sexta-feira, 1 de abril de 2011

''Porque eu não existo, Sire.''

   «Agilulfo deu alguns passos para se juntar a um dos grupos, depois, sem qualquer motivo, passou a outro, mas sem tentar misturar-se, e ninguém lhe prestou atenção. Parou, um pouco indeciso, atrás de uns ou de outros, sem participar nos seus diálogos; por fim, afastou-se. Caía o crepúsculo. No elmo, a pluma irisada parecia de uma única e indistinta cor; mas a armadura branca destacava-se, nítida, ali no prado. Agilulfo, como se de súbito se sentisse nu, cruzou os braços e contraiu os ombros. Depois recompôs-se e, em largos passos, dirigiu-se para as cavalariças.»


 
Italo Calvino. O Cavaleiro Inexistente. Tradução de Fernanda Ribeiro. Editorial Teorema, Lisboa, 1998. p. 11

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