nossa mente, a nossa mente educada, oferece. »

Jean Iris Murdoch
«Nós vivemos em uma era científica e anti-metafísica na qual os dogmas, as imagens e os preceitos da religião perderam muito do seu poder. Nós não nos recuperamos de duas guerras e da experiência de Hitler. Nós também somos os herdeiros do Iluminismo, do Romantismo e a Tradição Liberal. Esses são os elementos de nosso dilema: sua principal característica, a meu ver, é que nos foi deixada uma ideia muito superficial e frágil da personalidade humana.»

 Iris Murdoch, em Against Dryness: a Polemical Scketch
''até que ponto alguém escolhe ter fé, o que significa ter fé e de que modo essa fé pode ser manifestada.''
“Envelhecer ainda é a única maneira que se descobriu de viver muito tempo.”

 (Charles Saint‐Beuve, [s.d.])
"É preciso começar a perder a memória, ainda que se trate de fragmentos desta, para
perceber que é esta memória que faz toda a nossa vida. Uma vida sem memória não seria uma
vida, assim como uma inteligência sem possibilidade de exprimir‐se não seria uma inteligência.
A nossa memória é a nossa coerência, a nossa razão, a nossa acção, o nosso sentimento. Sem
ela, não somos nada."

(Luis Buñuel, [s.d.])

sábado, 4 de fevereiro de 2017



«Que mundo triste esse, no qual nos distraímos com as aparências, iludimo-nos com as máscaras, divertimo-nos com as fantasias e pantonimas que todos representam!»


Hermógenes. Mergulho na paz. Nova Era. 28 ª edição., p. 87

desdogmatizados

  «Gostaria de que todos soubessem que ninguém consegue esconder-se dos resultados de suas próprias ações, de seus pensamentos e desejos, por mais escondidos que sejam. Nenhum abismo oceânico, nenhuma distante galáxia é esconderijo bastante.»

Hermógenes. Mergulho na paz. Nova Era. 28 ª edição., p. 79

«Sofrem pelo que somos, pelo que fazemos, desejamos, sentimos, dizemos e pensamos-

Sofrem pelo que sofremos.
Choram pelo que ainda não conseguimos ser, pelo que ainda não deixamos de fazer, pelo que esquecemos de querer, pelo pranto que ainda choramos, pelos desvios que inventamos e frequentamos, pelas destruições que multiplicamos, pelos conflitos que nutrimos, pelas pseudonecessidades que produzimos, pelos vícios que instituímos, por todos os desatinos, por nossos tontos destinos, pelas guerras, violências, domínios e predomínios, exclusivismos, perversões, diversões, pelo incêndio que estupidamente acendemos em nós, nos outros e no mundo.»


Hermógenes. Mergulho na paz. Nova Era. 28 ª edição., p. 70

«Ninguém se liberta das dívidas não pagas.
Aprende a ver valor na dor.»


Hermógenes. Mergulho na paz. Nova Era. 28 ª edição., p. 68


«Quem quer ser feliz não fica assim, em lamentos constantes.
  Para teu bem, evita lamúrias.»




Hermógenes. Mergulho na paz. Nova Era. 28 ª edição., p. 64
«A rosa é suprema delicadeza, mas tem espinhos para defender-se.»


Hermógenes. Mergulho na paz. Nova Era. 28 ª edição., p. 63
«A dor é porque, até agora, tu pensavas - imprudentemente - que ele fosse um santo, um herói, um sábio. No entanto, ele é apenas um ser humano, como eu, igual a ti.»

Hermógenes. Mergulho na paz. Nova Era. 28 ª edição., p. 60
«Não tentes possuir estrelas.
Ninguém pode ser dono de uma estrela.
Se tentares fechar uma estrela em tuas mãos ambiciosas - pode crer - ela deixará de o ser e tuas mãos secarão com o cadáver da estrela.
  Deve haver estrelas para todos, todas as noites.»

Hermógenes. Mergulho na paz. Nova Era. 28 ª edição., p. 60

«Cultiva flores e convida as abelhas.»


Hermógenes. Mergulho na paz. Nova Era. 28 ª edição., p. 57


«SE PUDERES APRENDER da experiência dos outros, poderás evitar lágrimas, remorsos, tristezas, perdas, desastres...»


Hermógenes. Mergulho na paz. Nova Era. 28 ª edição., p. 56

«Não se ira, pois ninguém o pode ferir.»


Hermógenes. Mergulho na paz. Nova Era. 28 ª edição., p. 44

«Não persegue ilusões.»


Hermógenes. Mergulho na paz. Nova Era. 28 ª edição., p. 44

apego



«Desilusão é o único remédio para o iludido, pois é o fim das ilusões.
  Desiludido, o homem desmascara o engodo que lhe vem impossibilitando a Paz.»


