domingo, 3 de julho de 2011

O CANÁRIO MORRE

(...)


     «Ouve; esta noite, os meninos, tu e eu levaremos o pássaro morto para o jardim. A lua está agora cheia, e sob a sua cálida prata, o pobre cantor, na mão de Branca, parecerá a pétala murcha de um lírio amarelento. E enterramo-lo na terra do roseiral grande.
       Na Primavera, Platero, veremos o pássaro sair do coração de uma rosa branca. O ar fragante ficará canoro, e haverá pelo sol de Abril um errar encantado de asas invisíveis e um regato secreto de trinos claros de ouro puro.»


Juan Ramón Jiménez. Platero E Eu. Tradução de Luís Lima Barreto. Edições Cotovia, Lisboa, 2007, p.114

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