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sábado, 31 de dezembro de 2016
sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
«Hoje nós já vemos, através das fendas e das rachaduras da torre
de Babel, um mundo todo gelado, cuja visão faz estremecer mesmo o
coração mais corajoso. Em breve, o tempo do progresso nos parecerá enigmático
como os segredos de uma dinastia egípcia. Mas, naquela época, o
mundo comemorou cada um dos seus triunfos, que emprestavam ao vencedor,
por um instante, a centelha da eternidade. Com punhos demasiado
violentos, mais ameaçadores que Hanibal, aqueles exércitos, cuja imagem
se perde no tempo, haviam batido nos portões das grandes cidades e
dos estreitos fortificados do mundo.»
Ernst Jünger. A mobilização total (Ensaio). Tradução e notas de Vicente Sampaio. Natureza Humana 4(1): 189-216, jan.-jun. 2002
«Ao mesmo
tempo cresce o valor das massas. A medida de assentimento, a medida de
publicidade, torna-se o fator decisivo da política. Em particular o socialismo
e o materialismo são as duas grandes moendas entre as quais o
progresso tritura o resto do velho mundo e, por fim, a si mesmo. Por mais
de um século, a “direita” e a “esquerda”, como que em um jogo de bola,
lançaram de lá para cá as massas deslumbradas pela ilusão de óptica do
direito ao voto. Sempre pareceu que uma das partes acreditava poder
responder de maneira diferente às reivindicações da outra parte. Mas hoje,
em todos os países, revela-se, de modo sempre mais evidente, o fato de
que a identidade deles e mesmo o sonho de liberdade desvanecem como
que espremidos entre as garras de aço de um alicate. É um espetáculo
grandioso e terrível ver os movimentos das massas, que se configuram de
maneira cada vez mais uniforme e sobre as quais o espírito do mundo
lança a sua rede de arrasto. »
Ernst Jünger. A mobilização total (Ensaio). Tradução e notas de Vicente Sampaio. Natureza Humana 4(1): 189-216, jan.-jun. 2002
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
domingo, 30 de março de 2014
“Tive sempre o sentimento de não estar conforme com a ordem estabelecida – Quer seja politicamente definida pela monarquia, pelas repúblicas ou pela ditadura, quer sirva economicamente de pasto ao “homo faber” e aos seus satélites, quer esteja teologicamente desmitizada pelas raposas da inteligência. Por isso precisei de nadar contra uma corrente cada vez mais forte (…) em plena “terra de ninguém” (…) muitas vezes com a pergunta de Molière, sete vezes repetida: “Que diabo estou eu a fazer nesta galera?” De ano para ano tenho suportado, também, o sofrimento que Hölderlin atribui a Hyperionte: o sentimento de ser estrangeiro na própria pátria.”
Ernst Jünger
domingo, 15 de dezembro de 2013
A felicidade só nos toca fugazmente.
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 119
«Deve-se distinguir entre as imagens externas e internas, que nós tomamos por ilusões, podendo, no entanto, assumir por fim uma forma convincente. Nos desertos, a transição era conseguida através de flagelações. Em mim ela era involuntária, e tinha perdido desde há muito o apetite. Que vivemos num deserto para cuja extensão de monotonia a técnica contribui de forma crescente, é a minha convicção de há longa data. Convém referir que a imaginação é estimulada pela monotonia.
À noite, depois de escrever no escritório da «Terrestra», ou melhor, ainda em casa, fechava os olhos e a imagem da folha com os seus carecteres aparecia ao meu olhar interior. Isso correspondia à experiência comum, a escrita não era mais legível, tinha antes um efeito ornamental.
Contudo a mim surgiam-me frases legíveis e mesmo aquelas que não estavam de acordo com o meu texto - comunicações como se fossem ditadas pela escrita automática. Na sua maioria eram desagradáveis «Tens as mãos sujas» ou «Os cães chamam-te» e também «Pensa em Liegnitz» e «Não conheceste Bertha bem». Frequentemente não sabia se as ouvia ou se as lia.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 118
Adão
«Adão é um ser humano perfeito - nem homem, nem mulher, mas andrógeno como os anjos - a mulher saiu dele como a imagem de um sonho. O nosso desejo é apenas a percepção da perda, uma sombra desse primeiro grande desejo que criou.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 116
«Na alteração inquietante do nosso mundo, praticamente todos deviam conhecer este estado de espírito em que se começa a duvidar da razão. Talvez o todo não passe de um sono cheio de espectros.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 111
O meu sofrimento
«O meu sofrimento tinha origens corporais ou então, pelo menos, tinha a ver com o corpo. Não conseguia dormir, embora em casa e no escritório passasse o tempo a sonhar. Quando sentia dores de cabeça não conseguia comer e, por isso, bebia ainda mais. Era como se tivesse saído de mim próprio e, apenas à noite, quando me via ao espelho com a vela na mão esquerda, completamente bêbado, é que reconhecia a minha identidade. Nessa altura parecia-me que me tornara forte demais para mim mesmo.
Agora só muito raramente é que estava com Bertha. Receava que ela ouvisse os meus monólogos. Ela queria que eu procurasse um médico, mais precisamente um psiquiatra. Este considerar-me-ia uma presa e enviar-me-ia de um colega para outro, até acabar num asilo de loucos. Para isso não precisava de ajuda.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 106/107
O meu niilismo contribuía para a minha indisposição.
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 106
«Para os letrados, os livros constituem o vestuário pelo qual eles se avaliam. Hume, Maquiavel, Flávio Josefo, Ranke, em longas filas de castanho dourado - existe um estado de espírito em que os livros irradiam imediatamente substância.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 83
sábado, 7 de dezembro de 2013
Reflectia
Reflectia: « E, no entanto, algo ficou. Descobre-se ao arranhar o verniz: uma tristeza como em Novembro, quando as folhas caem, a terra, por seu lado, começa já a germinar. Acredite em mim, sente-se aqui uma perda, uma necessidade adormecida que tudo move.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 80
«Sou favorável a uma tirania, mas é evidente que não o posso dizer em voz alta.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 68
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
«Depois de ter posto os livros de parte, cheguei à conclusão: és um niilista erótico. Qual o seu significado? Para dizer as coisas de uma forma mais simplificada, a mulher que mais aprecio é aquela cuja presença não me incomoda, aquela que não está presente. O que, como já referi, é um caso totalmente comum e era praticamente isso em mim que perturbava Bertha.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 68
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