Hermógenes. Mergulho na paz. Nova Era. 28 ª edição., p. 41

«em manto de angústia veste a tua alma que sofre.»


Hermógenes. Mergulho na paz. Nova Era. 28 ª edição., p. 39
“ (…) a crença é a ponte possível entre o pensamento e a acção.”

Pierre Janet

EDVARD MUNCH: UM GRITO INFINDÁVEL

celibato involuntário

ansiedade sexual

Giorgio Agamben 

 ''a  voz é aquilo que vincula o corpo (a boca, a garganta, os pulmões, o sexo) ao sentido.''

«Embora alguns especialistas reduzam a importância do termo “nativos digitais” (dizendo que não passa de uma metáfora que fala mais do poder desproporcional que cedemos às novas tecnologias do que dos efeitos reais que estas têm sobre os indivíduos), o conceito guarda uma significativa relação com a “mutação antropológica” que você identifica nos jovens da primeira geração conectiva. Que valor você atribui ao conceito de “nativos digitais” e como pode se relacionar com a noção criada por Marshall McLuhan de “gerações pós-alfabéticas” que você tem retomado em alguns de seus livros?
Em absoluto, não creio que a expressão “nativo digital” seja meramente metafórica. Pelo contrário, trata-se de uma definição capaz de nomear a mutação cognitiva contemporânea. A primeira geração conectiva, aquela que aprendeu mais palavras por meio de uma máquina do que pela voz da mãe, encontra-se numa condição verdadeiramente nova, sem precedentes na história do ser humano. É uma geração que perdeu a capacidade de valorização afetiva da comunicação, e que se vê obrigada a elaborar os fluxos semióticos em condições de isolamento e de concorrência. Em seu livro L’ordine simbolico della madre (A ordem simbólica da mãe), a filósofa italiana Luisa Muraro argumenta que a relação entre significante e significado é garantida pela presença física e afetiva da mãe.
O sentido de uma palavra não se aprende de maneira funcional, mas afetiva. Eu sei que uma palavra possui um sentido — e que o mundo como significante possui um sentido — porque a relação afetiva com o corpo de minha mãe me introduz à interpretação como um ato essencialmente afetivo. Quando a presença afetiva da mãe torna-se rara, o mundo perde calor semiótico, e a interpretação fica cada vez mais funcional, frígida. Naturalmente, aqui não me refiro à mãe biológica, nem à função materna tradicional, familiar. Estou falando do corpo que fala, estou falando da voz. Pode ser a voz do tio, da avó ou de um amigo. A voz de um ser humano é a única forma de garantir de maneira afetiva a consistência semântica do mundo. A rarefação da voz transforma a interpretação num ato puramente econômico, funcional e combinatório.»

Franco Berardi, entrevista aqui
''as mentes individuais e colectivas perderam sua capacidade de discriminação crítica, de autonomia psíquica e política.''

Franco Berardi

“single society”

''As redes sociais são, ao mesmo tempo, uma expansão enorme – virtualmente infinita – do campo de estimulação, uma aceleração do ritmo do desejo e, ao mesmo tempo, uma frustração contínua, uma protelação infinita do prazer erótico, embora nos últimos anos tenham sido criadas redes sociais que têm como função direta o convite sexual. Não creio que as redes (nem a tecnologia em geral) possam ser consideradas como causa da deserotização do campo social, mas creio que as redes funcionam no interior de um campo social deserotizado, de tal maneira que confirmam continuamente a frustração, enquanto reproduzem, ampliam e aceleram o ritmo da estimulação.
É interessante considerar o seguinte dado: no Japão, 30% dos jovens entre 18 e 34 anos não tiveram nenhuma experiência sexual, e tampouco desejam tê-la. Por sua vez, David Spiegelhalter, professor da Universidade de Cambridge, escreveu em Sex by Numbers que a frequência dos encontros sexuais foi reduzida a quase metade, nos últimos vinte anos. As causas? Estresse, digitalização do tempo de atenção, ansiedade. Isso produziu o surgimento do que, para Spiegelhalter, é a “single society” [sociedade solteira], quer dizer, uma sociedade associal, na qual os indivíduos estão por demais ocupados em buscar trabalho e relacionar-se digitalmente para encontrar corpos eróticos com os quais se relacionar.''
Franco Berardi, Ver publicação aqui

Pornographia

''condições de vida instauradas pelo capitalismo''
''o efeito das tecnologias digitais, a mediatização das relação de comunicação e as condições de vida que o capitalismo financeiro produz estão estreitamente vinculados ao crescimento das patologias da esfera afetivo- emocional, assim como de suicídios em nível mundial.''

ditadura financeira

isolamento psíquico

“mutação antropológica” da sensibilidade

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