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domingo, 7 de novembro de 2010

Intrépido

Onde estiveres, cava fundo!
Lá em baixo é que está a fonte!
Deixa gritar os homens escuros:
«Sempre é lá baixo - o inferno!»



F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 125

119

Tortos andam os grandes homens e os rios,
tortos, mas para o seu destino:
é essa a sua melhor coragem,
não têm medo dos caminhos tortos.



F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 117

103

O poeta que é capaz de mentir
ciente e voluntariamente,
é o único que pode falar verdade.


Fragmentos de Ditirambos Dionisíacos (Canções de Zaratustra)




F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 109

82

És frágil?
Cautela com mãos de criança?
A criança não sabe viver
sem quebrar qualquer coisa...



Fragmentos de Ditirambos Dionisíacos (Canções de Zaratustra)




F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 99

43

«Mais que qualquer outro vidente viste coisas negras e
[más:
nenhum sábio atravessou ainda as delícias do inferno».




Fragmentos de Ditirambos Dionisíacos (Canções de Zaratustra)




F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 83

33

Sou apenas um fazedor-de-palavras:
que importam as palavras!
que importo eu!



Fragmentos de Ditirambos Dionisíacos (Canções de Zaratustra)




F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 79

22

Um lobo mesmo depôs a meu favor
e disse: « Tu uivas melhor ainda do que nós, os lobos».



Fragmentos de Ditirambos Dionisíacos (Canções de Zaratustra)




F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 75
(...)

Tu dás-te em sacrifício, tua riqueza tortura-te -,
tu dás-te,
não te poupas, não te amas:
a grande tortura obriga-te sempre,
a tortura dos celeiros repletos, do coração repleto -
mas ninguém já te agradece...

Tens de te fazer mais pobre,
ó sábio Não-sábio!
se quiseres ser amado.
Só se ama a quem sofre,
só se dá amor a quem tem fome:
dá-te primeiro a ti, ó Zaratustra!

- Eu sou a tua Verdade...




F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 63
Um relâmpago. Avista-se Diónisos em beleza esmeraldina.

Diónisos:

Sê prudente, Ariadne!...
Tu tens orelhas pequenas, tens as minhas orelhas:
Mete nelas uma palavra prudente! -
Não temos que odiar-nos primeiro, para podermos amar-
[mo-nos?...
Eu sou o teu labirinto...

 
F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 47

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O Fanal

Aqui, onde entre mares cresceu a ilha,
pedra de ara súbito como torre erguida,
aqui acende sob um negro céu
Zaratustra os seus fogos das alturas, -
fanal pra navegantes sem rumo,
ponto de interrogação para os que têm resposta...

Esta chama de ventre esbranquiçado
- sua cobiça lança línguas a distâncias frias,
dobra o pescoço para alturas sempre mais puras -
cobra erguida a pino, de impaciência:
este sinal o pus eu em frente a mim.

A minha própria alma é esta chama:
insaciável de distâncias novas,
lança ao alto, ao alto o seu ardor silente.
Porque fugiu Zaratustra dos bichos e dos homens?
Porque se escapou de repente de toda a terra firme?
Seis solidões conhece ele já -,
mas o próprio mar deixou-o subir, sobre o monte ele se fez chama,
a uma sétima solidão
lança buscando agora o seu anzol por sobre a fronte.

Navegantes sem rumo! Destroços de astros velhos!
Ó mares do futuro! Ó céus inexplorados!
Lanço agora o anzol a tudo o que é solitário:
dai resposta à impaciência da chama,
agarrai para mim, pescador nos altos montes,
a minha sétima última solidão! - -



F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 35

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Wagner. Horas tenho também de fantasia,
Mas aspiração tal em mim não sinto.
De bosques e de prados cedo farto,
Nunca invejei aos pássaros as asas.
Como o prazer do estudo outro nos leva
De livro em livro, de uma a outra página!
Assim se tornam belas, tediosas
Noites de inverno, e calorosa vida
Os membros nos aquece, e, ai!, se acaso
Um douto pergaminho desenrolas,
É o céu que sobre ti baixar se digna!


J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 55

domingo, 26 de setembro de 2010

Com teu rir descarnado, tu, caveira,
Que me dizes, senão que em outro tempo,
Como o meu, delirou teu pobre cérebro,
A luz do dia procurou, com vasto
Desejo de verdade, e vagou triste
Em deprimente, lúgubre crepúsculo?




