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Que ninguém te convença a amares um homem vil,
ó Cirno. Para que serve um homem vil como amigo?
Não te salvaria do duro trabalho nem da desgraça,
nem na ventura nada quereria partilhar contigo.
Favor vão é fazer bem a gente reles:
é o mesmo que semear o mar cinzento.
Não é semeando o mar que terás boa ceifa,
nem fazendo bem aos maus terás boa recompensa.
Pois os maus têm uma mente insaciável. Se dás passo em falso,
desaparece a amizade provinda de todos os actos anteriores.
Mas muito se comprazem os nobres pela forma como são
tratados e mantêm no futuro a gratidão e a memória dos favores.
Teógnis. Poesia Grega de Álcman a Teócrito. Organização, tradução e notas Frederico Lourenço,Livros Cotovia, Lisboa, 2006 p.66