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quarta-feira, 2 de março de 2011

Comala

«Eu imaginava ver tudo aquilo através das memórias da minha mãe; da sua nostalgia, entre retalhos de suspiros. Ela viveu sempre a suspirar por Comala, pelo regresso; mas nunca voltou. Agora venho eu em vez dela. Trago os olhos com que ela viu estas coisas, porque sempre me deu os seus olhos para ver: «Passado o desfiladeiros de Los Colimotes, há a vista mais bonita de uma planície verde, um pouco amarela por causa do milho maduro. Daí vê-se Comala, branqueando a terra, iluminando-a durante a noite.» E a sua voz era sussurrada, quase apagada, como se falasse consigo mesma...A minha mãe.»



Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 20
«- Não lhe vás pedir nada. Exige-lhe o que nos pertence. O que me devia ter dado e nunca deu...O esquecimento a que nos votou, meu filho, cobra-lho caro.
   -Assim farei, mãe.»



Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 19
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