J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 40
«Mas corações não ganhareis vós nunca,
Se o próprio coração vos ficar mudo.»



Negrito
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 35
( Toma o livro e pronuncia misteriosamente o signo do
Espírito. - Reluz uma chama avermelhada. O Espírito aparece na chama)


J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 33

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O ESTUDANTE DE LATIM

«Das várias coisas boas que havia na loja em grandes quantidades, poucas delas subiam as íngremes escadas, pelo menos para Karl Bauer, porque a comida da Sra. Kusterer era pouca e nunca o saciava. Sem ser isso, viviam ambos muito amistosamente e ele tinha o quarto como um príncipe tem um palácio. Ninguém o incomodava, podia fazer o que quisesse e ele fazia muita coisa. Os dois abelheiros na gaiola seriam a coisa menos importante, mas ele também tinha uma espécie de oficina de marceneiro e no fogão fundia o chumbo e zinco e no Verão tinha licença e lagartos numa caixa - eles desapareciam sempre pouco tempo depois através de buracos que nunca eram os que apareciam na rede. Além disso tinha também o violino e quando não estava a ler ou a carpinteirar, estava seguramente a tocar violino a qualquer hora do dia ou da noite.
E assim o jovem passava com prazer todos os dias e nunca se aborrecia, até porque não lhe faltavam livros que copiava quando encontrava qualquer coisa. Lia bastante mas, na realidade, era-lhe tudo um pouco indiferente, a não ser os contos de fadas e lendas, assim como as tragédias em verso.»


Hermann Hesse.Contos de Amor. Trad. Maria Adélia Silva Melo. Difel, 1995., p.19/20

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Sobre os dois beijos

«O facto de não podermos um com o outro tinha uma boa razão. Ele tratava-me com sobrançaria ou com uma bonomia insuportavelmente irónica, e como o meu entendimento ultrapassava a minha idade, esta maneira desprezível de lidar comigo magoava-me profundamente com o decorrer do tempo. Como bom observador também eu tinha descoberto algumas das suas intrigas e segredos, o que obviamente lhe era muito desagradável. Por vezes tentou ganhar-me através de um comportamento hipocritamente ansioso, mas eu não caía nessa. Se eu fosse um pouco mais velho e mais esperto, tê-lo-ia apanhado através da sua redobrada gentileza e tê-lo-ia feito cair - pessoas mimadas e com sucesso são tão fáceis de enganar! Mas eu tinha crescido apenas o suficiente para o odiar, e era ainda demasiado criança para conhecer outras armas como a aspereza e a obstinação, e em vez de lhe devolver as setas que me tinha mandado, devidamente envenenadas, enterrava-as mais profundamente na minha própria carne com a minha indignação impotente.»

Hermann Hesse.Contos de Amor. Trad. Maria Adélia Silva Melo. Difel, 1995., p.12

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Menons Klagen Um Diotima/ Pranto de Ménon Por Diotima

1

Todos os dias saio em busca de algo diferente,
Demandei-o há muito por todos os atalhos destes campos;
Além nos cumes frescos visito as sombras,
E as fontes; o espírito erra dos cimos para a planície,
Implorando sossego; tal como o animal ferido se refugia nas florestas,
Onde antes repousava pelo meio-dia à sombra, fora de perigo;
Mas o seu verde abrigo já não lhe dá novas forças,
O espinho cravado fá-lo gemer e tira-lhe o sono,
De nada servem o calor da luz nem a frescura da noite,
E em vão mergulha as feridas nas ondas da corrente.
E tal como é inútil à terra oferecer-lhe a agradável
Erva curativa e nenhum zéfiro consegue estancar o sangue que fermenta,
O mesmo me acontece, caríssimos! Assim parece, e não haverá ninguém
Que possa aliviar-me da tristeza do meu sonho?

