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domingo, 31 de julho de 2016

«Os ramos são toda a floresta.»


João Miguel Fernandes JorgePoemas Escolhidos. Cadernos peninsulares/literatura 21., 1982., p. 119

sábado, 30 de julho de 2016

Hypnos


Estar contigo sentado perto de Tebas sob o som
dos cabelos do teu corpo curvado corpo onde fica o 
paraíso?

Rapazinho ferido
o mar ficou tão escuro
tão estranho como os olhos do falcão o teu amigo
encontrado em Marion dizendo-te «Nada!»
-«Eu não quero nadar aqui».

Os que roem as unhas sabem que são tristes os
olhos do turco debruçado sobre o meu túmulo enquanto
na Europa há música nas ruas e as raparigas
já não cantam à luz de uma lanterna
uma lanterna de papel morrendo como morre Chatterton
rasgadas todas as cartas ruivos os cabelos «Eu 
sou o homem empurrado para o meio do chão».

«Estado de sítio » o
o estar sentado contigo perto de Tebas
no inverno do agosto americano.


João Miguel Fernandes JorgePoemas Escolhidos. Cadernos peninsulares/literatura 21., 1982., p. 83

sexta-feira, 29 de julho de 2016


Havia um mar. Havia um vento. Havia um mar e um vento.
E depois aquela carta escrita a um negro com nome de rapariga.
Sob a pressão do sangue. Porquê? O perigo vem sempre da sua
                                                                                      ausência

fragmento diálogo narração ruptura.


Abril sem abril. Sonho tomado pelo movimento. O
sonho também é político atravessa o corpo o mais leve sinal
sonhado à nossa volta. Eu não digo a palavra.


Havia um mar um mar e um vento.
Qualquer coisa conhecida. O tempo. Um mês sem mar. A
ilha ao fim do mar. A ilha prolongando o mar porque


nem todo o homem vive ou reflecte.
Pode de facto escrever um olhar querer um corpo
trazendo sob os dedos o sono pondo sobre os montes altos de sua casa.
Nas pedras lisas do silêncio está a sua parte. Sua casa.


João Miguel Fernandes JorgePoemas Escolhidos. Cadernos peninsulares/literatura 21., 1982., p. 80

quinta-feira, 28 de julho de 2016


«Importa que não haja ilusões sobre este ponto: é
que todos podemos morrer de sede em pleno mar.»


João Miguel Fernandes JorgePoemas Escolhidos. Cadernos peninsulares/literatura 21., 1982., p. 76

«Olha
vamos morrer? mas morrer não é tudo: seria preciso morrer
muito tarde (...)»

João Miguel Fernandes JorgePoemas Escolhidos. Cadernos peninsulares/literatura 21., 1982., p. 72

quinta-feira, 21 de julho de 2016

«Tenho muitos muitos anos e nunca estarei a meio da minha vida.»


João Miguel Fernandes JorgePoemas Escolhidos. Cadernos peninsulares/literatura 21., 1982., p. 53

«É tarde. A lua vai morrer. Deixo-me dormir.»


João Miguel Fernandes JorgePoemas Escolhidos. Cadernos peninsulares/literatura 21., 1982., p. 49

«silêncio levantando as suas asas.»


João Miguel Fernandes JorgePoemas Escolhidos. Cadernos peninsulares/literatura 21., 1982., p. 32

quinta-feira, 23 de junho de 2016

«Eu falei da tua morte.»


João Miguel Fernandes JorgePoemas Escolhidos. Cadernos peninsulares/literatura 21., 1982., p. 24

23


Dispõe as aves, todas as aves no seu lugar,
à beira-mar, do lado sombrio das dunas. Os sentimentos
são decididos, duram, duram longas horas, o vento da tarde,
sob os olhos da água, sob a dureza de novembro.

Dispões o percurso das aves,
as estradas
que se repetem pela noite, as grandes migrações.
As gares, as cidades que significam para ti,
as aves sobre as ilhas, outras ilhas, a paisagem
que temos à nossa volta, que significa para ti,
repentinamente por que não cantamos a força de tudo isto?

Em novembro os segredos são mais vivos. As mãos
tombam sobre os joelhos,
debaixo da janela gostamos de falar, a imagem dos peixes,
o cheiro das algas de madrugada, a chuva quando cai devagar
alastrada a toda a praia.
Tudo isto acontece, as mãos perdem-se
ao longo do corpo, oh como gostamos de falar,
como gostamos tanto de falar.

João Miguel Fernandes JorgePoemas Escolhidos. Cadernos peninsulares/literatura 21., 1982., p. 19

«Retiro às mãos o sono.»

João Miguel Fernandes Jorge. Poemas Escolhidos. Cadernos peninsulares/literatura 21., 1982., p. 8

SOB SOBRE VOZ

1971

João Miguel Fernandes Jorge
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