domingo, 28 de abril de 2013


Quem sabe onde as estrelas estão
na ordem da magnificiência do Criador
e onde a paz começa
e se na tragédia da Terra
a guelra rasgada e sangrenta do peixe
está destinada
a completar o seu vermelho-rubi
a constelação Martírio,
a escrever a primeira
letra da língua sem palavras -



Por certo possui o amor olhar
que repassa ossadas como um relâmpago
e acompanha os mortos
para além do alento -



mas onde os rendidos
depõem a sua riqueza,
é desconhecido.



As framboesas traem-se no mais negro bosque
pelo seu perfume,
mas a carga-de-alma deposta dos mortos
não se trai a nenhuma busca -
e bem pode alada
entre cimento ou átomos tremer



ou sempre ali
onde ficou esquecido
um lugar pra o pulsar de um coração.

 
Nelly Sachs. Poesias. Tradução de Paulo Quintela. Editora Opera Mundi, Rio de Janeiro, 1975,. p. 122/3
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