2

De nada serve, ó deuses da morte, enquanto tiverdes
Em vosso poder, prisioneiro, o homem acossado pelo destino,
Enquanto, no vosso furor, o tiverdes lançado na noite tenebrosa,
De nada serve então procurar-vos, suplicar-vos ou queixarmo-nos,
Ou viver pacientemente neste desterro de temor,
E escutar sorrindo o vosso canto sóbrio.
Se assim for, esquece a tua felicidade e dormita silenciosamente.
No entanto brota no teu peito uma réstea de esperança,
Tu ainda não podes, ó minha alma! Não podes ainda
Habituar-te e sonhas dentro de um sonho férreo!
Não estou em festa, mas gostaria de coroar-me de flores;
Não me encontro eu só?Mas algo apaziguador deve
Aproximar-se de mim vindo de longe e sou forçado a sorrir e a admirar-me
Por experimentar alegria no meio de tão grande sofrimento

3

Luz do amor! Também envolves os mortos no ouro do teu brilho!
Imagens de um tempo mais radioso, sois vós que me iluminais pela noite fora?
Sede bem-vindos vós jardins suaves, vós montes do poente,
E vós silenciosos caminhos do bosque,
Testemunhos de felicidade celestial, e vós estrelas que do alto olhais,
E que outrora me abençoáveis, olhando-me!
E vós também, amantes, vós belos filhos de Maio,
Rosas discretas e vós, lírios, invoco-vos ainda tantas vezes!
É verdade que as Primaveras se desvanecem, um ano sucede a outro,
E assim o tempo rodopia em mudança e luta
Sobre as nossas cabeças mortais, mas não perante olhos bem-aventurados,
E aos amantes uma outra vida é concedida.
Pois todos os dias e anos estelares, Diotima!
Estavam em nosso redor intimamente unidos para sempre;

4

Mas nos caminhávamos juntos pela terra, num mútuo contentamento,
Como os cisnes amantes, ao repousarem no lago,
Ou embalados pelas ondas, olhando as águas,
Espelho de nuvens de prata e esteira de azul etéreo
Rasgada pelos barcos de passagem. E quando o vento norte ameaçava,
Inimigo dos amantes espalhando lamentos, e as folhas
Caíam dos ramos e a chuva caía ao sabor do vento,
Sorríamos serenos, experimentando Deus em nós
Em diálogo confiante, num uníssono canto interior,
Num âmbito de paz, em solidão alegre de meninos.
Mas na minha casa está agora o vazio, levaram-me
Os meus olhos e a mim, tal como a ela, me perdi.
Por isso ando errante e é forçoso que viva como
As sombras e tudo o mais há muito perdeu o sentido.

5

Desejo festejar, mas para quê?E cantar com outros,
Mas assim sozinho tudo o que é divino me falta.
É este o meu mal, sei-o, uma maldição paralisa-me
Os tendões e abate-me ao menor movimento,
E assim passo o dia insensível e mudo como os meninos,
Apenas me brotam dos olhos frias lágrimas,
E a verdura dos campos entristece-me e o canto dos pássaros
Porque na sua alegria são também mensageiros do céu,
Mas o sol que reanima cai frio e esterilmente
No meu peito convulso como se fossem raios nocturnos,
Ai! E inútil e vazio como paredes de uma prisão o céu
É um peso excessivo que paira sobre a minha cabeça!

6

Juventude, como eras outrora diferente! Não haverá súplicas
Que te façam jamais voltar? Existirá algum caminho de regresso?
Acontecer-me-á o mesmo que aos descrentes que no passado
Mesmo assim se sentaram no banquete divino com brilho no olhar,
Mas, em breve saciados, esses convidados em delírio,
Emudeceram então e agora, sob o canto das brisas,
Adormeceram sob a terra em flor, até que alguma vez
O poder de um milagre, aos que pereceram, faça
Regressar e de novo mover-se sobre o solo verdejante.
Um sopro sagrado percorre divinamente a figura de luz,
Quando a festa se anima e se agitam vagas de amor,
E na embriaguez celeste a torrente viva rumoreja,
Quando soa no subsolo, e a noite oferece os seus tesouros,
E, subindo à tona de ribeiros, o ouro enterrado cintila.

