Mostrar mensagens com a etiqueta Jean Racine. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Jean Racine. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 12 de abril de 2011

(...)

«Já vindo ao coração veneno assim bebido,
no coração lançou frio desconhecido;
Já só consigo ver por uma nuvem densa
céu e marido a quem ultraja esta presença;
vem a morte roubar-me aos olhos a clareza
e ao dia, onde eram mancha, outra vez dar pureza.»


Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 167

CENA V: TESEU, PÂNOPE

PÂNOPE

Ignoro o que a rainha a projectar medita,
Senhor. Mas temo bem a exaltação que a agita.
Desespero mortal se pinta em sua tez
e seu rosto já tem da morte a palidez.
Já da presença dela expulsa, e infamada,
Enone ao fundo do mar se atirou, desvairada.
Desígnio tão febril não sei como lhe veio
e a levam para sempre as ondas no seu seio.


Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 153

segunda-feira, 11 de abril de 2011

ARÍCIA

(...)

«Pois do seu coração não tendes consciência?
E tão mal distinguis o crime e a inocência?»



Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 151
«Minos julga no inferno os pálidos humanos.»


Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 137
«Que fogo mal extinto em meu peito desperta?
Que raio, ó Céu, que aviso em tão funesto brilho!»


Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 131

segunda-feira, 4 de abril de 2011

«Antes de um grande crime, alguns crimes há.»

...

Um dia só não faz de um mortal virtuoso
um pérfido assassino e um torpe incestuoso.


Hipólito



Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 121
(...)

«Tanto golpe imprevisto em mim desaba atroz
que sem palavras fico e se me abafa a voz.»

Hipólito



Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 121
(...)

«Não se devia até, nalguns sinais, enganos
ver logo, e o coração dos pérfidos humanos?»

Teseu



Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 117
(...)

«Não sei para onde vou, não sei mesmo onde estou.
Ó ternura! Ó bondade a ser paga em tormento!»


Teseu


Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 115

domingo, 3 de abril de 2011

HIPÓLITO

                                                          
                                                    Porém, demais já me adianto.
                Vejo a razão ceder da violência à lei.
                 Mas pois silêncio eu já rompendo comecei,
                Senhora, continuo: e vos devo informar
                de um segredo que assim não posso mais guardar.
                Um príncipe ante vós se mostra deplorável,
                de um temerário orgulho exemplo memorável.
                Eu que, contra o amor me revoltei altivo,
                e em ferros insultei quem dele era cativo;
               que naufrágios chorando em tão fracos mortais,
               pensei sempre de bordo olhar os temporais;
               sob essa comum lei sofrendo o jugo ao fim,
               que turvação me faz longe me ver de mim?
               Um momento venceu a minha audácia imprudente:
                esta alma tão soberba enfim é dependente.
               Mais de seis meses já, em pejo e em desgraça,
               dentro de mim levando um dardo que espedaça,
               contra vós, contra mim, me ponho à prova em vão:
               sois presente e vos fujo; ausente, e estais-me à mão:
               dos confins da floresta eis que a vossa figura
               me segue; e a luz do dia e até a noite escura,
               tudo a meus olhos traça encantos que evito,
              e tudo a mim rebelde a vós leva contrito.
              Eu mesmo, e é fruto só de tanto assim cuidar,
              eu me procuro já, sem nunca me encontrar.
              Arcos, dardos, corcel, tudo me é importuno.
              Já não lembro sequer lições que deu Neptuno.
              Ao som do meu gemer os bosques estremecem
              e meus pagens em ócio a minha voz esquecem.
              Talvez que a narração de amor tão desvairado
              vos traga algum rubor pelo que haveis causado.
              De um peito dado a vós, que duro tratamento!
              E que estranho cativo em tão belo tormento!
              A oferta a vosso olhar maior fora e tamanha.
              Pensai que vos falei nalguma língua estranha,
              sem rejeitar o voto expresso em pouco jeito,
              que Hipólito sem vós jamais teria feito.



Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 73/4
ARÍCIA

Bondades moderai, o excesso me embaraça.
Tão generoso sois, honrando-me a desgraça,
Senhor, que me ides pôr, e mais do que pensais,
sob as austeras leis de que me libertais.




Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 69
«Uma esperança adoça esta mortal tristeza.»


Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 69

sábado, 2 de abril de 2011

ARÍCIA

(...)

Tudo o ferro ceifou e húmido chão pranteia




Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 65
ISMÉNIA

De tal frieza sei o que se diz bastante;
mas vi perto de vós Hipólito arrogante;
E mesmo, ao vê-lo, o seu renome de vaidade
por ele redobrou-me a curiosidade.
Em nada a fama assim ele correspondia;
pois mal o olháveis vós, logo se confundia.
Os seus olhos que em vão tentavam evitar-vos,
já cheios de langor, não podem, não, deixar-vos.
Nome de amante pode ofender-lhe a coragem,
mas disso ele olhos tem, se não tem a linguagem.




Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 65
seu choro não terá mais mãos a que enxugar-se;



Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 59
ENONE

Gela-me o sangue, ó Céus!, nas veias já não passa.



Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 51
ENONE

O quê? De que remorso estais despedaçada?
Que crime produziu em vós dor tão premente?
Tereis sujado as mãos nalgum sangue inocente?


FEDRA

Ah, Céus!, as minhas mãos livres de crime são.
Pudesse assim eu ter sem culpa o coração!



Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 45
«(...)

Recobrai sem tardar vosso perdido alento,
tanto que em vossa vida a chama não é finda
e em vez de se apagar pode acender-se ainda.»



Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 45

quarta-feira, 30 de março de 2011

FEDRA

Que insensatez! Que disse eu? Onde estou?
Meus votos, minha mente, o que é que os transtornou?
Perdi-a: os Deuses já não deixam que funcione.
E o meu rosto a corar desta vergonha, Enone:
demais te deixo ver a minha dor enquanto
meus olhos, sem querer, assim se enchem de pranto.



Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 41
Nossos gritos já mal ressoam no arvoredo.
Sob um secreto fogo o vosso olhar é quedo.
Não há que duvidar: vós ardeis, vós amais;


Jean Racine. Fedra. Trad. Vasco Graça Moura. Bertrand Editora, Chiado, 2005, p. 35
Powered By Blogger