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quinta-feira, 3 de setembro de 2015
A PROA DUMA GALERA
«Corpo de ferrugem; o iodo das algas
traçou-lhe os gestos
e as ondas, e os ventos, a oscilação
das vestes.
Tem no lugar das asas arrancadas
duas feridas gangrenadas,
e o sonho empasta-lhe
os cabelos verdes,
pelas costas abaixo.
Chagas azuis corroem o côncavo
das órbitas
donde há muito os olhos vítreos
se poluiram através dos mares.
Na boca cheia de sal, leva
uma concha
e com ela espalha
a maresia venenosa.
A o largo de Vila do Conde
Arthur Lambert da Fonseca. ITINERÁRIO DOS TEMPOS. Livraria Athena, Porto, p. 49
Etiquetas:
Arthur Lambert da Fonseca,
poema,
poesia
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