7

Mas tu, que dantes, já nas encruzilhadas, quando
A teus pés caí, consolando-me, me apontavas para algo mais belo,
Tu que me ensinaste a ver a grandeza e a cantar aos deuses mais alegremente,
Silencioso, como eles, contendo o meu entusiasmo,
Filha dos deuses! Voltarei a ver-te, voltarás a saudar-se, como dantes,
Voltarás, como dantes, a falar-me de coisas sublimes?
Olha, tenho que chorar e lamentar-me diante de ti, pelo menos,
Ao pensar em momentos mais felizes, dos quais a alma se envergonha.
Porque demorei tanto, tanto tempo a procurar-te por pálidos caminhos terrestres,
Habituado a ti, errante,
Anjo de alegria! Mas em vão e os anos escoaram-se,
Desde que, cheios de pressentimentos, à nossa volta víamos o fulgor crepuscular.

8

Apenas a ti, heroína, a tua luz te mantém na luz
E a tua paciência, amável, te mantém no amor;
E nem sequer estás só; estás acompanhada nos teus jogos,
Onde quer que floresças e descanses entre as rosas do ano;
E o próprio Pai te envia ternas canções de embalar
Pelas mãos de musas que respiram suavidade.
Sim, é ela mesma! Ainda vejo diante dos meus olhos a Ateniense,
Em corpo inteiro, pairando e aproximando-se em silêncio, como dantes.
Espírito amável! E tal como da fonte dos teus pensamentos serenos
O teu raio de luz recai, abençoado, sobre os mortais;
Do mesmo modo mo demonstras e dizes, para que eu a outros
O repita, pois também outros há que não o crêem,
Que a alegria, mais imortal do que os cuidados e a fúria,
Num dia áureo se tornará por fim quotidiana.

9

Por isso vos quero também agradecer, deuses celestes, e finalmente
No peito mais aliviado respira de novo a oração do vate.
E tal como quando com ela me encontrava nos cumes soalheiros,
Há um Deus que, interpelando-me do interior do templo, me devolve à vida.
Também quero viver! O verde surge! E como que dedilhado numa lira sagrada
Chega o apelo dos montes argênteos de Apolo!
Vem! Tudo foi como num sonho! As asas ensanguentadas já estão
Saradas e todas as esperanças renascem.
Ainda há muita grandeza por achar e quem assim
Amou é forçoso que entre na órbita dos deuses.
Acompanhai-vos, horas sagradas! E vós, solenes
Jovens! Permanecei, santos pressentimentos, e vós,
Súplicas ardentes! E vós, entusiasmos e todos vós,
Génios bons, a quem é grato estar entre os amantes;
Permanecei junto de nós até pisarmos o mesmo solo
Onde todos os deuses do Alto se preparam para regressar,
Onde estão as águias, as constelações, os mensageiros do Pai
Onde as musas se encontram e donde provêm os heróis e os amantes,
Que aí, ou também aqui, nos encontremos sobre uma ilha orvalhada,
Onde todos os nossos estarão, florescendo juntos em jardins,
Onde os cânticos serão verdadeiros e as Primaveras por mais tempo belas,
E de novo comece um ano para as nossas almas


Friedrich Hölderlin in Elegias. Trad. Maria Teresa Dias Furtado. Assírio&Alvim, 1992

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Fanal

Aqui, onde entre mares cresceu a ilha,
pedra e ara súbito como torre erguida,
aqui ascende sob um negro céu
Zaratustra os seus fogos das alturas,-
fanal para navegantes sem rumo,
ponto de interrogação para os que têm resposta...

Esta chama de ventre esbranquiçado
-sua cobiça lança línguas a distâncias frias,
dobra o pescoço para alturas mais puras -
cobra erguida a pino, de impaciência:
este sinal o pus eu em frente a mim.

A minha própria alma é esta chama:
insaciável de distâncias novas,
lança ao alto, ao alto o seu ardor silente.
Porque fugira Zaratustra dos bichos e dos homens?
porque se escapou de repente de toda a terra firme?

Seis solidões conhece ele já -,
mas o seu próprio mar não lhe era solitário bastante,
a ilha deixou-o subir, sobre o monte ele se fez chama,
a uma sétima solidão
lança buscando agora o seu anzol por sobre a fonte.

Navegantes sem rumo! Destroços de astros velhos!
Ó mares de futuro! Ó céus inexplorados!
Lanço agora o anzol a tudo o que é solitário:
dai resposta à impaciência da chama,
agarrai para mim, pescador nos altos montes,
a minha sétima última solidão! -

Friedrich Nietzsche (1844-1900) in Rosa Do Mundo 2001 poemas para o futuro
2. ed. Assírio & Alvim, 2001
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