«O ensaio de Eduardo Lourenço apresenta-se, assim, como uma espécie de escrita contra a escrita, naquele duplo sentido da expressão «ir contra» que está também presente em Wittgenstein quando se propõe «investir contra os muros (os limites) da linguagem», assumindo o risco de sair dessas investidas com alguns inchaços na testa. Alimentando-se mais de paixões do que de regras, ele desenvolve-se, em última análise, em espirais de pensamento e de escrita que lhe permitem, quer dar a ver o não visto, quer sugerir o não-dito através do entre-dito e do interdito. Gravando em cada linha o seu desenho de lapidares cintilações do (im)preciso, a sua palavra pode ser como a da poesia: bloco errático, solitário, de onde salta o silêncio das ideias ou a acutilância da visão clarividente.»
João Barrento. As pedras brancas de Eduardo Lourenço, p.5
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