«Ao mesmo
tempo cresce o valor das massas. A medida de assentimento, a medida de
publicidade, torna-se o fator decisivo da política. Em particular o socialismo
e o materialismo são as duas grandes moendas entre as quais o
progresso tritura o resto do velho mundo e, por fim, a si mesmo. Por mais
de um século, a “direita” e a “esquerda”, como que em um jogo de bola,
lançaram de lá para cá as massas deslumbradas pela ilusão de óptica do
direito ao voto. Sempre pareceu que uma das partes acreditava poder
responder de maneira diferente às reivindicações da outra parte. Mas hoje,
em todos os países, revela-se, de modo sempre mais evidente, o fato de
que a identidade deles e mesmo o sonho de liberdade desvanecem como
que espremidos entre as garras de aço de um alicate. É um espetáculo
grandioso e terrível ver os movimentos das massas, que se configuram de
maneira cada vez mais uniforme e sobre as quais o espírito do mundo
lança a sua rede de arrasto. »
Ernst Jünger. A mobilização total (Ensaio). Tradução e notas de Vicente Sampaio. Natureza Humana 4(1): 189-216, jan.-jun. 2002
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