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segunda-feira, 29 de março de 2010

L'esprit

Éternelles Ondines
Divisez l'eau fine.
Vénus, soeur de l'azur,
Émeus le flot pur.

Juifs errants de Norwège
Dites-mois la neige.
Anciens exilés chers,
Dites-moi la mer.

Moi - Non, plus ces boissons pures,
Ces fleurs d'eau pour verres
Légendes ni figures
Ne me désaltèrent

Cansonnier, ta filleule
C'est ma soif si folle
Hydre intime sans gueules
Qui mine et désole.


Rimbaud in Poésies complètes (1870 - 1872). Introduction, chronologie, bibliographie, notices et notes par Pierre Brunel. Le Livre De Poche. pp. 233.

segunda-feira, 22 de março de 2010

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Há, na obra de um autor, palavras obsessivas, repetitivas, que são mais reveladoras que todos os factos recolhidos pela paciência dos biógrafos. Eis algumas que aparecem em Rimbaud: éternité, infini, charité, solitude, angoisse, lumiére, aube, soleil, amour, beauté, inouî, pitié, démon, ange, ivresse, paradis, enfer, ennui...

Henry Miller in o Tempo dos Assassinos, Um estudo sobre Rimbaud. Trad. Manuela R. Miranda. Hiena Editora, 1985., pp.34
Para compreender toda a importância da Estação no Inferno de Rimbaud, que se prolongou por dezoito anos, é preciso ler as suas cartas. Grande parte deste período foi passado na Costa da Somália e alguns anos em Aden. Vejamos uma descrição desse inferno terreno, contida numa carta dirigida à mãe: 'Não se pode imaginar o lugar: não há uma árvore, nem sequer ressequida, não há um tufo de erva. Aden é a cratera de um vulcão extinto cheia de areia do mar. Apenas se vê a lava e areia por todo o lado, incapazes de produzir o mais pequeno vestígio de vegetação. Em volta, areias desérticas. Os lados da cratera do nosso vulcão extinto impedem o ar de entrar e somos assados como num forno de cal'.

Henry Miller in o Tempo dos Assassinos, Um estudo sobre Rimbaud. Trad. Manuela R. Miranda. Hiena Editora, 1985., pp.16/17

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A UMA RAZÃO

Um toque do teu dedo no tambor dispara todos os sons e começa
a nova harmonia.
Um passo teu é a sublevação dos novos homens e a sua arrancada.
Viras a cabeça: o novo amor! Voltas a cabeça, _ o novo amor!
«Troca os nossos lotes, livra-nos das pragas, a começar pela praga
do tempo», cantam-te estas crianças. «Ergue não importa onde a substância
dos nossos destinos e do nosso arbítrio», imploram-te.
Chegada a todas as horas partida para todos os lados.

Jean-Arthur Rimbaud
in Iluminações Uma Cerveja no Inferno. Trad. Mário Cesariny. Assírio&Alvim, 1999.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Jeunesse

I Dimanche


Postos de lado os problemas, a inevitável descida do céu e a visi-
tação da memória e a sessão de ritmos ocupam a casa, a cabeça
e o mundo do espírito.
-Um cavalo lança-se no turf suburbano ao longo das culturas
e dos arvoredos, atacado pela peste bubónica. Uma pobre mulher de
comédia, algures no mundo, chora improváveis abandonos. Os des-
peradoes languescem depois da trovoada, da bebedeira e das feri-
das. Crianças sufocam maldições nas margens dos rios.
Retomemos o estudo ao som da obra devorante que alastra e
sobe as massas.

Jean-Arthur Rimbaud in Iluminações Uma Cerveja no Inferno. Trad. Mário Cesariny. Assírio & Alvim, 3ª ed., 1999

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Conto

Aborrecia-se um Príncipe porque apenas se dedicara ao aperfeiçoamento das
generosidades vulgares. Do amor, ele esperava espantosas revoluções, e suspei-
tava de que as suas mulheres podiam dar-lhe mais do que uma complacência
coroada de céu e luxo. Queria ver a verdade, a hora do desejo e da satisfação
essenciais. Fosse ou não fosse, isto, uma aberração mística, ele assim o quis.
Dispunha, pelo menos, de largos poderes humanos.

Todas as mulheres que possuíra foram assassinadas. Que estrago no jardim da
beleza! Sob o sabre, elas abençoaram-no. Não encomendou novas mulheres. - As
mulheres reapareceram.

Matou todos aqueles que o seguiam quando vinha da caça ou das libações . -
Todos o seguiam.

Divertiu-se a degolar animais raros. Mandava incendiar os palácios. Precipi-
tava-se sobre as pessoas e cortava-as às postas. - A multidão, os tectos de ouro,
os belos animais subsistiam.

Podemos extasiar-nos na destruição, rejuvenescer na crueldade! O povo não
murmurou. Ninguém ofereceu o concurso de uma opinião.

Uma noite, galopava ele altivamente, saiu-lhe ao caminho um Génio de uma
beleza inefável, inconfessável, até!Da sua fisionomia e do seu porte nascia a
promessa de um amor complexo e múltiplo, de uma felicidade inexprimível,
insuportável, até! O Príncipe e o Génio aniquilaram-se provavelmente na saú-
de primordial. Como poderiam ter sobrevivido? Juntos, tiveram de morrer.

Mas o Príncipe faleceu no seu palácio, muitos anos depois. O Príncipe era o
Génio. O Génio era o Príncipe.

Falta ao nosso desejo música sábia.

Jean-Arthur Rimbaud
in Iluminações
Estúdios Cor

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Frases

Quando o mundo estiver reduzido a
um só bosque negro para os nossos quatro
olhos espantados - a uma praia para duas
crianças fiéis - a uma casa musical para
a nossa clara simpatia - encontrar-vos-ei.

Quando só haja aqui um velho solitário,
belo e calmo, rodeado de um «luxo
inaudito» - a vossos pés estarei.

Quando eu assumir a vossa ânsia
toda - seja eu aquela que vos estran-
gula - e estrangular-vos-ei.

------

Quando somos muito fortes - quem
foge?muito alegres - quem cai no ridí-
culo? Quando somos muito maus, que
fariam de nós?

Alindai-vos, dançai, desatai a rir.- Eu
nunca poderia atirar o Amor pela janela.

(...)

Jean-Arthur Rimbaud
in Iluminações
Estúdios Cor
Tradução Mário Cesariny
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